Prefeito de Elias Fausto pode ter sido vítima de 'emboscada', afirma SSP.
O
prefeito de Elias Fausto (SP), Laércio Betarelli (PSDB), morto a tiros na manhã
desta sexta-feira (2) ao visitar uma obra na cidade, pode ter sido vítima de
uma emboscada, segundo a Secretária de Segurança Pública (SSP).
O
titular da pasta, Alexandre de Moraes, afirmou em Piracicaba (SP), para onde o
corpo do político foi levado, que "a cena do crime e o modo como foi
realizado indicam para uma execução, uma emboscada de algum desafeto".
Betarelli
tinha 58 anos e foi assassinado por volta das 9h na Rua Amadeu Patelli, no
bairro Carimã. O corpo foi retirado do local e levado para o Instituto Médico
Legal (IML) de Piracicaba.
“Assim
que nós soubemos do homicídio, determinamos que fosse providenciado todo o
apoio da (Delegacia) Seccional e do Deinter (Departamento de Polícia
Judiciária). O IML também providenciou a necropsia para acelerar a
investigação. O prefeito foi morto com seis tiros", afirmou.
Emboscada
Ainda
segundo o secretário, uma das testemunhas disse que viu que uma pessoa
aguardava em cima de uma árvore, pulou no chão e disparou. "Tudo indica
que o assassino estava esperando o prefeito para executá-lo, porque era hábito
dele visitar obras nesse horário”.
A
Delegacia de Investigações Gerais (DIG) vai comandar a apuração do caso.
"Solicitamos imagens do perímetro, vamos analisar os projéteis que foram
recolhidos. Eram de calibre 38. Preservamos o máximo de provas para identificar
o assassino ou os assassinos", afirmou Moraes.
De
acordo com a Guarda Municipal, Betarelli estava no bairro Carimã para visitar
uma obra de canalização de um córrego. A corporação informou ainda que maior
parte do efetivo estava fora da cidade, em um curso na cidade de Capivari (SP).
Embate
com delegado
Na
terça-feira (22), durante um evento em Piracicaba (SP), o prefeito de Elias
Fausto pediu publicamente a retirada do delegado da Polícia Civil do município,
Gillis Scrocca, durante uma visita do secretário de Segurança Pública à região.
"Ele é omisso, inoperante e ausente", disse Betarelli durante a
reunião.
O
titular da delegacia alegou na ocasião que as declarações do prefeito não
passavam de manobra política. "Ele não quer que eu permaneça no cargo até
as próximas eleições. Faz nove anos que estou lá e já cumpri mandados de prisão
contra funcionários da alta cúpula da gestão dele", disse Scrocca na
ocasião.
Segundo
a Câmara de Vereadores, o prefeito participou, na quinta-feira (1), de uma
reunião com parlamentares e o secretário de Segurança Pública em São Paulo para
discutir uma possível troca do titular da Polícia Civil da cidade.
Nesta
sexta-feira, o delegado do município esteve no local onde Betarelli foi
assassinado e afirmou que, apesar dos problemas de relacionamento e conflitos
que teve durante a gestão do chefe do Executivo, isso não vai interferir na
investigação para descobrir o autor do crime.
O
secretário de Segurança Pública do estado disse não haver suspeitas contra
Scrocca. “Não acreditamos em envolvimento do delegado. O prefeito e o delegado
da cidade são desafetos políticos desde 2007. O prefeito inclusive colocou isso
pra mim durante a reunião, mas em nenhum momento ele disse que foi ameaçado”,
afirmou.
Processo
Outra
polêmica recente na carreira política de Betarelli é um processo que ele
respondia por improbidade administrativa. No final de 2014, a 5ª Câmara de
Direito Público do estado de São Paulo negou recurso à defesa do prefeito. A
ação já não aceitava mais recursos na instância estadual, e só poderia ser
questionada em Brasília.
Em
2013, o chefe ele havia sido condenado em primeira instância na ação, que prevê
pagamento de multa, ressarcimento de valores aos cofres municipais e perda de
função pública. No entanto, Betarelli recorreu com embargos de declaração para
tentar reverter a decisão, o que foi negado pela Justiça.
O
processo teve início em 2008. Betarelli era o prefeito e o Ministério Público
apresentou, tanto à Justiça Eleitoral como à comum, denúncia de que a
Prefeitura teria pagado por propaganda irregular em prol de candidatura à
reeleição do chefe do Executivo.
A
defesa do prefeito de Elias Fausto no processo informou que já tinha recorreu
da sentença e que confia na absolvição. Segundo o advogado, Betarelli já havia
sido absolvido das mesmas acusações na Justiça Eleitoral e as ações apontadas
pelo Ministério Público não configuram improbidade administrativa.
Luto
O
vice-prefeito Joaquim Antonio de Campos Bicudo decretou, nesta tarde, luto
oficial na cidade durante sete dias. As atividades e atendimentos em serviços
municipais foram suspensos nesta sexta e permanecerão parados também durante
toda a próxima segunda-feira (5). A retomada ocorrerá na terça-feira (6), mas
ainda sob o luto oficial, segundo a Prefeitura.
Vida
Laércio
Betarelli, conhecido como Dude, nasceu no dia 13 de fevereiro de 1957, em Monte
Mor (SP). Em 2012, o tucano foi eleito para seu terceiro mandato com 67% dos
votos. Ele deixa a esposa Marina Arakaki e dois filhos. Na infância, estudou
durante o ensino médio e fundamental em duas escolas de Elias Fausto.
Laércio
fez colégio técnico em bioquímica em Campinas (SP) e se formou em Engenharia
Civil na Pontfícia Universidade Católica de Campinas (Puc-Campinas). Ele
também foi professor de estatística e física em dois colégios da cidade.
De
1982 a 1992 e de 2001 a 2004 ele trabalhou como responsável pelo departamento
de Obras da Prefeitura de Elias Fausto. Dude já foi vereador de 1989 a 1992 e
presidente da Casa em 1991 e 1992.
O
tucano já foi eleito prefeito de Elias Fausto em outros dois mandatos, entre
1997 e 2000, e de 2005 a 2008. Dude também atuou como chefe de gabinete da
Prefeitura de Monte Mor (SP) de janeiro de 2009 a março de 2012, quando se
candidatou novamente à chefia do Executivo e foi eleito com 6,7 mil votos.
G1
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