SAMU: Ambulâncias atuam sem enfermeiros.
Em 16 municípios da Paraíba as ambulâncias operadas por equipes do Serviço de
Atendimento Móvel de Urgência (Samu) funcionam sem a presença de enfermeiros na
equipe. Essa situação é uma das irregularidades identificadas durante as 453
fiscalizações realizadas pelo Conselho Regional de Enfermagem do Estado
(Coren-PB), de janeiro deste ano até a primeira semana de outubro.
A chefe de fiscalizações do Conselho, Graziela Cahú Pontes, revelou que os
técnicos e auxiliares de enfermagem que integram as equipes de atendimento
nesses municípios estavam atuando sem a presença de um enfermeiro para orientar
e coordenar o grupo. Segundo a representante do órgão, a inexistência de
enfermeiros no socorro a pacientes em casos graves pode aumentar o risco de
morte.
“Sem a orientação e supervisão de um enfermeiro, o técnico não é capacitado
para atender pacientes com risco de vida em situações de urgência que requerem
decisões rápidas. Nessas ambulâncias, o atendimento a pacientes nessa situação é
de competência do enfermeiro e os técnicos apenas assistem ao profissional”,
explicou Graziela Cahú.
Ainda nas mesmas equipes do Samu, os fiscais do Coren-PB identificaram também
falta de condições estruturais e de equipamentos que comprometem o trabalho dos
enfermeiros e demais profissionais da área durante os atendimentos. Foi o que
aconteceu este ano com a unidade de Santa Rita, na Região Metropolitana de João
Pessoa, cuja ambulância contava apenas com auxiliares de enfermagem. Constatada
a irregularidade, os profissionais dessa equipe foram interditados eticamente
pelo órgão fiscalizador e as ambulâncias estão paradas.
A falta de enfermeiros para acompanhar os pacientes também foi constatada
durante a manhã de ontem pela reportagem do JORNAL DA PARAÍBA. Uma ambulância da
prefeitura de Guarabira trouxe um paciente em estado grave para receber
atendimento no Hospital Napoleão Laureano, no bairro de Jaguaribe, na capital.
No entanto, segundo informações do motorista do veículo, além dele, apenas uma
técnica de enfermagem e um parente do paciente vieram com ele.
Segundo Graziela Pontes, a falta de enfermeiros integrados às equipes do Samu
e demais ambulâncias é uma prática comum nos municípios do interior do Estado.
Ela conta que o Coren-PB apurou três casos graves este ano, sendo um deles com
óbito por negligência do técnico que acompanhava o paciente.
“Muitas ambulâncias das prefeituras não têm alvará de funcionamento e
condições de fazer o transporte dos pacientes.
Tivemos dois casos este ano em que a porta da ambulância se abriu, o paciente
caiu e a falta dele só foi notada na chegada do hospital. O outro caso foi de
uma paciente que tinha problemas mentais. No momento do transporte para o
hospital, ela teve um surto, pulou na ambulância em movimento, caiu na pista e
morreu. Tudo isso aconteceu porque não tinha o acompanhamento devido por um
enfermeiro”, lamentou.
Cidades com Samu sem enfermeiros
Santa Rita
Pedras de Fogo
Alhandra
Caaporã
Cuité
Lagoa de
Dentro
Jacaraú
Soledade
Santana dos Garrotes
São José de
Piranhas
Nova Olinda
Belém do Brejo do
Cruz
Bananeiras
Alagoinha
Arara
Caturité
Katiana Ramos/Nathielle Ferreira - Jornal da Paraíba
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