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Verba da merenda bancava feira dos prefeitos, apontam investigações da PF.


Delegado André Costa da PF

Ração para o cachorro tinha que ser da marca “Pedigree”. Já o uísque tinha que ser "Scotch" 12 anos. Mas para a merenda das crianças das escolas públicas, bastavam bolachas e suco em pó. Essa é a conclusão das investigações da Polícia Federal (PF) sobre o desvio de pelo menos R$ 8 milhões dos recursos destinados à alimentação dos alunos da rede municipal de ensino.

Embora não revele os nomes dos prefeitos supostamente envolvidos, a PF prendeu nesta quarta, gestores das prefeituras de Belo Monte, Craíbas, Estrela de Alagoas, Feira Grande, Lagoa da Canoa, Limoeiro de Anadia e Traipu. Desses, foram presas ou tiveram mandados de prisão as primeiras-damas de Belo Monte, Lagoa da Canoa, Limoeiro de Anadia e Traipu.

Segundo as investigações da PF, os prefeitos de alguns municípios do interior utilizavam os recursos destinados pelo governo federal, por meio do Programa Nacional da Alimentação Escolar (PNAE), para fazer a feira de casa. Na maioria dos casos, eram as esposas que faziam as compras – por isso o grande número de prisões de primeiras-damas nesta quarta-feira (30).

“A gente pode afirmar isso, já que as primeiras-damas moram com os prefeitos. Temos várias notas promissórias, com bilhetes assinados por pessoas ligadas às prefeituras, pedindo a liberação de produtos aos fornecedores. Em alguns até indicando a marca do produto, como uísque 12 anos, ração para cachorro da melhor marca”, afirmou o delegado André Costa, que responde pelas investigações da operação Mascotch.

Segundo o delegado, ao contrário do “desleixo” com os alunos da rede pública, “para as compras pessoais havia essa preocupação de comprar produtos de qualidade”. Em Traipu, segundo a PF, o desvio dos recursos chegou a 50% do total destinado ao município.

O delegado informou que as investigações começaram com as empresas vencedoras das licitações em municípios considerados “chave” pela PF. “A gente constatou que aquilo que estava nas notas não chegava aos depósitos da prefeitura. “Depois, com base em depoimentos, e pela análise da documentação apreendida, nós podemos indicar a participação de pessoas da prefeitura nos esquemas”, informou Costa.

A PF ainda constatou que, enquanto os estoques pessoais estavam cheios, faltava comida para os alunos. “Nas fiscalizações, pudemos constatar que, em vários pontos, faltava merenda ou a que tinha não era aquela especificada nas notas fiscais. Tinha municípios que nem tinham onde guardar congelados, como carnes e frangos”, destacou o delegado, citando que, em muitos casos, alunos relataram que comiam apenas bolacha e tomavam suco em pó.

Do Tudo Na Hora

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