Em carta a Temer, governadores do Nordeste protestam contra 'ameaça' de Marun por apoio à reforma da Previdência.
Os Governadores do Nordeste
enviaram nesta quarta-feira (27) uma carta ao presidente da República, Michel
Temer, com críticas ao ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo), que
admitiu que a liberação de financiamentos junto a bancos públicos será
condicionada à ajuda dos governadores para aprovar a reforma da Previdência
(leia a íntegra da carta ao final desta reportagem).
Procurada, a assessoria de
imprensa do Palácio do Planalto disse não ter informação sobre o recebimento da
carta. A reportagem não conseguiu contato com Marun.
No documento, os
governadores afirmam que, caso a "ameaça se confirme", não hesitarão
em promover a responsabilidade "política e jurídica" dos agentes
públicos envolvidos. Segundo apurou o G1, apenas os governadores de Sergipe e
Rio Grande do Norte não assinaram a carta.
Eles também pedem que Temer
"reoriente" seus ministros “a fim de coibir práticas
inconstitucionais e criminosas”. Na carta, dizem que “atos arbitrários para
extrair alinhamentos políticos” são possíveis apenas em “ditaduras cruéis”.
Marun
Responsável pela articulação
política do Planalto, Marun admitiu nesta terça que o Palácio do Planalto
pressiona os governadores a trabalharem a favor da aprovação das mudanças nas
regras de aposentadoria.
Em entrevista coletiva na
terça-feira, Marun disse que o governo espera “reciprocidade” em relação à
reforma dos governadores que têm recursos a serem liberados.
“O governo espera que
aqueles governadores que têm recursos a serem liberados, financiamentos a serem
liberados, o governo espera desses governadores, como de resto de todos os
agentes públicos, uma reciprocidade no que tange a questão da Previdência”,
afirmou na ocasião.
Ele negou, porém, que a
negociação seja “chantagem”, mas “ações de governo” e, por isso, podem ser
incluídos na discussão sobre a proposta.
Carta
Leia a íntegra da carta
divulgada pelos governadores do Nordeste:
Os
governadores do Nordeste vêm manifestar profunda estranheza com declarações
atribuídas ao Sr. Carlos Marun, ministro de articulação política. Segundo ele,
a prática de atos jurídicos por parte da União seria condicionada a posições
políticas dos governadores.
Protestamos
publicamente contra essa declaração e contra essa possibilidade, e não
hesitaremos em promover a responsabilidade política e jurídica dos agentes
públicos envolvidos, caso a ameaça se confirme.
Vivemos
em uma Federação, cláusula pétrea da Constituição, não se admitindo atos
arbitrários para extrair alinhamentos políticos, algo possível somente na vigência
de ditaduras cruéis. Esperamos que o presidente Michel Temer reoriente os seus
auxiliares, a fim de coibir práticas inconstitucionais e criminosas.
Governadores do Nordeste
G1
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