Segundo mandato de Dilma será bem mais duro, diz Economist.
Em uma matéria publicada nesta
segunda-feira, a revista britânica The Economist afirma que o segundo mandato
da presidente Dilma Roussef será dificultado com o desafio de reunir um país
dividido entre Sul e Norte e com questões sérias relacionadas à economia,
escândalos de corrupção e um provável acirramento na disputa com a oposição.
No rumo à reeleição – um desfecho
quase certo dado o histórico recente da América do Sul - a campanha eleitoral
raivosa criou um problema extra para Dilma. Apesar do tom conciliatório no
discurso pós-vitória, a revista lembra que as feridas causadas pela
agressividade petista durante os últimos meses são quase impossíveis de serem
sanadas a curto prazo.
Dois exemplos foram citados pela
matéria: a ausência de um convite ao candidato derrotado, Aécio Neves, para
retomar o debate político em tons menos inflamados e as acusações de Lula nas
quais o ex-presidente chegou a comparar o PSDB aos nazistas pela sua suposta
falta de atenção aos menos favorecidos. Segundo a matéria, depois da
agressividade mútua, os líderes oposicionistas tendem a radicalizar ainda mais
em vez de se disponibilizarem para um consenso, uma vez que ficaram com a
percepção de que a derrota poderia ter sido evitada se a oposição nos últimos
anos tivesse sido mais aguda.
Mesmo sem os rancores pós-campanha,
a Economist reitera que o segundo mandato de Dilma será muito mais difícil
porque o governo viu sua maioria em Câmara e Senado diminuídos e que o
Legislativo ficou ainda mais fragmentado, com 28 partidos tendo cadeiras ao
contrário dos 22 da eleição passada. Com essa configuração, Dilma teria a menor
bancada governista pós-ditadura.
Na economia, a publicação observa
que resta pouca alternativa à Dilma além de adotar muitos dos pontos defendidos
por Aécio - e criticados por ela – para impedir que os ganhos na inclusão
social fiquem em risco. Menor intervenção do governo no mercado, uma política
fiscal mais adequada e um aumento da independência do Banco Central estão na
lista de medidas fundamentais, segundo a publicação, além das reformas que há
tempos estão na lista de tarefas do governo.
A combinação de crescimento baixo e
inflação insistente, aliados a uma situação fiscal insustentável deixam um
cenário onde pouco pode ser feito sem que o governo precise tomar medidas
duras. E sem esse tipo de austeridade, argumenta a Economist, o Brasil pode
acentuar as dúvidas do mercado e dos investidores internacionais e ter seus
títulos “rebaixados” no que se refere à confiabilidade.
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