'Podem pressionar, eu não renuncio', diz Eduardo Cunha.
O
deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse por telefone neste sábado (10)
que não renunciará à presidência da Câmara apesar das novas revelações envolvendo
contas atribuídas a ele na Suiça.
"Pode
pressionar, eu não renuncio. Sem a menor chance. Podem retirar apoio, fazer o
que quiserem. Tenho amplo direito de defesa. Não podem me tirar'', afirmou à
GloboNews.
O
deputado disse que não deixará a presidência da Câmara nem se começar a
tramitar um processo de cassação do seu mandato, como pedido pelo PSOL. ''Vão
iniciar de qualquer jeito. Isso leva um tempo''.
Líderes
da oposição disseram à GloboNews, reservadamente, que vão sugerir ao deputado
que renuncie à presidência da Câmara neste final de semana. Parlamentares do
PSDB, DEM e PPS estão em contato por telefone para tentar chegar a uma posição
de consenso e divulgá-la até terça-feira.
"Se
a gente faz uma reunião, precisa tirar uma posição. E vamos esperar até terça
se o deputado aceita alguma sugestão'', disse um dos principais dirigentes
tucanos.
Nos
bastidores, eles defendem que Cunha renuncie, mas sugerem que podem preservar
seu mandato. Se ele perder o foro, uma eventual investigação envolvendo as novas
denúncias serão apuradas pela primeira instância – e não mais pelo Supremo
Tribunal Federal.
Ministros
do governo consideraram as denúncias ''devastadoras'', mas temem que elas
ensejem uma reação mais agressiva de Cunha na Câmara, fazendo com que ele acelere
a análise dos pedidos para abrir processo de impedimento da presidente Dilma
Rousseff.
Contas na Suíça
Documentos
sobre as contas na Suíça chegaram na última quarta (7) à Procuradoria Geral da
República e entre eles, há papéis que incluem cópias de passaporte,
comprovantes de endereço no Rio de Janeiro e assinaturas de Cunha.
Os
investigadores rastrearam o caminho do dinheiro depositado nas contas
bancárias, que receberam nos últimos anos depósitos de US$ 4.831.711,44 e
1.311.700 francos suíços, equivalentes a R$ 23,2 milhões, segundo a cotação
desta sexta (9).
Os
documentos do Ministério Público suíço contêm ainda detalhes, como gastos
realizados em cartões de crédito, inclusive para gastos pessoais, como um curso
de inglês na Malvern College, na Inglaterra, no valor de US$ 8 mil, e para uma
academia de Nick Bollettieri, uma das principais formadoras de tenistas no
mundo, com pagamento de US$ 59 mil.
Investigado
no STF por suspeita pelo menos US$ 5
milhões por contratos de aluguel de navios-sonda, Cunha tem reiterado nos
últimos dias depoimento que deu em março à CPI da Petrobras em que nega possuir
contas no exterior.
Em
nota divulgada no final da noite desta sexta, advogados do deputado informaram
que ele ainda não foi notificado sobre uma eventual investigação na Suíça e
tudo que sabe sobre o caso é por meio da imprensa.
"É
de se destacar que até o momento o Presidente da Câmara dos Deputados não foi
notificado, nem mesmo teve acesso, a qualquer procedimento investigativo que
tenha por objeto atos ou condutas de sua responsabilidade. As únicas
informações que possui são aquelas veiculadas nos órgãos de imprensa”, diz a
nota.
“Sem
que isso signifique a admissão de qualquer irregularidade, é de se estranhar
que informações protegidas por sigilo – garantido tanto constitucionalmente,
como também pelos próprios tratados de cooperação internacional - estejam sendo
ostensivamente divulgadas pela imprensa", completam os advogados.
G1
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