Depois de emendas, PEC do voto aberto retorna à Comissão de Constituição e Justiça.
A
disputa em torno da amplitude do voto aberto nas decisões do Legislativo terá
um capítulo extra na próxima semana. Em reunião da Comissão de Constituição,
Justiça e Cidadania (CCJ) marcada para quarta-feira (9), o relator da matéria,
senador Sérgio Souza (PMDB-PR), apresentará seu parecer sobre emendas que
mantêm voto secreto para os casos de indicação de autoridades e de apreciação
de vetos presidenciais.
A
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 43/2013, que acaba com todo e qualquer
voto secreto no Congresso e demais casas legislativas, passou nesta quarta (2),
em Plenário, pela quinta e última sessão de discussão do primeiro turno de
votação. Estaria, portanto, apta ser apreciada. Ocorre que foram apresentadas
emendas à proposta, originária da Câmara dos Deputados, e a outras duas
propostas em tramitação conjunta. Desse modo, a matéria terá de retornar à CCJ.
As
PECs correlatas são a 20/2013, do senador Paulo Paim (PT-RS), e a 28/2013, do
senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE).
O
presidente do Senado, Renan Calheiros, chegou a pedir que Sérgio Souza
apresentasse, no Plenário mesmo, um parecer sobre as emendas. Por acordo de
líderes, no entanto, ficou decidido que as sugestões de mudanças serão
analisadas na comissão.
O
relator lembrou que o debate sobre o voto secreto ganhou força depois de a
Câmara dos Deputados preservar o mandato do deputado Natan Donadon (sem
partido-RO), preso por peculato e formação de quadrilha. Na CCJ, registrou-se
uma acalorada discussão sobre o alcance do voto aberto, prevalecendo a proposta
da abertura em todos os casos, como era a ideia original de Sérgio Souza, que
num determinado momento chegou a mudar seu relatório, ao propor o fim do voto
secreto apenas para a cassação de mandatos e transferir as demais situações
para uma 'PEC paralela'.
Nesta
quarta, o relator fez um apelo ao presidente da CCJ, senador Vital do Rêgo
(PMDB-PB), no sentido de que a proposta seja colocada em pauta o mais
rapidamente possível na comissão, de modo a retornar logo ao Plenário.
-
Estarei pronto para, já na próxima quarta-feira, oferecer meu parecer às
emendas – afirmou Sérgio Souza.
O
senador Romero Jucá (PMDB-RR), autor de uma das emendas de Plenário, reconheceu
que a matéria é urgente, mas apontou que o ambiente da CCJ vai permitir o
aprofundamento da discussão e colaborar para mais equilíbrio na decisão.
Clamor
das ruas
O
senador Mário Couto (PSDB-PA) relatou que têm sido cobrado por seus eleitores a
votar com transparência e chegou apresentar uma questão de ordem à Mesa requerendo permissão para sempre
declarar seu voto em todas as situações, sem risco de ferir o Regimento Interno
do Senado. Renan prometeu prometeu responder a questão em breve.
O
senador Eduardo Suplicy (PT-SP) voltou a defender o voto aberto amplo, mas
disse confiar em um acordo para a votação da matéria na CCJ. O senador Aloysio
Nunes Ferreira (PSDB-SP), autor de uma das emendas, pediu a Suplicy que
interceda para que a Câmara dos Deputados delibere sobre a PEC 86/2007, do
senador Alvaro Dias (PSDB-PR). A proposta prevê voto aberto no caso de cassação
de mandatos, mantendo o voto secreto em outras situações.
Segundo Aloysio
Nunes, o PT está obstruindo a votação na Câmara. Na mesma linha, Alvaro Dias
perguntou o que o PT teme com a obstrução na Câmara e classificou o atraso de
"manobra para proteger mensaleiros”.
-
A aprovação daquela proposta não impede a apreciação desta que está aqui no
Senado, que é até mais abrangente. Mas não há justificativa para ficar
protelando na Câmara – afirmou o parlamentar pelo PSDB.
Em
resposta, o senador Walter Pinheiro (PT-BA) lembrou que outras propostas, já
aprovadas no Senado, também estão paradas na Câmara. Ele disse que o Senado tem
a oportunidade de decidir sobre o voto aberto, sem depender da Câmara dos
Deputados. Pinheiro disse que a PEC 43 já foi debatida e votada na CCJ e
acrescentou que “a forma eficaz de resolver as divergências é no voto”.
-
O difícil é reclamar da Câmara quando aqui não querem votar. Eu não posso
cobrar dos outros quando não cumpro minha parte aqui no Senado – argumentou.
Para
o senador Wellington Dias (PT-PI), o voto aberto representa compromisso com o
cidadão. Já o senador José Pimentel (PT-CE) lembrou que até a decisão sobre a
abertura de processo contra o presidente da República, conforme previsto na
Constituição, é por voto aberto.
Vetos
Na
visão do senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC), é um equívoco achar que a
democracia será aprimorada com a eliminação do voto secreto na apreciação dos
vetos presidenciais. O senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) declarou que,
no caso de vetos, o voto secreto é uma forma de evitar represálias ou pressões
do Poder Executivo.
O
senador lembrou que, em 2011, apresentou um substitutivo a matérias que
tratavam de voto aberto, prevendo o voto secreto apenas no caso de veto
presidencial e escolha de procurador-geral da República e magistrados dos
tribunais superiores. Ele lamentou, porém, que sua proposta nunca tenha sido
votada no Plenário. Valadares é autor da PEC 28, que tramita em conjunto com a
PEC 43.
Agência
Senado
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