Dirigentes da ANA reconhecem situação crítica da Paraíba e já anunciam medidas para o enfrentamento do problema.
Ações foram anunciadas durante reunião,
que durou quatro horas, com deputados e prefeitos, em Brasília, na tarde desta
quarta-feira (27).
As
águas de Coremas/Mãe D’água para irrigação serão gradativamente suspensas para
agricultores familiares, até o limite do dia 30 de junho, quando a irrigação
será proibida até a normalização do nível do reservatório. Para outros fins que
não a agricultura de subsistência já está proibida. As mesmas regras valem para
as áreas das Várzeas de Sousa. A irrigação para Capim não pode acontecer mais.
O monitoramento de Coremas e do Açude Epitácio passa a ser diário e a gestão
das águas no estado será unificada pela AESA e ANA. A fiscalização de bombas
clandestinas será ainda mais rigorosa e haverá suspensão da liberação das águas
de Coremas para o Rio Grande do Norte, com exceção da cidade de Caicó.
Essas
foram algumas das decisões anunciadas na tarde desta quarta-feira (27), pelos
dirigentes da Agência Nacional das Águas (ANA), durante reunião na sede do
órgão, em Brasília, com os deputados integrantes da Frente Parlamentar da Água,
e prefeitos paraibanos. Na ocasião, os deputados paraibanos entregaram o
relatório da Frente, que detalha a atual situação da Paraíba em relação aos
recursos hídricos e aponta caminhos para o enfrentamento da seca prolongada e
cobraram da ANA uma gestão mais rigorosa das águas no estado. “Foi uma reunião
muito produtiva, onde a ANA reconheceu as situações colocadas no relatório e a
partir daí já deliberou algumas ações e propôs outras”, destaca o presidente da
Frente, deputado Jeová Campos. A construção de uma adutora no curso do Rio
Piranhas, que captaria água de Coremas, foi uma sugestão apresentada pela ANA
para resolver o abastecimento de água das cidades ao longo do curso do Rio.
Na
reunião, com os diretores da ANA, Paulo Lopes Varella e Rodrigo Flecha, e João
Fernandes, da Aesa, o deputado Jeová Campos foi o primeiro a se pronunciar. Ele
fez a defesa do relatório, historiou como seu conteúdo foi fundamentado e
apresentou algumas sugestões de enfrentamento do problema contidas no documento
que devem ter uma participação efetiva da ANA. A suspensão da liberação de água
de Coremas para o Rio Grande do Norte foi defendida de forma imediata pelo
parlamentar. “Com exceção de Caicó e, apenas na atual conjuntura, todas as
demais cidades do Rio Grande do Norte que usam, água da Paraíba, devem procurar
se abastecer do Açude Armando Ribeiro Gonçalves, localizado em Assu, que,
inclusive, tem mais água do que o que fica em nosso estado”, alegou Jeová, que
ainda defendeu a unificação da gestão da água. As sugestões foram prontamente
acatadas pela direção do órgão.
O
deputado Tovar Correia Lima falou sobre a situação de Campina Grande, que está
prestes a sofrer um colapso, e pediu a intervenção da ANA para que isso não
ocorra. Os deputados Renato Gadelha e Ricardo Barbosa cobraram celeridade nas
ações da ANA já que as situações apresentadas são urgentes. O deputado Janduhy
Carneiro solicitou a reestruturação do DNOCS e o prefeito de Sousa, André
Gadelha, denunciou a existência de várias bombas clandestinas no açude de São
Gonçalo e pediu providência para coibir o roubo dos recursos hídricos do
reservatório.
A
prefeita de Monte Horebe, Cláudia Dias, deu um depoimento estarrecedor. “O que
eu, de Monte Horebe, a mais de 700 metros de altitude, com uma cidade em cima
de uma pedra, posso fazer para achar água onde não tem. Eu estou simplesmente
desesperada como gestora. Eu não tenho dinheiro para perfurar poços e mesmo que
tivesse isso não adiantaria porque não se encontra água lá pelas questões
geográficas. O que faço com a população que precisa de água para viver?”,
questionou ela.
No
final da reunião, que começou por volta das 14h e terminou no início da noite,
todos reconheceram que as ações que serão implementadas funcionam como um
paliativo e que apenas a conclusão das obras da transposição do Rio São
Francisco podem resolver definitivamente o problema. “Não haverá solução
definitiva sem as obras da transposição, mas as decisões tomadas aqui hoje são
importantes na atual conjuntura”, finalizou Jeová que, em seguida, junto com os
demais deputados e prefeitos, seguiu para o Ministério da Integração, para uma audiência,
marcada para às 19h, com o ministro
Gilberto Occhi.
Assessoria
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