PMDB e oposição querem quebra de sigilos de Dirceu.
Em nova ofensiva, integrantes do
PMDB e da oposição pretendem juntar forças para que a CPI da Câmara que
investiga o esquema de corrupção na Petrobras quebre os sigilos bancário e
fiscal do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Deputados também querem
convocá-lo para que ele dê mais detalhes sobre o pagamento de contratos
firmados pelo “clube” de empreiteiras enquadradas na Operação Lava Jato a uma
empresa de sua propriedade, a JD Consultoria.
Extratos bancários obtidos junto a
investigados da força-tarefa da Lava Jato revelaram que a JD Consultoria
faturou R$ 29,2 milhões com a prestação de serviços de prospecção de negócios
fora do país, principalmente em países como Cuba e Peru, onde o governo mantém
parcerias e grandes negócios. Somente em 2013, quando Dirceu já estava
cumprindo pena em regime semiaberto no Complexo Penitenciário da Papula, como
sentenciado do mensalão, a JD Consultoria faturou R$ 4,1 milhões. Na lista de
clientes dele estão empresas como OAS, UTC, Engevix, Galvão Engenharia, Camargo
Corrêa, todas alvos da operação.
No início de maio, houve uma
tentativa de apreciação de requerimentos relacionados a quebras de sigilo de
Dirceu, mas o presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB), teve dificuldade para
aprová-los após uma forte mobilização do PT contra a investigação do
ex-ministro. Agora, segundo informações de membros do colegiado, o deputado
paraibano pretende abrir uma nova frente para conseguir investigar o
ex-ministro. Parlamentares querem saber se Dirceu atuou como uma espécie de
operador do PT no esquema de corrupção que impôs perdas bilionárias à
Petrobras.
Membros da CPI acreditam ser
imprescindível ouvir o ex-ministro, principalmente após a prisão do lobista da
Engevix, Milton Pascowitch, na manhã de 21 de maio. Segundo as investigações,
Pascowitch pagou R$ 1,4 milhão à JD Consultoria, empresa do ex-ministro, além
de R$ 1,2 milhão para o ex-diretor de serviços da Petrobras Renato Duque. De
acordo com a força-tarefa da Lava Jato, os repasses à JD Consultoria foram
realizados por meio da Jamp Engenheiros Associados, empresa considerada de
fachada pelo Ministério Público Federal (MPF). A Jamp recebeu, entre 2004 e
2013, R$ 104 milhões das empresas integrantes do clube de empreiteiras que
operava fraudes, por meio de propina, em licitações na petrolífera. A suspeita
do MPF e da Polícia Federal é de que Dirceu tenha ajudado a intermediar
negócios entre as construtoras e a Petrobras.
Em nota oficial, Dirceu infirmou que
“o contrato com a JAMP Engenharia, assinado em março de 2011, teve o objetivo
de prospecção de negócios para a Engevix no exterior, sobretudo no mercado
peruano. O ex-ministro refuta qualquer relação do seu trabalho de consultoria
com contratos da construtora com a Petrobras. No período da prestação de
serviços da JD Assessoria e Consultoria à Engevix e à JAMP, a construtora atuou
em estudos para construção de hidrelétrica, projetos de irrigação e linhas
ferroviárias no Peru”.
Uol
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