Descobrindo as riquezas minerais de Picuí do Seridó.
Hoje
vou falar sobre uma pequena cidade encrustada na microrregião do Seridó
Oriental paraibano.
Picuí
ou, simplesmente, Picuí do Seridó, como eles gostam de chamar, fica a 246 Km da
capital paraibana e faz divisa com Carnaúba dos Dantas, que já é Rio Grande do
Norte. Possui clima semiárido com
temperaturas de 26º e com duas estações bem definidas: verão e inverno. Cidade
pequena que ainda preserva alguns casarios do século passado e com um povo
muito hospitaleiro.
Pois
bem, acabei conhecendo Picuí por meio de Fabiana Agra, advogada, jornalista e
escritora que mora em Picuí.
Sempre
ouvia falar de Picuí por causa da “Festa da Carne de Sol” que acontece por lá e
já faz parte da tradição da cidade; mas, apesar de saber da tradição desta
festa e de tantos outros potenciais turísticos da cidade, minha principal motivação era outra. Queria conhecer as tão faladas
minas de água marinha, berilo azul, berilo verde, quartzo rosa, feldespato e
tantos outros minérios que são típicos dessa região. Portanto, hoje, só vou
falar sobre o potencial do turismo de visitação das minas, ok?!
Fabiana
me apresentou o presidente da Trilhas da Caatinga, Edson Calado que é a pessoa
que iniciou o trabalho de descoberta dessas minas para visitação, sítios
arqueológicos, mirantes e várias trilhas fantásticas que existem na região.
Assim,
começamos nossa visita por uma pedreira de quartzo rosa. Fiquei impressionada
com o tamanho da montanha que, de tão grande, quase sumi perto dela. E os
“rejeitos”? Não acreditei quando Edson me contou que são sobras que não servem
para a empresa que explora a pedreira. Como assim, não servem?! Para mim
pareciam tão lindos! Cada pedra de quartzo rosa enorme, cada uma com um formato
diferente. Fiquei tão maravilhada que parecia que eu tinha encontrado um grande
tesouro!
Depois,
seguimos para conhecer uma mina desativada de água-marinha. No caminho, pudemos
observar o verde da vegetação do semiárido contrastando com o azul do céu. Ao
longo do caminho, ainda tive o prazer de ser apresentada a um pé de juá, cujo
fruto é utilizado para fazer pasta de dentes e sabonetes e que uma pessoa
urbana jamais terá a oportunidade de ver, a não ser já industrializado.
Logo
que chegamos, conhecemos o Sr. Zé Preto, um minerador muito alegre e falante e
que, logo de cara, tirou uma pedra de água marinha bruta que carregava consigo
e me presenteou. Fiquei encantada com o gesto dele e com a cor da pedra…Golpe
baixo…Logo azul…A minha cor predileta! Pensei comigo, será que esse Zé Preto lê
pensamentos?!
Andando
pelo “quintal” da mina, enquanto Edson e Vidal preparavam a nossa descida, fui logo encontrando pelo chão vários
rejeitos de berilo azul encrustados em rochas.
Como
a mina estava desativada, o elevador que leva até às galerias não estava
funcionando. O jeito foi descermos por uma corda e depois utilizamos uma escada
que já estava numa das galerias. Conseguimos descer 70 metros em duas galerias.
De início, o clima que estava bastante quente na superfície foi mudando e
ficando bem mais úmido e mais ameno. Assim que descemos a segunda galeria e
fomos adentrando a mina, dei de cara com um veio de berilo azul, cuja beleza é
indescritível, a olho nu! Impressionante a beleza dessa mina!
Vidal,
que além de vereador da cidade também é comerciante de pedras preciosas e
semipreciosas, acompanhou-nos e deu-nos uma verdadeira aula de geologia.
Também contou-me um segredo de
garimpeiro: como eles sabem se a mina vai ser de berilo azul ou de verde; mas,
infelizmente, não posso revelar pra vocês, pois jurei de “pés juntos” nunca
contá-lo.
Também
conhecemos a cooperativa de Picuí, o lapidário e o professor, técnico em
mineração, Antônio de Pádua que desenvolve um belíssimo trabalho no IFPB de
Picuí nessa área de mineração, trabalho
esse reconhecido até no exterior.
Depois
de conhecer Picuí e suas minas, posso afirmar o que eu já sabia quando decidi
conhecer a cidade; a vocação de Picuí, sem sombra de dúvida, é o minério. A Festa
da Carne de Sol pode ter a tradição, pois já acontece há muitos anos; mas,
literalmente, a grande riqueza da cidade e região é o minério.
O
turismo para visitação das minas deve ser estruturado e incentivado. Mas é
claro que, para isso, o município deve se preparar e utilizar todos os
equipamentos de segurança que a atividade exige, observando sempre as normas da
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.
Quem
nunca visitou uma mina in loco, recomendo que vá a Picuí. Garanto que vocês não
se arrependerão!
Por Alessandra Lontra - Foto: Alessandra
Lontra
ClickPicui
com Blog Setor Mineral em Foco
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