Prefeitura quer 3,5 mil casas para liberar megatemplo.
Um mês e meio após a festa de
inauguração, a Prefeitura quer exigir da Igreja Universal a construção de 3,5
mil moradias populares para regularizar o Templo de Salomão, erguido no Brás,
centro da cidade. O maior espaço religioso do País, com 100 mil m² de área
construída, teve as portas abertas com o respaldo de um alvará provisório
emitido pela gestão de Fernando Haddad (PT) em 19 de julho - 13 dias antes da
abertura.
A nova contrapartida foi sugerida
pela Secretaria de Licenciamento em documento já enviado ao Ministério Público
Estadual, que investiga a construção do templo desde fevereiro. No inquérito
instaurado pelo promotor de Justiça Maurício Antonio Ribeiro Lopes são apuradas
algumas supostas irregularidades, como o fato de a Igreja ter sido construída
com base em um alvará de reforma.
A exigência aventada pela
Prefeitura, no entanto, diz respeito a outra regra que teria sido burlada pela
Universal. O zoneamento onde está o templo foi definido pelo Plano Diretor de
2004 como Zona Especial de Interesse Social (Zeis). Por isso, a área deveria
ser reservada à construção de moradias populares, o que não ocorreu.
Com o templo erguido, os vereadores
regularizaram o espaço durante a votação do novo Plano Diretor. Em 30 de junho
deste ano, ficou definido que a área não mais seria classificada como Zeis, em
uma tentativa de anistiar a Universal. Os parlamentares da base aliada do
governo na época justificaram que não fazia mais sentido manter o zoneamento
porque a obra já estava pronta.
A decisão ainda atendeu à pressão de
um dos principais grupos do Legislativo Municipal: a bancada evangélica, hoje
com dez representantes. São vereadores eleitos com o apoio de fiéis da Igreja
Mundial, da Igreja da Graça, da Bola de Neve e da Assembleia de Deus, além da
própria Universal.
Durante a negociação, todos os
vereadores receberam convites para a inauguração, que ocorreu em 31 de julho
com a presença da presidente Dilma Rousseff (PT).
Contrapartida
Acionada pela Promotoria de
Habitação e Urbanismo, a Prefeitura agora quer assegurar que o Templo de
Salomão oferecerá as contrapartidas sociais que deveriam ter sido cobradas em
agosto de 2008, quando a igreja protocolou o pedido oficial de construção.
Pelas regras do Plano Diretor em
vigor durante toda a obra, a Igreja deveria construir conjuntos de habitação
social para ao menos 400 famílias, se quisesse obter autorização para atuar em
área de Zeis. A condição, no entanto, não foi cumprida e, mesmo sem erguer nem
sequer uma moradia, a obra do Templo de Salomão foi autorizada em 22 de outubro
de 2008. O Ministério Público Estadual investiga se houve irregularidade na
emissão das licenças e na construção.
MP
quer acordo
O promotor Maurício Ribeiro Lopes se
reuniu na segunda-feira com representantes da Igreja Universal, na tentativa de
assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). O objetivo é restabelecer
parte das contrapartidas não exigidas durante o processo de obra, além de
amenizar os impactos no trânsito local. Procurado, Lopes não quis revelar o
teor das propostas apresentadas à igreja. Já a Universal afirmou, por meio de
nota oficial, que só vai se manifestar sobre a proposta apresentada pelo
Ministério Público Estadual no momento oportuno.
As informações são do
Jornal O Estado de S. Paulo.
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