Prefeituras e governo do Ceará decidem não usar verbas públicas no carnaval.
A
crise financeira nos municípios e a necessidade de investir em áreas
prioritárias, como o enfrentamento aos efeitos da seca, levaram boa parte das
prefeituras de cidades do Ceará e o próprio governo do estado a não destinar
verbas públicas para festas de carnaval neste ano.
A
situação é acompanhada de perto por órgãos como o Tribunal de Contas dos
Municípios (TCM) e o Ministério Público do Ceará (MPCE). O TCM enviou ofício a
todas as 184 prefeituras do estado recomendando que as administrações usem
recursos públicos em atividades festivas de carnaval somente após quitarem
todos os compromissos financeiros.
“Em
respeito à crise, a maioria dos prefeitos decidiu não fazer carnaval. Este é um
momento de dificuldades e os gestores agem conforme suas consciências”, disse o
presidente da Associação dos Prefeitos do Ceará (Aprece), Expedito José do
Nascimento.
A queda
de arrecadação e atrasos nos repasses de verbas federais, a exemplo do Fundo de
Participação dos Municípios (FPM), são dois dos principais problemas
enfrentados pelas prefeituras cearenses, de acordo com o presidente da
associação. Somados a isso, estão os aumentos do salário mínimo e do piso do
magistério, que provocam forte impacto nas finanças municipais.
O
MPCE também fez recomendações específicas a determinados municípios, a exemplo
de Pacajus, na região metropolitana de Fortaleza. O órgão pediu que o Poder
Público municipal não faça despesas durante o carnaval enquanto a prefeitura
não sanar questões financeiras, como o pagamento dos salários dos servidores.
O
secretário de Governo e Planejamento de Pacajus, Carlos Alberto Brito Paixão,
confirma que a prefeitura vai seguir a recomendação do MP. “Há uma
incompatibilidade financeira e é impossível o município realizar eventos no
carnaval com dinheiro público.” De acordo com ele, o município tenta manter a
folha de pagamento em dia e está fazendo demissões para ajustar os gastos.
Na
recomendação, o TCM considera que os gastos públicos com o carnaval nos
municípios só se justificam caso os eventos sejam de interesse público
relevante ou incrementem receitas decorrentes de atividades turísticas.
Em
Aquiraz (região metropolitana de Fortaleza), segundo o secretário de Cultura e
Turismo, Rodolfo Forte, a solução para manter o carnaval sem mexer nos cofres
públicos foi atrair recursos privados. “Para obter a permissão da prefeitura
para realizar suas festas, as empresas privadas precisam fazer um termo de
doação das atrações e da sua estrutura para o carnaval público. O município não
tem condições nem deve gastar nada com o carnaval, pois a prioridade é para
água, saúde, educação. Por isso trabalhamos com essa contrapartida.”
No
âmbito estadual, o governador Camilo Santana assinou decreto proibindo que
órgãos e entidades estaduais repassem recursos com finalidade de patrocínio ou
apoio a eventos relacionados à folia de Momo, com exceção dos investimentos do
Edital Carnaval do Ceará, previsto em lei e que apoia manifestações culturais
populares, como maracatus e afoxés. Neste ano, o edital disponibiliza R$ 1,1
milhão.
Agência
Brasil
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