Agente condenada após parar juiz em blitz no Rio será candidata a vereadora.
Há
um ano, a agente do Detran do Rio de Janeiro Luciana Silva Tamburini, 35,
ganhou notoriedade ao ser condenada pela Justiça fluminense a pagar uma
indenização de R$ 5.000, por danos morais, a um juiz que havia sido parado em
uma blitz da Lei Seca, em 2011. Na ocasião, João Carlos de Souza Corrêa teve
seu carro rebocado por dirigir sem carteira de habilitação e pelo fato de o
veículo estar sem placa. Tamburini chegou a receber voz de prisão depois de
dizer que Corrêa "era juiz, mas não Deus", quando o magistrado
resistiu ao reboque.
Com
a repercussão nacional do caso, conta a agente, surgiram convites para entrar
para a política. Ainda envolvida na luta para tentar reverter a decisão em
instâncias superiores --o processo atualmente se encontra no STJ (Superior
Tribunal de Justiça)--, Luciana aceitou um deles e será candidata a vereadora
do Rio nas eleições do ano que vem pelo PTC (Partido Trabalhista Cristão).
Segundo
o presidente do partido, Daniel Tourinho, a atitude da agente no caso do juiz
motivou o convite. "Eu acompanhei toda a história e me impressionou a
firmeza ética dela. Ela não vergou", declarou. A estreia pública de
Luciana na política está marcada para a próxima quinta (5), quando ela participa
do programa eleitoral do partido, gravado na semana passada. "Ela foi
muito bem", comentou o político.
'Sempre fui revoltada'
A
agente conta que inicialmente resistiu à ideia e recusou as ofertas de dois
grandes partidos, porque não queria ser um fantoche nas mãos das pessoas.
"Eu sempre tive vontade de participar da política de alguma forma, sempre
fui revoltada com certas coisas, mas não sabia como concretizar, porque é
difícil", contou.
O
apoio da família e dos amigos foi o empurrãozinho que faltava. "Eu decidi
aceitar o convite do PTC porque ele (o presidente do partido) falou que eu
poderia ter liberdade e trabalhar com quem eu quisesse", declarou. Segundo
ela, a valorização dos princípios éticos será sua principal bandeira na
campanha.
Formada
em administração pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e cursando
o sétimo período de direito em uma universidade particular da capital
fluminense, a agente de trânsito estava licenciada do Detran na época em que
foi condenada. Ela havia passado em um concurso da Polícia Federal e esperava
sua nomeação. Com a exposição pública, os planos mudaram e ela voltou para o
departamento estadual, do qual é servidora desde 2008, agora trabalhando
internamente como gerente operacional.
Se
não for eleita, Luciana diz já saber o que vai fazer. "Eu volto para o meu
trabalho aqui, sem problema."
UOL
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