Após quebradeira e renúncia de diretor, prefeito de Juazeirinho decide fechar hospital e revolta população.
“Quem
estiver com dor de dente, bata a cabeça na parede que a dor passa”, disse o
prefeito em programa de Rádio.
O
setor da saúde de Juazeirinho, município localizado no Seridó paraibano, vive
um verdadeiro caos administrativo. No último domingo (22), o Hospital Municipal
local foi palco para cenas de desespero de uma mulher que, por falta de
atendimento médico, promoveu um verdadeiro quebra-quebra na unidade hospitalar.
Diante
do descaso do poder público e da não resolução dos inúmeros problemas
registrados no Hospital, o antigo diretor renunciou ao cargo cuja vaga foi
preenchida nesta quarta-feira (25) e abandonada pelo novo diretor após se
manter três horas à frente do comando da casa de saúde.
O
Hospital Municipal de Juazeirinho sofre com falta de médicos, enfermeiros e até
de material de necessidade básica como soro, seringa e medicamentos. Diante do
quadro gravíssimo da situação o prefeito municipal, Jonilton Fernandes, tomou
uma atitude drástica e resolveu fechar a unidade de saúde. Na porta de entrada
do local, foi colocado um cartaz avisando: “Por falta de médicos e enfermeiros
estamos sem atendimento”.
A
atitude da gestão revoltou os moradores que prometem realizar um grande ato
público na cidade em protesto contra a precariedade registrada nos serviços
oferecidos aos populares em todas as áreas. “As escolas estão desmoronando,
falta merenda, faltam professores e a saúde de Juazeirinho está na UTI, aliás,
a administração municipal está num abismo sem volta”, disse um morador do
conjunto Frei Damião.
O
Hospital de Juazeirinho já foi referência em atendimento na região, mas, de
acordo com denúncias de populares, foi visivelmente sendo abandonado pela atual
administração municipal que é comandada por um prefeito que sequer tem visitado
a cidade nos últimos dias na tentativa de se esquivar de um encontro com
duzentas famílias que foram despejadas de um terreno e que hoje moram na rua
pela falta de um diálogo com o gestor.
“A
população de Juazeirinho recebe a informação do fechamento do Hospital
Municipal com muita tristeza. Há algum tempo tínhamos o hospital referência da
região e hoje sequer temos a quem recorrer. A população está completamente
desassistida, necessitada de atendimento e, infelizmente, nenhum médico quer
trabalhar em Juazeirinho e ninguém quer assumir a direção da unidade
hospitalar. O pior de tudo é ter que ver o sofrimento dos inocentes que não tem
culpa dessa briga política do prefeito com a Câmara e, muito menos, das
atitudes insanas de Jonilton Fernandes que, mesmo tendo conhecimento da aprovação
de uma Lei por parte dos vereadores que autoriza contratação de médicos, se
recusa a contratar, ao que parece, apenas para maltratar a população que não
aprova sua ‘ingestão’. Lamentável também foi ter ouvido o dito prefeito falar
ao povo da cidade através de um programa de rádio sugerindo a quem estivesse
com dor de dente, que batesse com a cabeça na parede para passar o sofrimento.
Isso é coisa que se diga?”, falou indignada, Juliana Maria, moradora do bairro
Salgado.
Fiscalização
O
Conselho Regional de Enfermagem da Paraíba (Coren-PB), fiscalizou o Hospital
Municipal de Juazeirinho e encaminhou um relatório ao Ministério Público da
Paraíba (MPPB).
O
presidente do Coren-PB, Ronaldo Beserra, lamentou profundamente o descaso da
atual gestão municipal em relação ao hospital da cidade e indicou que deverá
interditar a equipe de enfermagem de exercer suas atividades quando da ausência
do profissional médico na casa de saúde, uma vez que a população, revoltada com
a situação caótica na qual se encontra a unidade hospitalar, pode se revoltar
com mais furor e pôr em risco a vida da equipe de enfermagem e dos próprios
usuários em atendimento.
Segundo
Ronaldo, mesmo após o Coren-PB ter fiscalizado e informado sobre a situação
caótica do Hospital Municipal ao MPPB, nada foi resolvido pela gestão
municipal.
Release
PB
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