'Padre sertanejo' é processado por dívida de R$ 9,6 mi com ex-empresário.
Ex-empresário do padre e cantor
Alessandro Campos, Leonardo Azevedo está processando o sacerdote por quebra de
contrato, pedindo R$ 9,6 milhões. A ação, protocolada na semana passada na 2ª
Vara Cível de Aparecida, é referente a uma multa de rescisão contratual e a
dívidas trabalhistas, que não teriam sido pagas pelo "padre
sertanejo".
Segundo o empresário, o acordo com o
padre Alessandro foi assinado em março de 2014, prevendo dez anos de
exclusividade na parceria. Após desentendimentos, porém, o contrato foi rompido
em outubro, sob justificativa de falta de empenho na divulgação e clareza da
prestação de contas.
Leonardo Azevedo diz não ter
recebido os 40% acordados sobre a carreira do artista, referentes a shows e
vendas de CDs. Além disso, o padre também não teria repassado o dinheiro para o
pagamento dos funcionários da produtora do empresário, a Stare Midia Digital.
Os "calotes" incluiriam também cerca de 30 multas registradas do
carro de Leonardo, somando mais de R$ 30 mil.
"Queremos o pagamento da
rescisão sem justa causa, como já previa o contrato em cláusula. Provavelmente,
depois de estourar, ele acertou parceria com terceiros e, por isso, decidiu
rescindir. Tentamos uma conversa para evitar a ação, mas não conseguimos um
acordo. Não é a primeira vez que isso acontece. Ele já havia sido processado
pelo empresário anterior", diz ao UOL o advogado de Leonardo, Cláudio
Corrêa.
"O padre alega que ele não
tinha informações concretas sobre algumas prestações de contas e que o trabalho
não estava sendo bem feito. Mas o problema é que não existia uma conta do
Leonardo ou da empresa dele. Todos os depósitos eram feitos diretamente na
conta do padre."
Procurado pela reportagem do UOL, o
advogado do padre Alessandro afirmou ainda não ter autorização para comentar o
caso e que ainda não teve acesso aos autos do processo.
"O Alessandro montou um escritório
para fazer a divulgação da carreira dele e convidou o Leonardo, que já havia
trabalhado e tido problemas com o Edson e Hudson. O Alessandro não gostou do
resultado, e o Leonardo decidiu acionar a Justiça. É uma coisa que acontece no
showbiz", disse Milce Castro, secretária do padre. Alessandro não quis
falar com a reportagem.
Misturando sermões e música
sertaneja, o padre é um dos maiores fenômenos da música brasileira na
atualidade. Seu álbum mais recente, "O que É que Eu Sou sem Jesus",
já vendeu cerca de 1 milhão de cópias. Com missas lotadas e vestindo batina e
chapéu de caubói, ele é uma das estrelas da TV Aparecida, apresentando o
programa "Aparecida Sertaneja".
Cancelamento
de shows
Desde o ano passado, o padre
Alessandro já vinha causando polêmica ao cancelar repentinamente shows no
interior dos Estados de São Paulo e Minas Gerais, alegando problemas pessoais e
de agenda. Segundo Leonardo Azevedo, foram 11 apresentações suspensas, sem que
ele devolvesse o cachê. Uma delas aconteceria na Apae (Associação de Pais e
Amigos dos Excepcionais) de Mogi das Cruzes (SP), que entrou com uma ação de
indenização por dano material contra o sacerdote.
Em Claro dos Poções (MG), o
cancelamento de um show em agosto do ano passado resultou em uma carta aberta
de repúdio escrita pelo padre Deangeles Carlos Araújo, que administra a
paróquia Senhor Bom Jesus. Apesar de banda e equipe terem montado os
equipamentos e passado o som no palco, Alessandro Campos não viajou à cidade.
"Nós, organizadores da festa,
além do constrangimento, vergonha e decepção, ficamos sem resposta. Seus
assessores não sabiam nos falar o que havia acontecido. Sua banda estava sem
entender o porquê. O padre simplesmente desligou o telefone, e ninguém, nem
ele, nem sua produção, nos atendeu mais", desabafou Deangeles, na época,
em nota.
"É preciso lembrar que a
carreira dele é toda muito complicada, muito diferente da de outros artistas. É
difícil fazer uma gestão artística quando se envolve um padre, que está sob o
custódio de instituições e cumpre, primeiramente, uma missão em seu trabalho: a
evangelização", diz Milce Castro.
Musica.uol.com.br
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