Rebelião em presídio de Feira de Santana chega ao fim com oito mortos e cinco feridos.
Após
18 horas de revolta, os detentos do pavilhão 10 do Conjunto Penal de Feira de
Santana, a 108 quilômetros de Salvador, finalizaram a rebelião nesta
segunda-feira (25). Segundo o diretor do Conjunto, Clériston Leite, a revolta
acabou por volta das 9h, depois de negociações lideradas pelo coronel PM
Adelmário Xavier, do Comando de Policiamento da Regional Leste (CPRL).
Outros
comandos da Polícia Militar, equipes da Secretaria de Administração
Penitenciária da Bahia (Seap) e da Comissão de Direitos Humanos da Câmara
Municipal também participaram do acordo.
A
rebelião começou por volta das 15h deste domingo (24) e deixou oito pessoas
mortas, sendo que a última morte aconteceu na madrugada desta segunda-feira
(25). Um dos detentos foi decapitado. Outros cinco detentos ficaram feridos e
foram atendidos em hospitais da cidade.
As
identidades dos mortos ainda não foram divulgadas. "A polícia ainda não
entrou no pavilhão. A rebelião já acabou, mas as negociações continuam. Só
quando o DPT entrar para fazer a remoção e perícia dos corpos é que vamos poder
dizer os nomes dos presos que morreram", disse Clériston Leite.
As
famílias, incluindo mulheres e crianças que foram feitas reféns, estão sendo
liberadas aos poucos. Ainda de acordo com o diretor do presídio, ninguém está
ferido. A rebelião começou durante o período de visitas e cerca de 90
familiares dos detentos que estavam no local foram feitos reféns.
A
administração do presídio percebeu que os internos haviam começado uma
confusão. A briga que originou o motim, segundo a Polícia Militar, foi um
“acerto de contas entre grupos rivais” que
havia deixado um saldo de sete detentos mortos - um deles decapitado - e
cinco feridos.
O
líder de uma das facções seria Haroldo de Jesus Britto, o Aroldinho, preso em
janeiro de 2011 por roubo a banco, que teria sido morto por rivais.
Negociações
De
acordo com o diretor do Conjunto Penal, Clériston Leite, que começou a negociar
com os presos logo após o início do motim, só é possível afirmar o número de
mortos quando acabar a rebelião. “Eu não estou mais à frente das negociações,
mas estamos aguardando o final delas para poder confirmar números. A gente só
vai ter certeza quando entrar lá”, disse.
O
superintendente de Gestão Prisional da Secretaria de Administração
Penitenciária da Bahia (Seap), coronel Paulo César, afirmou que a situação
estava mais tranquila. “Eles suspenderam a negociação à noite porque queriam
entidades de direitos humanos lá, mas ninguém se fez presente, só imprensa e
polícia. Os familiares que não querem sair”.
De
acordo com o secretário estadual de Administração penitenciária, Nestor Duarte,
eles foram convidados a sair logo no início do motim, mas não quiseram.
Duarte
confirmou que duas facções iniciaram o motim - uma mais nova teria se insurgido
contra as ordens da mais antiga. Durante as negociações, um terceiro grupo que
não é ligado a nenhuma das facções concordou em recolher os mortos. Sete corpos
foram empilhados em um dos lados do pátio na noite de ontem.
Os
detentos feridos foram atendidos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
(Samu) no presídio e encaminhados ao Hospital Geral Clériston Andrade. De
acordo com o coronel, três armas foram apreendidas - dois revólveres e uma
pistola -, mas não estava descartada a possibilidade de se encontrar mais
armamento no local.
O
motim tomou o Pavilhão 10 do Conjunto Penal, cujas 38 celas são ocupadas por
336 presos, embora a capacidade seja de pouco mais de 150. O pavilhão não é o
único superlotado. Dados da Seap apontam que, até o último dia 19, havia 1.467
presos no local. A capacidade é para 644 - um excedente de 823. De acordo com o
coronel Paulo César, o presídio passou por obras de ampliação. “A obra já está
concluída, aguardando só a liberação de mais pavilhões. A capacidade sobe para
1.200”, disse. A população é de 1467 presos.
Correio
da Bahia
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