Paraíba registra mais de 1,3 mil mortes por câncer de pulmão; ações alertam sobre a doença.
Dados
da Secretaria de Estado da Saúde (SES) apontam que nos últimos cinco anos foram
registrados 1.381 óbitos por câncer de pulmão e o uso do cigarro responde por
90% das causas desses óbitos. Outra
patologia que também tem como fator de risco o uso do tabaco são as doenças
cardiovasculares que já mataram 38.027 pessoas na Paraíba nos últimos cinco
anos.
Para
alertar sobre o problema as Secretarias de Estado da Saúde e da Educação e
outros órgãos parceiros estão realizando várias atividades em alusão ao Dia
Nacional de Combate ao Fumo. Na última
sexta-feira (23) aconteceu uma palestra no Colégio Lyceu Paraibano com a
participação de diretores das escolas e coordenadores do Programa de Saúde na
Escola (PSE). A palestra foi proferida pelo pneumologista Sebastião Costa.
De
acordo com a chefe do Núcleo de Doenças e Agravos Não Transmissíveis da SES,
Gerlane Carvalho de Oliveira, o objetivo dessa palestra foi sensibilizar os
educadores a trabalharem a temática do tabagismo em sala de aula. “Temos que
fazer a prevenção na adolescência, pois é nesta faixa etária que se inicia o
uso do cigarro”, justificou Gerlane Carvalho. De acordo com ela, a ideia é
mostrar para os jovens os benefícios de uma vida saudável que eles podem ter
sem o uso do cigarro.
Ainda
como parte da programação, no dia 29, Dia Nacional de Combate ao Fumo,
acontecerá uma grande mobilização no Parque Solon de Lucena. Durante a manhã, a
partir das 8h, a Secretaria de Estado da Saúde pretende reunir cerca de 3 mil
estudantes de oito escolas pública da rede estadual para um grande abraço na
Lagoa. As escolas que vão participar desta ação são: Lyceu Paraibano, Instituto
de Educação da Paraíba (IEP), Argentina Pereira Gomes, Olivina Olívia, Úrsula
Lianza, professor Luiz Gonzaga Burity, Maria Geni de Sousa e Nicodemos Neves.
De
acordo com Gerlane Carvalho, nesse dia acontecerão dois pontos de concentração:
um na descida do Lyceu Paraibano e outro no estacionamento interno da Lagoa com
a distribuição de material educativo com a população. “O nosso objetivo, além
de trabalhar a prevenção junto aos jovens, é fazer com que eles se transformem
em agentes multiplicadores e sejam mais um parceiro na luta contra o
tabagismo”, destacou.
As
ações em alusão ao Dia Nacional de Combate ao Fumo serão realizadas em parceria
com a Secretaria de Educação do Estado, Agência Estadual de Vigilância
Sanitária (Agevisa), Planos de Saúde, Associação Médica da Paraíba e Sociedade
de Pneumologia (seccional Paraíba).
Dados
- O tabagismo é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a principal
causa de morte evitável em todo o mundo. A OMS estima que um terço da população
mundial adulta, isto é, 1 bilhão e 200 milhões de pessoas, sejam fumantes. De
acordo com estimativas do Instituto Nacional do Câncer, a Paraíba possui hoje
511.480 fumantes e, destes, 99.720 estão em João Pessoa. Segundo a Pesquisa
Nacional de Saúde do Escolar (Pense 2012), estudo do Ministério da Saúde (MS)
em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e
apoio do Ministério da Educação, o percentual de adolescentes que
experimentaram cigarro caiu em 8% nas capitais, entre 2009 e 2012. O estudo é
uma das ações do Programa Saúde na Escola (PSE).
De
acordo com Gerlane Carvalho, uma série de medidas do MS tem reduzido a
atratividade do cigarro, sobretudo entre os jovens. Entre elas estão a
limitação da publicidade do tabaco, proibição de patrocínio de eventos
culturais pela indústria, a inserção de imagens de advertência sobre as
consequências do tabagismo nos maços e a comercialização de cigarros com sabor.
O
uso do cigarro ainda pode potencializar a ocorrência de câncer em outros órgãos
do corpo, caso o usuário já tenha alguma predisposição. Os hospitais de
referência no Estado no combate aos tipos de câncer relacionados ao uso do
tabaco – pulmão, esôfago e laringe – são o Napoleão Laureano, Oncoclínica e
Hospital Universitário Lauro Wanderley, em João Pessoa, e Hospital da Fundação
Assistencial da Paraíba (Fap) e Hospital Universitário Alcides Carneiro (HUAC),
ambos em Campina Grande.
Tratamento
– Em toda a Paraíba, existem hoje implantados 37 Centros de Referência para
Tratamento dos Fumantes, onde eles podem buscar apoio, de maneira gratuita,
para se livrar do vício provocado pela nicotina. O serviço é oferecido em
Unidades de Saúde da Família, em Centros de Atenção Psicossocial (Caps),
Centros de Atenção Integral à Saúde (Cais), Núcleos de Apoio à Saúde da Família
(Nasf) e Centros de Saúde. Em alguns casos, os pacientes abandonam o cigarro
com menos de um mês de acompanhamento.
O
tratamento nesses centros acontece por meio de programa desenvolvido pelo
Ministério da Saúde, que repassa medicamentos ao Estado. Este, por sua vez, é
responsável pela qualificação das equipes, monitoramento dos trabalhos
realizados nos centros e pelo encaminhamento do material enviado pelo
Ministério. Os municípios entram com a administração das unidades de saúde, que
vão receber os pacientes.
De
acordo com Gerlane Carvalho, ao procurar um dos centros o paciente é recebido
por uma equipe multiprofissional, com médicos, psicólogos, enfermeiros, entre
outros. “Eles passam, inicialmente, por uma avaliação clínica e começam a
integrar um grupo com, geralmente, 15 fumantes, que também querem se livrar do
vício”, explicou.
Com
o grupo, o paciente enfrenta quatro sessões – comumente, uma por semana. Nelas,
os fumantes trocam informações e, sobretudo, recebem orientações de como
substituir a ansiedade de fumar. “Por meio de uma avaliação médica, é
verificado se o grau de dependência do paciente está tão avançado a ponto de
ser necessário tratamento medicamentoso. Cada caso é diferente. Existem
fumantes que, na terceira sessão, por exemplo, sem uso de medicação, conseguem
abandonar o vício”, contou Gerlane.
O
uso dos medicamentos acontece sob monitoramento da equipe do centro. As
recaídas são possíveis e, quando ocorrem, os dependentes voltam a ser
acompanhados. “Mas, independentemente do trabalho do centro, o paciente precisa
querer se livrar do vício para conseguir vencê-lo”, destacou. Em média, os
centros formam um grupo a cada trimestre, mas em cidades maiores, como João
Pessoa, esta frequência é bem maior.
Paulo
Cosme


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