Pulando de partidos desde 1988, Bolsonaro fecha com PSL.
Deputado Federal Jair Bolsonaro (PP) |
Segundo colocado em todas as
pesquisas eleitorais para a Presidência da República, com cerca de 20% das
intenções de votos, e com uma militância aguerrida, o deputado federal Jair
Bolsonaro (PP) — oficialmente ligado ao PSC — fechou parceria com o Partido
Social Liberal (PSL) para concretizar o projeto de comandar o Palácio do
Planalto a partir de 2019. O compromisso era com o Patriotas (PEN), mas,
alegando falta de espaço na sigla, abriu brecha para contato com o PSL e
anunciou o acordo ontem. O documento oficial será assinado durante a janela
partidária, de 7 de março a 7 de abril.
Desde o início do ano
passado, quando já anunciava que seria candidato à Presidência da República,
Bolsonaro foi escanteado pelo PSC, partido que o abrigou em março de 2016,
quando ele deixou o PP. Representantes da sigla afirmam que o deputado não
representa a ideologia da legenda e lideranças não estavam dispostas a bancar o
projeto presidencial. Desde então, ele vinha procurando um lugar que o
abraçasse por inteiro — ser o personagem principal da legenda é uma das exigências
de que não abre mão.
Depois de conversar com
muitas siglas consideradas nanicas, entre elas o PSDC, de José Maria Eymael, e
a que nem chegou a ser formada, Muda Brasil, assinou um compromisso de filiação
com o Patriotas (PEN), em 23 de novembro do ano passado. O deputado alega que
quem descumpriu o acordo foi o Patriotas. “Eles prometeram um jantar em um
restaurante refinado e o levaram a um pé-sujo”, afirma um assessor. Um dos
principais conflitos foi por causa do comando do diretório estadual de São
Paulo. O deputado exige pessoas da sua confiança em unidades da Federação
estratégicas como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Distrito Federal e
Rio Grande do Sul. “Se for pra ser mais do mesmo, a gente não tem interesse”,
acrescenta.
Já o presidente nacional do
PEN, Adilson Barroso, conta que tinha entregado, praticamente, todo o partido
ao grupo de Bolsonaro: a presidência, 23 diretórios estaduais, cinco vagas na
executiva nacional. “Nada disso bastava. Eles queriam o partido inteiro.”
Barroso explica que perdeu 11 deputados estaduais por causa dos conflitos e
estava prestes a ficar ainda menor. E, por isso, os advogados de Bolsonaro
reclamaram que a legenda estava enfraquecida e poderia não alcançar o
coeficiente eleitoral nas urnas.
“Coloquei a mão na
consciência e percebi o que estava fazendo. Eles estavam destruindo o nosso
partido. Então, retomei tudo e disse, ‘agora você tem comigo 100% da
candidatura’, que é o que prometi. Se eles querem um partido, que fundem um ou
tomem de outro”, reclama o presidente do Patriotas. Ainda assim, Barroso afirma
que deixará a vaga para disputar a Presidência aberta a Bolsonaro: “Ele vai dar
umas voltas por aí, vai se arrepender e vai voltar. E eu, como filho pródigo,
vou perdoar e aceitá-lo de volta”, projeta Adilson Barroso.
Crise
O namoro com o PSL foi muito
celebrado pelo presidente da legenda, Luciano Bivar, que não teria demonstrado
nenhum empecilho às exigências do político. Em carta divulgada à imprensa, no
início da noite de ontem, Bivar ressaltou a parceria. “É com muito orgulho que
o PSL recebe o deputado Jair Bolsonaro e sua pré-candidatura à Presidência da
República. Outrossim, é com muita honra que o deputado se sente abrigado pela
legenda, e muito à vontade em um partido onde existe total comunhão de pensamentos”,
destaca trecho do documento.
Entretanto, a reação foi
imediata. Ligado ao movimento Livres desde dezembro de 2015, o partido perdeu
parte dos aliados. Liderado por um dos filhos de Luciano, Sérgio Bivar, o
movimento estava no comando de 12 diretórios estaduais e trabalhava focado em
três diretrizes, liberdade, participação e transparência. “A chegada do
deputado Jair Bolsonaro, negociada à revelia dos nossos acordos, é inteiramente
incompatível com o projeto do Livres de construir no Brasil uma força
partidária moderna, transparente e limpa”, destaca trecho da nota de repúdio
divulgada pelo movimento, que tem entre os integrantes a economista e ex-tucana
Elena Landau, que foi diretora do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES) na época do governo Fernando Henrique Cardoso.
Migração partidária
Desde que ingressou na vida
política, em 1988, o deputado federal Jair Bolsonaro já integrou sete partidos.
Confira o histórico:
» 1988 a 1993: PDC
» 1993 a 1995: PPR
» 1995 a 2003: PPB
» 2003 a 2005: PTB
» 2005: PFL
» 2005 a 2016: PP
» 2016 à atualidade: PSC
» 2017: firmou compromisso
com o Patriotas (PEN)
» 2018: PSL
PBAgora
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