“GARGALHEIRAS ESTÁ MORRENDO”: Açude só tem água para mais 60 dias.
O abastecimento d’água em Acari e
Currais Novos, cidades na região do Seridó potiguar, poderá ser completamente
interrompido pela Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern)
nos próximos dois meses, restando como alternativa à população de 56 mil
habitantes (Acari tem cerca de 11,3 mil habitantes; Currais Novos em torno de 44,7 mil) o abastecimento via
poços e carros-pipa. O açude Gargalheiras, principal reservatório que atende
aos dois centros urbanos, só tem água para mais 60 dias e, segundo a companhia
estatal, o reservatório Dourados, que também abastece Currais Novos, estará
completamente seco em 20 dias.
Na última segunda-feira (15), o
rodízio de abastecimento das cidades se tornou ainda mais precário. Currais
Novos foi dividida em sete setores e cada um deles só receberá água durante
oito horas a cada sete dias. Esse fornecimento só acontecerá durante a noite. A
cidade possui uma demanda de abastecimento de 360 metros cúbicos por hora;
Acari são 100 m³/hora. Já as comunidades de Acauã, Brejuí e Bulhões necessitam
de 60 m³/hora.
De acordo com o gestor do sistema de
abastecimento de água em Currais Novos, José Eudes de Medeiros, o início das
operações da adutora mista (de engate rápido e comum) seria a solução mais
eficaz para o abastecimento das cidades, bem como as comunidades rurais da
região. Ontem, o Diário Oficial da União publicou o edital para a licitação em
Regime Diferenciado de Contratação (RDC) da adutora de engate rápido que levará
água para Currais Novos e Acari.
Mas, observando-se todos os prazos
necessários para o certame, as obras e possíveis atrasos, a adutora mista só
deve entrar em operações a partir de dezembro de 2015. A estimativa é da
coordenadoria regional do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS).
“Desde 2012 estamos economizando
água, só por isso conseguimos continuar o abastecimento”, aponta Medeiros.
Segundo ele, para garantir o fornecimento de água para as cidades, é preciso
que a adutora de engate rápido entre logo em operação. “Estamos pensando que
esse sistema iniciado também vai precisar ser complementado por carros-pipa.
Também é preciso que a Semarh coordene a instalação de poços na região”,
acrescentou.
De acordo com a Caern, o açude
Dourados já está com o nível abaixo da “tomada d’água” – ou seja, abaixo de dez
metros do nível de sangradouro do açude. Já o Marechal Dutra, conhecido como
Gargalheiras, que abastece os municípios de Currais Novos e Acari, está a 60
dias de chegar ao seu volume morto. A companhia estuda a instalação de uma
bomba flutuante, capaz de captar água ainda que o reservatório esteja abaixo do
nível da tomada.
Hoje, o Gargalheiras está com 7% da
sua capacidade máxima - 44.421.480 m³, com volume atual de 3.225.142 m³. Para
colaborar no abastecimento está sendo utilizado o reservatório de Dourado, de
Currais Novos, já em volume morto – com 5,49% da capacidade.
Adutora engate rápido
Com custo de R$ 35 milhões –
recursos oriundos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), via
Ministério da Integração – a adutora de engate rápido levará água da barragem
Armando Ribeiro Gonçalves, atualmente com 40% da sua capacidade, até as cidades
de Currais Novos e Acari. Para o coordenador regional do Dnocs, José Eduardo
Alves Wanderley, a obra só deve ser iniciada em dezembro deste ano, com prazo
para operação em 12 meses.
O coordenador pondera à respeito do
prazo. “O edital, prevê um prazo de nove meses para o funcionamento da adutora,
porém, eu estipulo 12 meses pois contamos com possíveis imprevistos como atraso
de pagamento por parte do Governo Federal, assim como atraso para entrega dos
tubos”, explica José Eduardo.
O projeto da adutora é misto, uma
vez que a topografia das cidades impediu o uso completo do sistema de engate
rápido. “A adutora de engate rápido também é uma solução emergencial, ela não
resolve o problema da seca. A vida útil é de cinco a oito anos. O abastecimento
das cidades é de responsabilidade da Caern, é preciso que ela também pense em
alternativas”, apontou José Eduardo Alves.
A previsão do DNOCS sobre o fornecimento d’água a partir de captações na
barragem Armando Ribeiro Gonçalves, para consumo humano, só deve perdurar até
2017, por isso é preciso pensar alternativas. Segundo Alves, o DNOCS também
aguarda recursos do Ministério da Integração para a instalação de 12 poços na
área rural próxima a adutora mista, além da construção de nove mini adutoras e
perfuração de outros 30 poços nas áreas urbana e rural de Currais Novos e
Acari.
Tribuna do Norte
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