'Minha vida mudou', diz homem que perdeu mãos após ataque na Bahia.
Em
15 de setembro de 2014, a vida do pedreiro Josimar Ferreira de Souza, morador
da cidade de Pilão Arcado, no norte da Bahia, mudou drasticamente, depois que
ele teve as duas mãos decepadas, ao ser atacado por um fazendeiro que o
confundiu com um ladrão. Quase seis meses após o ataque, Josimar aos poucos
retoma algumas das atividades que desenvolvia, enquanto tenta se adaptar às
limitações impostas por sua condição.
"Minha
vida mudou completamente. Da alimentação até o uso do banheiro", afirma.
"Imagine você depender dos outros para tudo: banho, alimentação, ir ao
banheiro, se vestir", acrescenta Josimar que, por causa do ataque, não tem
mais condições de atuar como pedreiro.
Enquanto
se acostuma com a nova vida, o homem de 32 anos conseguiu voltar a realizar uma
atividade trivial para muitos, mas que para ele envolveu muita vontade de
superação. Após adaptar o volante de sua caminhonete e aumentar a altura do
câmbio, Josimar voltou a dirigir.
"Tive
algumas dificuldades, principalmente na hora de passar as marchas, mas com o
tempo a gente vai pegando. Por enquanto faço somente pequenas viagens",
afirma.
Ele
conta que no momento está desempregado, e que a esposa é quem está sustentando
a casa, onde mora com o filho de 3 anos e os outras três crianças que a mulher
teve em um casamento anterior. "Ela faz salgados e vende aqui em casa
mesmo", explica Josimar, que espera poder voltar a trabalhar.
"Eu
penso em fazer alguma coisa mas, para isso, preciso de duas próteses, para
aumentar as minhas possibilidades, além de ganhar mais qualidade de vida",
diz.
Mesmo
tendo sido vítima de um crime desta gravidade, Josimar admite que não tem muito
o que falar sobre o ataque. "Não lembro de quase nada. Eu me lembro do
momento que saí de casa até chegar ao local. Depois que começou o ataque, não
me lembro de nada" diz.
À
medida que vai ganhando confiança e se adaptando à sua condição, Josimar vai
fazendo planos. "Quero encontrar um rumo na vida. Nasci e me criei na
luta, trabalhando, e hoje não consigo fazer nada. Quero trabalhar, fazer alguma
coisa", destaca.
De
acordo com o delegado titular da delegacia de Pilão Arcado, Arnóbio Dionísio
Soares, o fazendeiro suspeito de atacar Josimar segue em prisão preventiva e
deve ter julgamento marcado ainda para este mês de março.
Caso
Josimar
teve as duas mãos decepadas após ser acusado de roubo por um criador de bode,
na cidade de Pilão Arcado, localizada a cerca de 800 km de Salvador. Ele foi
levado para o hospital e recebeu alta quatro dias depois.
O
pedreiro negou o roubo e afirmou que estava no local procurando restos de fezes
de animais, para usar como fertilizante na produção de verduras.
À
época do crime, o delegado disse que o suspeito de atacar Josimar não
apresentou "qualquer comprovação, justificativa ou sequer ocorrência"
que ateste que a vítima tenha roubado cabras e ovelhas da sua fazenda.
"Não
há provas contundentes, porque mesmo que houvesse o roubo, não poderia haver
uma atitude de também hediondez. A gente já autuou o autor [do crime] por
tentativa de homicídio qualificado pelo motivo fútil, impossibilitado de defesa
para a vítima e crueldade", afirmou Arnóbio Soares.
G1
BA
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