Maior barragem do RN entra em volume morto; estado começa 2018 com níveis de reservatórios mais baixos da história.
Com 11,74% de sua
capacidade, barragem Armando Ribeiro Gonçalves tem o nível mais baixo de água
desde sua construção, em 1983, e entrou no chamado volume morto
|
A crise hídrica que afeta o
Rio Grande do Norte – a pior da história – está cada vez mais grave. Nesta
quarta (3), o maior reservatório potiguar, a barragem Armando Ribeiro
Gonçalves, que comporta até 2,4 bilhões de metros cúbicos de água, chegou a
11,74% de sua capacidade e entrou no chamado volume morto – nome que se dá à
reserva de água mais profunda das represas, que fica abaixo dos canos de
captação que normalmente são usados para retirar água.
Segundo o Instituto de
Gestão das Águas do Estado (Igarn), estava sendo liberada uma vazão de 5 metros
cúbicos por segundo. Hoje, a barragem só consegue liberar 4,36 metros cúbicos.
Se assim continuar, a previsão é que só haverá abastecimento pelos próximos 30
ou 45 dias. Quarenta municípios dependem diretamente das águas da Armando
Ribeiro.
Diretor-presidente do Igarn,
Josivan Cardoso explica que, apesar da situação, o governo estadual está
fazendo o possível para manter as reservas ainda existentes e o abastecimento
das cidades. “Ações de monitoramento, controle e fiscalização implantadas pelo
Igarn proporcionam ainda manter os sistemas em operação, mesmo que dentro de
racionamentos e rodízios".
Contudo, Josivan ressalta
que é importante que a população faça o consumo sustentável da água, "tanto
para garantir a continuidade do abastecimento das cidades que ainda não estão
em colapso, quanto para ajudar na recarga dos reservatórios quando as chuvas
tiverem início".
Seca histórica
O primeiro relatório de 2018
também revela que nunca os níveis de armazenamento dos reservatórios potiguares
estiveram tão baixos. A disponibilidade hídrica total do Rio Grande do Norte é
de 4.411.787.259 metros cúbicos. Em 2011, devido ao bom período chuvoso, o
índice chegou a 89,52% de sua capacidade. Agora, está em 11,24%.
Dos 47 açudes ou barragens
monitorados pelo órgão, que são os que possuem capacidade superior a 5 milhões
de metros cúbicos de água, 16 estão totalmente secos (34,04%) e outros 19 em volume
morto (40,42%).
Dos 167 municípios
potiguares, 153 estão em calamidade por causa da seca. Isso significa 92% do
estado. Deste total, 14 cidades estão em colapso no abastecimento, ou seja, sem
água nas torneiras.
Em outras 84, a Companhia de
Águas e Esgotos do RN (Caern) criou sistemas de rodízio para garantir o mínimo
de fornecimento. E os prejuízos, segundo o governo, já passam dos R$ 4 bilhões
por causa da redução do rebanho e do plantio.
Armando Ribeiro
Maior reservatório do Rio
Grande do Norte e o segundo do Nordeste, a barragem Armando Ribeiro Gonçalves
tem suas comportas localizadas na cidade de Itajá, no Vale do Açu, e capacidade
para 2,4 bilhões de metros cúbicos de água. Estava com 286,3 milhões de metros
cúbicos no relatório do dia 28 de dezembro do ano passado, o que representava
11,93% do volume máximo. Agora, de acordo com a medição feita nesta quarta (3),
o nível baixou para 281,8 milhões, ou seja, 11,74% da capacidade.
A coloração esverdeada das
águas que saem da barragem já começa a chamar a atenção; porém, o Igarn disse
que a população pode ficar tranquila, já que a vazão que sai da barragem ainda
vai passar por tratamento antes de chegar às torneiras. No entanto, ainda não se
pode afirmar até quando será possível garantir a qualidade dessa água.
Esta é a primeira vez, desde
que foi inaugurada, em 1983, que a Armando Ribeiro entra em volume morto.
Santa Cruz
A segunda maior barragem
potiguar é a de Santa Cruz. Fica em Apodi, na região Oeste do estado. Ela tem
capacidade total de 600 milhões de metros cúbicos, mas atualmente possui pouco
mais de 87 milhões de acordo com monitoramento feito no 1º dia de 2018. O
nível, que representa 14,57%, se manteve com a nova leitura feita nesta quarta.
Umari
Também na região Oeste fica
a cidade de Upanema. Lá está a Barragem de Umari, a terceira maior do estado. A
capacidade total é de 292,8 milhões de metros cúbicos, mas o volume atual é de
41,2 milhões de metros cúbicos, o que representa um volume de 14,1% de acordo
com a medição feita no dia 2 deste mês.
Esperança
As previsões para 2018 são
um alento, mas não garantias. Segundo a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio
Grande do Norte (Emparn), o estado deve ter chuvas acima da média ano que vem,
mas nada suficiente para encher os grandes reservatórios. Caso contrário, o
sofrimento das marias e de quase toda a população do estado não tem como
diminuir.
G1
Nenhum comentário