No Jornal Nacional, Aécio diz que vai realinhar tarifas de energia e gasolina em eventual governo.

Aécio voltou a dizer que vai tomar
as “medidas necessárias” para controlar a inflação. Confrontado sobre a
possibilidade de ajustar os preços, após evitar responder diretamente sobre o
assunto, o tucano foi enfático:
— No meu governo, vai haver
previsibilidade em relação a essas tarifas e em todas as medidas. Ninguém
espere no governo Aécio Neves um pacote A, PAC disso, PAC daquilo ou algum
plano mirabolante. Nós vamos tomar as medidas necessárias. É óbvio que nós
vamos ter que viver um processo de realinhamento desses preços. Obviamente,
quando você tiver os dados sobre a realidade do governo é que você vai
estabelecer isso. Eu não vou temer fazer aquilo que seja necessário, as medidas
necessárias para controlar a inflação, retomar o crescimento e principalmente,
Patrícia (Poeta) e (William) Bonner, a confiança perdida no Brasil — disse.
Aécio também foi questionado sobre
escândalos políticos que envolvem tanto o PT quanto o PSDB e sobre a diferença
na abordagem desses casos. No caso dos tucanos, a apresentadora lembrou do
mensalão de Minas Gerais e do cartel do metrô em São Paulo. O senador respondeu
que, havendo condenação, o envolvido não será tratado como herói, numa alusão à
defesa que petistas fazem dos condenados do mensalão, como o ex-ministro José Dirceu.
— O que posso garantir é que, no
caso do PSDB, se eventualmente alguém for condenado, não será como foi no PT,
tratado como herói nacional, porque isso deseduca. Portanto, todos os partidos
que estão aí têm possibilidade de ter nomes que estejam envolvidos em quaisquer
denúncias. Apuração e punição, é isso que esperam os brasileiros,
independentemente de partido — afirmou Aécio.
A apresentadora citou, então, o caso
do mensalão mineiro, cujo principal acusado de corrupção, o ex-governador
Eduardo Azeredo (MG), apoia Aécio. O tucano afirmou que não se deve prejulgar e
que é preciso esperar a defesa de Azeredo.
— Ele está me apoiando, você colocou
bem, Patrícia, não é o inverso. É um membro do partido e que tem oportunidade
de se defender na Justiça. Vamos aguardar que a Justiça possa julgá-lo e, se
condenado, ele vai ser punido. Mas eu não prejulgo, não prejulguei os petistas,
não vou prejulgar os tucanos. O que posso te dizer, e reitero aqui,
independentemente do partido político, eu acho que qualquer cidadão tem que
responder pelos seus atos. E o Eduardo vai responder pelos deles. Vamos deixar
que ele possa se defender.
Aécio também foi questionado sobre o
aeroporto na cidade de Cláudio (MG), construído nas terras onde a família do
senador tem fazenda. Ele afirmou que a obra foi feita com o objetivo de
interligar cidades importantes para o desenvolvimento regional e que sua gestão
no governo de Minas Gerais foi transparente:
— Nesse caso, especificamente, se
houve algum prejudicado, foi esse meu tio-avô (proprietário da área), porque o
estado avaliou aquela área em R$ 1 milhão e ele reivindica na Justiça R$ 9
milhões, e não recebeu R$ 1 até hoje. Foi feito de forma transparente e
republicana, e a população daquela localidade sabe a importância desse
aeródromo, uma pista asfaltada.
Ao ser perguntado se sentia
constrangido por ter usado o aeroporto para visitar sua fazenda, Aécio
respondeu que não. E disse que ignorava o fato de a pista não estar homologada
pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac):
— Não, não tenho (constrangimento),
até porque eu não sabia que essa pista não estava homologada — disse Aécio.
Bonner o interrompeu e argumentou
que não se tratava de uma questão de homologação, mas do uso pessoal do
aeroporto construído pelo estado de Minas Gerais.
— Eu visitei praticamente todos os
aeroportos de Minas Gerais, trabalhando, como governador do estado. E o fato
central é esse, que a Anac, porque é muito aparelhada hoje, nós sabemos a
origem das indicações da Anac, durante três anos não conseguiu fazer o processo
avançar e homologar o aeroporto.
Sobre uma eventual valorização das
terras de sua família por causa da construção do aeroporto, Aécio respondeu:
— Olha, essa fazenda a que você se
refere é uma fazenda que está na minha família há 150 anos, tem lá 14 cabeças
de gado, essa é a grande fazenda. É um sítio que, valorizado ou não, minha
família vai eventualmente nas férias. Ali ninguém está fazendo negócio. Essa
cidade precisava desse aeroporto, como todas as outras que tiveram investimento
em Minas Gerais. Eu nunca, na minha vida inteira, fiz nada que eu não pudesse
defender de cabeça erguida. Criou-se em torno desse caso uma celeuma, e você
próprio deve estar surpreso, um sítio que nossa parte deve ter 30 alqueires.
Algo absolutamente familiar, pequeno, nada a ver com esse aeroporto, até porque
nesse local já havia uma pista, eu poderia ter descido numa pista que estava lá
há 20 anos — respondeu Aécio.
Ao comentar a entrevista de Aécio no
“Jornal Nacional”, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), disse que o
tucano não respondeu a nenhuma pergunta de forma direta e que
"tergiversou" quando questionado sobre o aeroporto de Cláudio.
— Ele falou em questão econômica.
Mas o que justifica economicamente aquele aeroporto? Agricultura, pecuária? Ele
tentou fugir o tempo inteiro — avaliou.
Já o líder do PSB na Câmara, Beto
Albuquerque (RS), criticou a suposta falta de propostas do tucano e disse que
Aécio tem dificuldade em se colocar como alternativa.
Já o presidente do PSDB de Minas
Gerais, deputado Marcus Pestana, elogiou o desempenho de Aécio. Para Pestana,
Aécio está num ótimo momento político, e a entrevista foi uma importante forma
de falar a um público que ainda não o conhecia:
— A atitude e a tranquilidade com
que Aécio falou mostraram que o assunto (aeroporto) não é nenhum problema e que
fez parte de um projeto legítimo para o estado de Minas Gerais.
O Globo
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