Professor: vocação e amor à profissão.
“Tem que ter vocação. Tem que amar a profissão. É a primeira coisa, pois os desafios são grandes e a responsabilidade ainda maior”. A declaração é do professor de Matemática Antônio Firmino, que leciona a disciplina há 26 anos. Hoje, é comemorado o dia daqueles que exercem uma das profissões mais importes para o futuro de uma sociedade, que são os professores.
A perspectiva de uma vida na sala de aula, ensinando, que vai desde os primeiros traços e rabiscos dos alunos iniciantes até o recebimento de um diploma, nasce quando ainda se está no lado oposto. Na condição de aluno. Para o professor Firmino, a escolha pela profissão deve estar intimamente ligada ao gosto pela atividade.
Mesmo sendo um amante da licenciatura, o professor reconhece que essa é uma das profissões menos procuradas por aqueles que se submetem ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). “Converso bastante com meus alunos e aqueles que pretendem fazer licenciatura, são os que realmente tem verdadeira paixão pela profissão. Em uma sala com 50 alunos, por exemplo, apenas dois deles, no máximo, pretendem seguir a carreira de docente”, ponderou Firmino.
A observação da professora de História Fátima Lima é a mesma. “Amo o que faço, mas fico desapontada quando vejo que meus alunos não querem a sala de aula como profissão. E pelo que podemos observar, o senso comum elege as profissões da vez como as mais promissoras, como é o caso das engenharias, que atraem o interesse dos alunos. Parece que a sociedade esquece que antes de qualquer outra profissão, por mais imponente que seja, vem sempre o professor”, ressaltou.
Para o professor Firmino e para a professora Fátima, assim como tantos outros da rede pública de ensino no Estado, a desvalorização do profissional torna a licenciatura como uma profissão não atraente. “Em nosso país, a educação está desequilibrada. O ideal seria concluir a faculdade em licenciatura plena e ter um trabalho digno, com uma isonomia salarial, onde todos ganhassem bem”, opinou Firmino.
“Por vivermos em um país capitalista, onde o principal fim é o dinheiro, o alunado sabe que precisa terminar os estudos e depois se submeter a um concurso público, no qual tem necessidade de passar, para poder ter um salário melhor. Isso acaba não sendo satisfatório e ele perde o interesse pelos estudos, ainda mais quando nos referimos à docência”, completou a professora Fátima.
Um quesito relevante ao exercício da profissão ainda foi levantado por alguns professores: a violência nas escolas. Conforme diversas situações veiculadas na imprensa, é sabido que os dados de agressões, xingamentos, tentativas de homicídio e a consumação do mesmo, entre outros crimes, são alarmantes e atordoam os professores. Porém, temendo represálias, nenhum dos entrevistados quis detalhar o assunto.
Segundo a assessoria de comunicação da Secretaria de Estado de Educação (SEE), a Gratificação de Estímulo à Docência (GED) e a Gratificação de Estímulo à Atividade Pedagógica (GEAP) foram incorporadas ao salário do professor, além de o governo do Estado ter aprovado para este ano um reajuste salarial de 13,57%, acima 5% do reajuste determinado pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) para o Piso Nacional que foi de 8.32%.
O Estado paga o salário base ao professor de R$ 1.273,03, mais uma bolsa desempenho que varia de R$ 265,00 a R$ 610,00, dependendo da qualificação profissional, num total de R$ 1.538,03 (salário base), para uma carga horária de 30 horas semanais, que é a praticada no Estado. O piso salarial nacional é de R$ 1.697,00 para 40 horas semanais.
REIVINDICAÇÕES
Segundo o diretor administrativo do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação do Estado da Paraíba (Sintep-PB), Antônio Arruda das Neves, a categoria tem várias demandas para serem apresentadas ao Estado, logo após o período eleitoral, para o ano de 2015, como a questão salarial. “O salário é algo militante de nossa categoria. Nossa proposta se junta com a da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) para que o piso se enquadre com as demais categorias pelo nível de qualificação. O Estado só paga o piso proporcional e nós queremos o integral. Está havendo uma deturpação na interpretação da lei, que estabelece o pagamento do piso integral para a carga horária de até 40 horas semanais. Se a nossa na Paraíba é 30h, estamos enquadrados na lei e exigimos nosso direito”, declarou.
REMUNERAÇÃO NA REDE PRIVADA
“A maior reclamação dos professores e que leva muitos a abandonar a profissão é a baixa remuneração pelo trabalho”, afirmou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino Privado da Paraíba (Sinteenp), Avenzoar Arruda, ao reforçar que o principal problema dos professores da rede pública se repete na privada.
Segundo ele, além dessa remuneração baixa, e até em consequência disso, os professores são obrigados a trabalhar em mais de um estabelecimento de ensino e exercem uma carga horária semanal muito alta, aumentando significativamente os casos de doenças cardiovasculares e neurológicas. A remuneração dos professores da rede privada de ensino na Paraíba é variável conforme o grau de ensino e a carga horária, podendo chegar a R$ 1.269,28, no caso dos professores do 3º ano do ensino médio, com a carga horária máxima de 36 horas/aulas semanais. Apenas a educação infantil tem a carga horária fixa, de 20 horas/aula semanais, totalizando um piso de R$ 745.
De acordo com o presidente do sindicato, a falta de tempo para pós-graduação torna os professores mais vulneráveis ao desemprego e às baixas remunerações, por isso o Sinteenp tem lutado para estabelecer Convenção Coletiva de Trabalho e Acordos Coletivos de Trabalho que elevem a remuneração e limitem a jornada de trabalho sem redução do salário do professor. O líder sindical disse que o sindicato tem contabilizado aproximadamente 6 mil professores na rede privada em todo o Estado.
O presidente do Sindicato das Escolas Particulares da Paraíba, Odésio Medeiros, explicou que a categoria dos professores não sofre perdas salariais anuais, pois é estabelecido em Convenção Coletiva um reajuste salarial sempre acima da média de inflação. Na última assembleia ficou estabelecido um reajuste de 7,6% no piso. Ele ressalta ainda que o sindicato sempre visa a favorecer os professores e atender às necessidades da categoria.
“Sempre estabelecemos, por meio da Convenção Coletiva, reajustes que superam a inflação, visando assim a atender às solicitações dos professores. Nosso pensamento é o mesmo dos professores, seguimos rigorosamente a CLT, que determina que os professores podem dar até seis aulas consecutivas, mais quatro horas por dia corridas ou seis intercaladas. Respeitamos o que definimos nas assembleias e procuramos dentro das nossas limitações atender à demanda da categoria”, assegurou.
(Colaborou Secy Braz)
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