Tragédia no Rio: parte de ciclovia inaugurada em janeiro desaba e mata 2 pessoas.
Dois
mortos e uma pessoa desaparecida é o saldo até o momento da tragédia do
desabamento de parte da ciclovia ma Avenida Niemeyer, em São Conrado, na sul do
Rio de Janeiro. Os dois corpos foram
retirados das águas por uma equipe do Corpo de Bombeiros, com o apoio de um
helicóptero, que continua fazendo varredura no local em busca de outras
possíveis vítimas.
Um
dos mortos foi identificado por parentes no Instituto Médico Legal Afrânio
Peixoto (IML) como sendo Eduardo Marinho Albuquerque, de 54 anos. De acordo com
a assessoria da corporação militar, não havia ainda informação sobre a
identificação da segunda vítima. O mar revolto em virtude da forte ressaca
dificulta as buscas.
O
pescador Damião Pinheiro, de 60 anos, morador da Rocinha, foi testemunha do
desabamento de parte da Ciclovia Tim Maia, inaugurada em 17 de janeiro deste
ano, envolvendo investimentos da ordem de R$ 44 milhões.
Pinheiro
acabava de passar na ciclovia, que frequenta todos os dias da semana em sua
profissão, quando ouviu um estrondo e, ao olhar viu parte da estrutura desabar,
levando ciclistas e pedestres que estavam no trecho afetado. Ele disse ter
parado para ver as pessoas batendo fotos, quando, de repente, veio uma onda,
tirou a passarela do lugar e “jogou ela para cima como se fosse um isopor”.
“As
pessoas que estavam em cima caíram junto com a passarela, a água que subiu
bateu em um ônibus, quebrou os vidros do veículo, e ao descer levou as pessoas
com ela”. Muito nervoso, Damião Pinheiro disse ter visto a morte bem de perto.
“Eu pensei que também ia [morrer], porque a minha [parte da ciclovia] também
balançou”, disse.
O
pescador não tem dúvidas que uma nova ressaca poderá por abaixo novos trechos
da ciclovia. “Ela não é presa a nada, é solta. Qualquer onda alta que vier no
costão vai botar toda a ciclovia no mar”, afirmou.
Responsabilidades
O
secretário municipal de Governo do Rio de Janeiro, Pedro Paulo, disse que a
prioridade agora é com o resgate das vítimas e a interdição da avenida para
evitar riscos de novos desabamentos. “Porque na medida em que você tem esse
desabamento aqui, põe em dúvida a segurança de outros pontos que têm a mesma
configuração de engenharia”. A Avenida Niemeyer ficará interditada para a
circulação de pessoas. O secretário informou que engenheiros, geotécnicos e
técnicos irão avaliar as causas “desse acidente imperdoável que aconteceu na
ciclovia”.
A
prefeitura pretende cobrar responsabilidades da empresa construtora da obra, a
Concremat. O prefeito Eduardo Paes, que se encontrava na Grécia para a
solenidade de acendimento da tocha olímpica, já está retornando ao Brasil,
disse Pedro Paulo.
O
secretário municipal de Obras, Alexandre Pinto, acrescentou que é prematuro
apontar culpados. Disse que embora toda ressaca seja prevista, somente após a
perícia que será feita no local e de posse dos resultados das investigações,
haverá elementos para indicar as causas reais do desastre. A fiscalização da
obra foi feita pela Geo-Rio, empresa ligada à Secretaria de Obras. “Na verdade,
a gente tem que sentir a força da energia dessa onda para poder informar as
consequências”. Para o secretário, “não
há como dizer claramente agora quais as causas que contribuíram para ter esse
acidente”. Apesar disso, ele estimou que os responsáveis são a empresa
construtora Concremat e Concrejato e seus calculistas.
Alexandre
Pinto declarou que a avenida só poderá ser liberada para os moradores depois
que as investigações sobre as causas da
tragédia forem concluídas, de forma a garantir segurança para uma a abertura da
via.
Nota
oficial
Em
nota, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, lamentou profundamente o acidente e se
solidarizou com as famílias das vítimas “e com todos os cariocas neste
momento”. O prefeito atenderá a imprensa amanhã (22), assim que chegar ao
Brasil, ainda sem previsão de horário.
“É
imperdoável o que aconteceu, já determinei a apuração imediata dos fatos e
estou voltando para o Brasil para acompanhar de perto”, manifestou o prefeito,
que saiu ontem (20) à noite do Rio.
Ainda
de acordo com a mensagem divulgada pela prefeitura, os reparos serão executados
pela empresa responsável pela construção, sem ônus adicionais ao município, já
que a ciclovia ainda está na garantia de obra. A Avenida Niemeyer permanece
interditada ao tráfego e o Corpo de Bombeiros continua as buscas no local.
Agência
Brasil
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