Conselho Federal de Economia pede mais debate sobre reforma da Previdência.
O Conselho Federal de Economia
(Cofecon) divulgou nesta quinta-feira (22), nota em que a presidência da
entidade se posiciona contra a proposta de reforma da Previdência encaminhada
este mês pelo presidente Michel Temer ao Congresso Nacional. O comunicado diz
que a reforma deveria ser discutida amplamente com a sociedade e não
exclusivamente no Congresso.
“A Previdência Social
começou a ser instituída no Brasil em 1923, portanto, há 93 anos. É
inadmissível que o governo busque, a toque de caixa, alterar de forma tão
profunda um sistema que funciona no país há quase um século”, afirma o
documento.
A nota diz que o governo
destinou a outros fins fontes criadas exclusivamente para a seguridade social,
a exemplo da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins),
“fabricando um déficit com o propósito de legitimar a redução do fluxo de
benefícios para os trabalhadores”.
O Cofecon diz também que o
governo “propositalmente” omite que a Constituição Federal previu um sistema
tripartite de fontes para custear a seguridade social, da qual faz parte a
Previdência. O sistema, segundo a entidade, deveria ter contribuições de
empregados, empresas e governo.
“O governo tem que dar a
sua contribuição também. O que há é que o governo desvia recursos de fontes que
seriam para financiar a Previdência para outras coisas”, afirma o economista
Júlio Miragaya, presidente do Cofecon.
Recentemente, o ministro
do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Dyogo Oliveira, deu entrevista
negando a tese defendida por algumas entidade, como Cofecon e a Associação
Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Anfip), de que não existe
déficit na Previdência. Segundo o ministro, o sistema da seguridade social
(Previdência, saúde e assistência social) é deficitário como um todo e as
despesas previdenciárias são as principais responsáveis.
Draconiana
A nota do Cofecon diz que
a proposta do governo foi “mais draconiana que o esperado”. A proposta iguala
homens e mulheres, estabelecendo uma idade mínima de 65 anos para a
aposentadoria de ambos. Além disso, eleva de 15 para 25 anos o tempo mínimo de
contribuição, sendo que, para aposentar-se com benefício integral, é preciso
contribuir por 49 anos.
“O Cofecon não se furta ao
debate e entende que, em relação à questão previdenciária, determinadas medidas
de ajuste devem ser adotadas, mas não as que estão sendo propostas. Exigimos do
governo federal e do Congresso Nacional que as ponham em debate com a
realização de audiências públicas nas diversas regiões do país”, diz o
comunicado.
O economista Gilberto
Braga, do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec-RJ), diz que é
favorável à reforma da Previdência, mas também defende mudanças na proposta
enviada pelo Executivo. “Ter a idade mínima é um padrão mundial, mas acho que
dá para discutir o cálculo do valor.”
Atualmente, a proposta
estabelece que quem se aposentar com 25 anos de contribuição, o tempo mínimo,
terá direito a 51% do benefício. O patamar cresce 1% a cada ano, alcançando a
integralidade somente após 49 anos. “Acho que, talvez, a gente possa mexer
nesse 51%. Essa idade de largada pode começar em um patamar maior e ir caindo à
medida do tempo, de maneira proporcional à expectativa de vida do brasileiro”,
sugeriu o economista.
Agência Brasil


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