ACIDENTE: Manobras derrubaram avião de Eduardo Campos
Piloto teria mudado direção
bruscamente em função de ‘ilusão’ gerada por mau tempo.
Brasília - Duas manobras bruscas e
imprevistas provocaram a queda da aeronave que transportava o presidenciável
Eduardo Campos. Essa é a principal suspeita das causas da tragédia de
quarta-feira, segundo especialistas que tiveram acesso às investigações sigilosas
que estão sendo feitas pela Força Aérea (FAB). A primeira dessas manobras teria
sido em função de algo avistado pelo piloto (o que pode ser até mesmo uma
ilusão provocada pelo mau tempo). Esse tipo de ‘visão’ é normal em tempo
altamente instável.
Outra manobra brusca, feita em
seguida para corrigir o impacto da colisão com um corpo estranho, fez o avião
perder altitude e cair. A suspeita coloca sobre o experiente comandante Marcos
Martins (com ele na cabine estava o também piloto Geraldo Cunha ) a
responsabilidade pelo acidente. Cunha reunia mais de três mil horas de voo, e
era bastante responsável. O Cessna 560XL que conduzia, também conhecido como
Citation XLS+, é dotado de um sistema anticolisão, que rastreia aeronaves
próximas.
O avião exibe informações sobre o
tráfego aéreo nas redondezas e evidencia qualquer ameaça de colisão. Foi graças
a esse sistema que se levantou a suspeita, logo descartada pela FAB, de que um
Veículo Aéreo Não Tripulado (Vant) teria sido o objeto identificado por Martins
que o levou à manobra final.
Com tempo muito ruim (chovia de
forma moderada e o teto de voo, que é a distância na vertical, de apenas 250
metros e a visibilidade, a chamada distância na horizontal, de três mil metros),
o piloto teria sido surpreendido por uma imagem estranha (possivelmente uma
imagem decorrente da repentina piora do tempo) e como já fizera antes e estava
com altura suficiente, desviou.
O inusitado teria sido o choque com
um objeto que, mesmo sendo inofensivo inicialmente (uma ave ou algum objeto que
tenha se desprendido), levou a mais um movimento, esse sim, para baixo. “É o
chamado ‘estol de asa’, uma perda de sustentação ligada ao ângulo do avião,
provavelmente com as asas na vertical já para desviar de prédios altos operando
quando a visibilidade já permitia ver as construções”, opina o especialista
ouvido pelo DIA . Ele não se surpreendeu com o fato de a caixa-preta não ter
registrado as conversas das últimas horas do voo. “Quando se transporta autoridades
o próprio contratante pede que não se grave o áudio interno”, explica.
PSB reclama de investigação e ameaça ir à
Justiça
O líder do PSB na Câmara, Beto
Albuquerque, ligou ontem para o ministro da Defesa, Celso Amorim, para por em
dúvida a investigação da Força Aérea Brasileira sobre as causas do acidente do
avião Cessna que caiu na quarta-feira em Santos com a comitiva do presidenciável
Eduardo Campos.
A revelação é do jornalista Josias
de Souza em seu blog no site UOL. Ele informa que o deputado, falando em nome
do partido, pediu explicações sobre a notícia, divulgada pelo Cenipa, órgão
encarregado das investigações, de que o áudio disponível na caixa-preta do
avião não é o do voo de Eduardo Campos.
“O ministro me disse que também ficou surpreso
com a informação”, contou Beto ao blog. “Eu informei que telefonaria para o
comandante da Aeronáutica, mas o ministro afirmou que ele mesmo ligaria, para
pedir maiores explicações. Nós, do PSB, estamos achando tudo muito esquisito”,
disse o deputado para Josias.
Beto Albuquerque conversou com o
jornalista pelo telefone enquanto almoçava em um restaurante de São Paulo com
parlamentares: Márcio França e Júlio Delgado, deputados como ele; além de
Lídice da Mata e Antonio Carlos Valadares, senadores. Mais tarde, falando ao
DIA , o deputado Júlio Delgado disse que o partido vai à Justiça com pedido de
liminar para acompanhar as investigações. “Estamos todos muito desconfiados”,
justificou Beto.
Piloto
escolheu bambuzal
Os pilotos do avião Cessna podem ter
tentado pousar em um bambuzal, para minimizar os efeitos da queda. No caminho,
escaparam de atingir uma igreja e um prédio residencial. A hipótese foi
apresentada pelo delegado Aldo Galeano, que conduz as investigações pela
Polícia Civil.
"A explosão a gente
praticamente acredita que foi em solo. O piloto procurou um bambuzal vizinho a
uma piscina. Jogou o avião no meio do bambuzal, talvez para amortecer e ter
alguma chance de sobrevivência", afirmou.
O delegado supôs o que pode ter
acontecido no trajeto do avião, que, na queda, não atingiu tantas casas.
"Na minha pouca experiência na Aeronáutica, classifico como ato
extremamente heroico. Tínhamos uma igreja, uma academia, várias casas e
prédios. Ele teve uma atitude extremamente heroica", acredita o delegado.
Marco Aurélio Reis
O DIA
Nenhum comentário