Governo anuncia reforma trabalhista; acordo deve prevalecer sobre legislação.
A poucos dias de encerrar
o ano, o governo anuncia hoje (22)
mudanças na legislação trabalhista. Entre as possíveis medidas, está a
ampliação da terceirização - restrita hoje a atividades de suporte, como
segurança e serviços de limpeza -, que deverá incluir novas áreas além das
permitidas atualmente. Outra medida deve ser a prevalência do acordo entre
empresas e sindicatos dos trabalhadores sobre a legislação.
Outros temas que estão
sendo discutidos são a ampliação do contrato de trabalho temporário de 90 para
120 dias. Há também a formalização da jornada diária de até 12 horas.
Atualmente, contratos de trabalho com jornadas superiores a oito horas diárias
são frequentemente questionados na Justiça do Trabalho, que ainda não reconhece
formalmente a jornada mais longa.
Uma das possibilidades é a
criação de dois novos modelos de contrato. O governo avalia o tipo de contrato
que inclui horas trabalhadas e produtividade, além do modelo que já vigora
atualmente, baseado na jornada de trabalho.
As mudanças se darão por
meio da instituição do Programa Seguro e Emprego (PSE), que alterará o Programa
de Proteção ao Emprego (PPE). O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, tem
afirmado que não existe a intenção de mexer em direitos adquiridos na
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), tais como férias, décimo terceiro
salário, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e vales-transportes e
refeição, nem com o repouso semanal remunerado. ”Nenhum direito do trabalhador
sofre ameaça. Os direitos do trabalhador serão aprimorados”, tem afirmado o
ministro à imprensa.
A preocupação do governo é
com a retomada da economia para reduzir o quadro de desempregados, estimado em
12 milhões de pessoas. Segundo Nogueira, a proposta está centrada em três
eixos: segurança jurídica, criação de oportunidades de ocupação com renda e
consolidação dos direitos.
Empresários
As mudanças nas leis
trabalhistas tem sido defendidas por sindicatos patronais, como a Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) que, no início do ano, chegou a criar
um grupo para discutir possíveis mudanças nas regras atuais. Na ocasião, foram
citados como problemas os dez primeiros artigos da CLT, que vigoram desde 1942.
Os artigos definem os papéis do empregado e do empregador.
Ao longo do segundo
semestre, o presidente Michel Temer chegou a se reunir com empresários para
tratar da questão. Após uma dessas reuniões, com representantes do Comitê de
Líderes da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), o presidente da
Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, disse que para
melhorar a situação do déficit fiscal, serão necessárias “mudanças duras” tanto
na Previdência Social quanto nas leis trabalhistas.
Trabalhadores
A proposta de alterar a
legislação vem recebendo críticas das centrais sindicais. Em nota, a Central
Única dos Trabalhadores (CUT), que reúne cerca de 4 mil sindicatos, diz que as
mudanças podem resultar em "jornada de trabalho intermitente, com o trabalhador
ficando inteiramente à disposição do patrão e recebendo pagamento apenas pelas
horas trabalhadas, quando for recrutado, em contratos temporários com validade
de 180 dias e em demissões mais baratas, com redução da multa do Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), entre outras".
Segundo a entidade, uma
das principais propostas é a que institui a soberania do negociado sobre o
legislado. Isso significa que patrões e empregados ficariam livres para
promover negociações à revelia da legislação trabalhista. "Para os
críticos da proposta, a medida é perigosa porque tende a esvaziar direitos
históricos assegurados em lei", disse.
Agência Brasil


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