PERIGO A VISTA/Esquema de pirâmide: uma hora o número de participantes se esgota.
A Telexfree, investigada por
desenvolver um complexo esquema de pirâmide, pode conquistar em pouco tempo
mais de 1,048 milhão de seguidores. O número expressivo pode ter por trás uma
séria ameaça a quem aderiu ao sistema. Significa que vai chegar uma hora que
não haverá gente suficiente para manter a pirâmide funcionando.
A empresa afirma não pautar o
negócio em modelos de corrente. Porém, se for comprovada a evolução da pirâmide,
a bolha formada pode estourar quando os participantes começarem a ter
dificuldade para recrutar novos integrantes.
Para atrair novos associados e
lucrar, divulgadores da empresa prometem retornos exorbitantes, em um curto
espaço de tempo e sem risco algum. Esses prestadores de serviço afirmam que é
tudo real. Porém, há muitos temerosos, que não acreditam na proposta. O motivo
é a necessidade de pagar um valor para entrar.
No Brasil, esse tipo de esquema é
considerado fraudulento, por isso a Telexfree terá que explicar a Polícia Civil
e também ao Ministério Público do Espírito Santo (MPES) como funciona o milagre
da multiplicação, nesse caso do dinheiro. A corporação está na mira também de
Estados, como Acre, Mato Grosso e Pernambuco.
Matemática
Caso seja comprovado que a
Telexfree é pirâmide, a empresa, que prevê um recrutamento baseado num modelo
de marketing multinível binário, estaria migrando do 20º para 21º nível da
pirâmide. Hoje, a empresa já tem 682 mil pessoas.
A matemática é assim: um integrante
chama mais duas pessoas. Esses dois novos divulgadores podem recrutar mais dois
e assim por diante. Se cada integrante do empreendimento mantiver esse padrão
em pouco tempo será necessário mais que a população brasileira para manter o
esquema.
Um dos sócios da empresa, Carlos
Costa, nega que a Telexfree é baseada em modelo de pirâmide e afirma que o
contrato com os divulgadores é anual e que 90% dos atuais seguidores já
renovaram o convênio.
Ele diz que se os associados
parem de recrutar novos divulgadores, a empresa terá condições de sobreviver
apenas com a venda de serviço de telefonia via internet, chamada VoIP (voz
sobre IP). “Não vamos precisar da população mundial inteira para sustentar a
ideia. E dou graças a Deus que a Polícia está investigando. É hora de separar o
joio do trigo. Existem pirâmides mesmo, mas não somos. Elas só atrapalham nosso
mercado de marketing multinível.”
Grupo comprou hotel no Rio
Um hotel que em 2014 custará
cerca de R$ 70 milhões, na Tijuca, no Rio de Janeiro, foi comprado pela empresa
de marketing multinível, Telexfree.
A corporação que afirma ter um
ano de funcionamento já conseguiu acumular patrimônio o suficiente para fazer
esse grande investimento. Apesar de os negócios na internet serem recentes,
dados da Receita Federal apontam que a empresa foi registrada em março de 2010.
Segundo um dos sócios da
corporação, Carlos Costa, a aquisição do hotel foi feita com o lucro que a
Telexfree obteve nos últimos meses. O empreendimento hoteleiro está em
construção pela construtora capixaba Incortel e será administrado pela Best
Western.
Ele explica que a Telexfree já
pagou 35% do valor do hotel e que ao fim das obras do empreendimento vai
comercializar cotas para associados da empresa.
“O dinheiro usado nada tem a ver
com os recursos dos divulgadores. Estamos aplicando o dinheiro da empresa. A
compra do hotel é apenas um investimento. E é importante dizer que hoje os
prestadores de serviços não são sócios do hotel e não terão participação
nenhuma nos retornos financeiros. Porém, vamos vender as cotas assim que tudo
estiver aprovado apenas para os nossos divulgadores”, diz.
Costa não afirma quanto que
realmente vai pagar pelo hotel também não deixa claro o faturamento da empresa
e se o lucro realmente comporta tal investimento.
Estimativas com base no Imposto
de Renda retido na fonte, de R$ 12 milhões, apontam que, em janeiro, por
exemplo, a Telexfree pode ter faturado entre R$ 80 milhões a R$ 120 milhões.
Hoje, só o IR equivale de 1% a 2% da receita de uma empresa. Se a empresa
mantiver o mesmo resultado por todos os meses, em dezembro a receita anual pode
ultrapassar R$ 1 bilhão.
Cotas
A previsão é de que as obras do
imóvel sejam concluídas até abril de 2014 para que o empreendimento possa ter
bons retornos com a grande demanda do período, em razão da Copa e das
Olimpíadas no Brasil.
Num dos sites onde a empresa
divulga o empreendimento, a promessa é de que a compra de uma das cotas possa
trazer rendimento de 0,7% ao mês.
As apresentações sobre o hotel
mostram ainda que ele terá sete andares e 105 apartamentos. “Vamos dividir em
2,1 mil cotas para dar oportunidade a pessoas fazerem uma aplicação boa com o
dinheiro delas”, comentou Carlos Costa, um dos sócios da Telexfree.
A dona da Incortel, Cecília Zon,
destaca que o hotel que será chamado Best Western Tijuca, é apenas um dos
empreendimentos no setor de hospedagem e turismo da Incortel.
“A transação foi totalmente
normal como qualquer outra no mercado”.
Na página do Ministério do
Turismo, uma apresentação sobre investimentos no segmento hoteleiro afirma que
a Incortel até 2017 fará 30 hotéis em diversas cidades, inclusive em Linhares.
Em nota, a Best Western afirma
não ter parceria com a Telexfree, mas
apenas uma relação contratual específica de cessão de marca e que antes de assumir
qualquer empreendimento faz uma vistoria detalhada do negócio. Caso seja comprovada
qualquer irregularidade com a empresa que adquire a marca de um hotel, a mesma
poderá perder o direito de uso da marca, conforme previsão contratual.
Fonte: A Gazeta
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