MILAGRE? Vou dizer que amo muito meus filhos, diz ferido por vergalhão no Rio.
Após receber alta nesta
quinta-feira (30), o operário Eduardo Leite, de 24 anos, que teve o crânio
perfurado por um vergalhão, disse que seu maior desejo é ver os filhos,
conforme mostrou o RJTV.
Ele estava internado no Hospital Miguel Couto,
na Gávea, na Zona Sul do Rio, desde o dia 15 de agosto, quando um vergalhão,
que estava sendo içado na obra em que trabalhava, despencou de uma altura de 15
metros e perfurou sua cabeça. Eduardo milagrosamente sobreviveu.
"Estou tranquilo, calmo e bem graças a
Deus. Minha maior vontade é ver meus filhos e poder dar um abraço neles. Vou
dizer que amo muito eles. Às vezes a gente sai para trabalhar e não tem tempo
de dizer: 'filho te amo e esposa, eu te amo'. Quero olhar para eles e poder
dizer isso", contou emocionado Eduardo, que não vê os filhos - de 4 e 1
ano, desde o dia do acidente.
'Procurei me manter tranquilo', relatou o operário.
Eduardo contou ainda que mesmo após o acidente,
ele se manteve tranquilo. "Infelizmente eu fui amarrar o ferro e não me
dei conta que o ferro afrouxou e caiu. Mas procurei me manter tranquilo e
passar tranquilidade para os colegas que estavam do meu lado também",
disse o operário.
Antes da alta de Eduardo, sua
mãe, a dona de casa Maria Leite, de 56 anos, já comemorava a recuperação do
filho na porta do hospital. "É uma alegria, uma felicidade muito grande. Sempre
acreditei que ele iria se salvar. Deus é grande. O Senhor salvou meu filho.
Agora, quando ele sair desse hospital, ele vai para casa descansar. Estou muito
feliz."
De acordo com os médicos, o
operário teve muita sorte de sobreviver sem sequelas. Se o vergalhão tivesse
entrado um centímetro para trás, o pedreiro teria perdido os movimentos do lado
esquerdo do corpo. “É como se o anjo da guarda dele tivesse de plantão naquele
momento. Então, foi milimetricamente projetado para não passar por nenhuma área
vital ou de função bem definida”, explicou o chefe do Setor de Neurocirurgia do
Miguel Couto, Ruy Monteiro.
Irregularidades
O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia
do Rio (Crea-RJ) ouviu a profissional responsável pela obra do prédio em
Botafogo, na Zona Sul, de onde o vergalhão caiu e atingiu a cabeça do operário.
Segundo o Crea, havia irregularidades e a construtora foi notificada.
Para o conselho, o acidente não pode ser
classificado só como uma fatalidade. A engenheira responsável pela obra na Rua
Muniz Barreto não teve a identidade revelada e foi ouvida por quase uma hora
pela comissão de análise e prevenção de acidentes do Crea.
A primeira irregularidade
apontada foi o desempenho de duas funções incompatíveis. Além de responder pela
obra, a engenheira também era responsável pela segurança, o que é proibido. Por
isso, a construtora foi notificada e tem 10 dias para contratar um funcionário
só para cuidar da segurança da obra.
"Ou ela fica responsável
pela obra, ou ela fica responsável pela segurança. Então, isso já ficou
decidido, ela já está comunicada disso e saiu hoje nos afirmando que essa
medida está sendo implementada pela empresa”, disse Agostinho Guerreiro,
presidente do Crea-RJ.
A engenheira disse que não estava na obra no
momento do acidente e que havia uma empresa terceirizada encarregada da
segurança. O Crea informou que, mesmo que a empresa terceirizada seja apontada
como responsável pela segurança, a construtora não fica isenta de culpa.
Clickpicui com G1 RJ
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