Acusações de doleiro e ex-diretor acendem sinal de alerta na campanha de Dilma.
BRASÍLIA — A divulgação dos
depoimentos à Justiça do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto
Costa e do doleiro Alberto Yousseff causaram preocupação na campanha à
reeleição da presidente Dilma Rousseff. Se, por um lado, os petistas estão
apreensivos com a possibilidade de serem divulgadas novas acusações, a
orientação é não ficar na defensiva.
O esquema de corrupção, disseram
Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, era chefiado pelo PT, que arrecadava a
maior parte das propinas. Segundo Youssef, o esquema vingou porque o presidente
Luíz Inácio Lula da Silva cedeu à pressão de políticos para emplacar o nome de
Costa, uma indicação do deputado José Janene (PP-PR), morto em 2010, entre os
diretores da estatal.
Dilma insistirá que, em seu governo,
escândalos de corrupção não são jogados para baixo do tapete, como teria sido
feito, segundo ela, no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). A campanha
petista espera a exploração do assunto pelo candidato do PSDB, Aécio Neves, e
pretende fazer o “enfrentamento político” revidando com o mensalão mineiro e o
escândalo do cartel do metrô de São Paulo.
NOTA DA PETROBRAS É CRITICADA
Na quinta-feira, a resposta às
acusações foi centralizada em notas divulgadas pelo presidente do PT, Rui
Falcão, e pelo tesoureiro do partido, João Vaccari Neto. Integrantes do governo
consideraram fria a nota divulgada pela Petrobras, colocando-se como “vítima”
do processo de investigação.
Integrantes da campanha de Dilma
reclamaram de “manipulação” no vazamento dos depoimentos. A preocupação é com o
desgaste da divulgação das acusações, mesmo sem provas, no período eleitoral.
O escândalo da Petrobras é o
calcanhar de aquiles da campanha de Dilma à reeleição. No primeiro turno, a
candidata do PSB, Marina Silva, agora fora da disputa, provocou a ira do
comando petista ao associar Dilma ao suposto esquema de desvio de dinheiro da empresa,
durante o horário eleitoral gratuito do PSB.
Além de pedir direito de resposta ao
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Rui Falcão afirmou, na ocasião, que Marina
excedeu “todos os limites de desfaçatez” ao responsabilizar Dilma pela compra
da refinaria de Pasadena, pela Petrobras, que também está sendo investigada
pela Polícia Federal e pelo Ministério Público.
Dilma tem tentado dividir o desgaste
do escândalo de corrupção na Petrobras com a oposição, lembrando que Paulo
Roberto Costa foi diretor da Gaspetro, subsidiária da Petrobras, no governo
Fernando Henrique Cardoso.
LULA DIZ QUE ESTÁ DE SACO CHEIO DE
DENÚNCIAS
Na quinta-feira, o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva já havia discursado em ato de campanha usando o mesmo
tom. O ex-presidente disse que está de "saco cheio" com as denúncias
feitas em período eleitoral. Segundo ele, “para acusar petistas, não é preciso
ter provas”. Lula também centrou seu discurso em ataques ao ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso, colocando o tucano como protagonista do debate de
segundo turno.
O Globo
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