Manifestantes protestam contra o governo e pedem Diretas Já em vários estados.
Manifestantes ligados a
centrais sindicais e a movimentos de esquerda se reuniram hoje (21) em diversas
cidades do país. Eles protestaram contra o governo federal e a favor de
eleições diretas. No Rio de Janeiro, em Brasília e no Recife os protestos
tiveram pouca adesão na manhã deste domingo. Em Porto Alegre, o ato foi
cancelado em razão do mau tempo.
Na capital federal, cerca de
350 pessoas se reuniram em frente ao Museu da República. De acordo com o
tenente Marcus Uitálo Menezes, da Polícia Militar do DF, o ato, iniciado às 10h
e encerrado pouco mais de duas horas depois, foi pacífico.
As manifestações foram
motivadas pela delação premiada dos empresários Joesley e Wesley Batista, donos
da JBS. Ontem (20), o presidente Michel Temer afirmou que segue na Presidência
da República e pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a suspensão do inquérito
que o investiga.
Rio
de Janeiro
Servidores de diversas
categorias do estado do Rio e representantes de sindicatos se reuniram na Praia
de Copacabana, próximo do Hotel Copacabana Palace. De acordo com Ramon Carrera,
um dos líderes do Movimento Unificado dos Servidores Públicos Estaduais
(Muspe), que organizou o ato, a entidade já tinha marcado o encontro há duas
semanas para protestar sobre a situação precária dos servidores do Rio, que
enfrentam atrasos de salários e falta de condições de trabalho.
A manifestação era também
para pedir o impeachment do governador Luiz Fernando Pezão. Segundo Carrera,
com os últimos acontecimentos no país, o ato serviu para também protestar
contra o governo federal.
“Era um ato contra o governo
Pezão e contra a corrupção instalada no Rio de Janeiro, que ajudou a quebrar o
estado. No meio da convocação, feita há duas semanas, a gente teve essa
avalanche no governo federal, o que, para nós, é motivo de muita
tristeza."
Carrera, que é também
diretor-geral do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do Estado do Rio
de Janeiro (Sindjustiça), destacou que a Lei de Recuperação Fiscal dos Estados,
aprovada pelo Congresso e sancionada sexta-feira (19) sem vetos pelo presidente
Michel Temer, ainda terá de passar por votações de medidas complementares de
austeridade do estado como contrapartidas para assegurar a negociação das
dívidas, entre elas o aumento da contribuição previdenciária dos servidores e o
congelamento de reajustes salariais para as categorias.
A nova legislação é apontada
pelo governador Pezão como fundamental para colocar o pagamento dos servidores
em dia. Para o integrante do Muspe, há medidas que poderiam ser adotadas e não
provocar uma pressão sobre a população e servidores. “Os exemplos são cobrar o
crédito da Lei Kandir, da ordem de R$ 50 bilhões, a dívida ativa, de R$ 66
bilhões, fazer o enfrentamento e rever as isenções fiscais”, disse.
De acordo com Carrera, a
manifestação foi apartidária e custeada pelos sindicatos que vivem da
contribuição dos servidores. Durante o ato foi estendida uma faixa branca para
que os manifestantes escrevessem mensagens ou registrassem seus protestos.
Um outro grupo de
manifestantes se concentrou em frente à estação do metrô de São Conrado,
seguindo pela orla do bairro da zona sul carioca até o prédio onde mora o
presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM).
A organização e a Polícia
Militar não divulgaram o número de pessoas que participaram da manifestação.
Belo
Horizonte
Em Belo Horizonte, os
manifestantes se reuniram às 9h na Praça da Liberdade e seguiram para a Praça
Sete, tomando ruas do centro da capital mineira. Assim como o ato realizado na
última quinta-feira (18), a convocação foi realizada pela Frente Brasil Popular
e pela Frente Povo Sem Medo, grupos que reúnem centrais sindicais, sindicatos,
organizações estudantis e entidades dos movimentos sociais.
O principal mote dos
manifestantes foi o pedido de eleições diretas. "Só o voto popular pode
resolver essa imensa crise política, resgatar a democracia e credibilidade na
principal instituição brasileira" informava a convocação nas redes
sociais.
Segundo Beatriz Cerqueira,
presidente estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT-MG), a eleição
indireta não resolve a crise no país. "Na eleição indireta, o Congresso elegerá
o presidente da República e na sequência aprovará as reformas da Previdência e
trabalhista. Por isso, para nós a única saída é ocupar as ruas gritando Diretas
Já. Queremos de volta o direito de eleger o presidente", disse.
Para a sindicalista, o país
vem piorando. "Essa tem de ser uma luta de todos os brasileiros. São 14
milhões de desempregados. Por isso também queremos reformas do Judiciário,
tributária, porque o pobre é quem mais paga imposto hoje no Brasil, e política,
porque os deputados e senadores estão sempre votando contra os interesses da
população."
Recife
Na capital pernambucana, o
ato ocorreu no Marco Zero da cidade, localizado no Recife Antigo, e teve uma
proporção bem menor que o protesto da última quinta-feira (18).
Enquanto a reportagem esteve
no local, até 15h, cerca de 300 pessoas participaram da manifestação.
De acordo com Carlos Veras,
presidente estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT), uma das
organizações que convocaram a mobilização, já se previa que hoje não haveria
uma adesão massiva.
"O grande ato foi na
quinta. Queremos dialogar com as pessoas que vêm ao Marco Zero [local turístico
e de lazer] e nos mobilizarmos rumo à Brasília para o ato por Diretas Já do dia
24."
São
Paulo
Em São Paulo, o ato pelas
Diretas Já e contra o governo federal ocorreu sob forte chuva. Os manifestantes
tentaram se proteger da chuva embaixo das marquises ou usavam guarda-chuvas e
capas de chuva. O ato, convocado pelas frentes Brasil Popular e Povo sem Medo,
teve início por volta das 15h e foi encerrado às 18h.
O principal caminhão de som
foi instalado ao lado do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida
Paulista, e nele discursaram líderes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
(MTST), políticos e integrantes de centrais sindicais, entre elas a Central
Única dos Trabalhadores (CUT) e a Intersindical.
A Polícia Militar e os
organizadores não divulgaram o número de manifestantes. Segundo a PM, o
protesto transcorreu de forma absolutamente pacífica até este momento.
Segundo Edson Carneiro
Índio, secretário-geral da Intersindical, o ato defende a saída do presidente
da República, a convocação de eleições diretas no país e a imediata interrupção
da tramitação das reformas trabalhista e da Previdência. "Esse Congresso
não tem a menor condição de aprovar essas mudanças que mexem com a vida do povo
e nem de escolher um novo presidente”, afirmou Carneiro Índio.
Presidente da CUT, Vágner
Freitas disse que a chuva atrapalhou muito, mas defendeu a importância da
mobilização. Para Freitas, as eleições diretas no país seriam possíveis por
meio de uma emenda popular. Ele disse ainda que as centrais sindicais e os
movimentos sociais continuarão mobilizados no país e pretendem fazer um grande
ato na próxima quarta-feira, em Brasília. “Vamos continuar a mobilização e nas
ruas até ter eleição direta”, concluiu.
Fortaleza
Em Fortaleza, manifestantes
se reuniram na Praia de Iracema e fizeram passeata pela Avenida Beira Mar.
Organizado pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, o ato reuniu pessoas
da capital e do interior. As mensagens das faixas e cartazes exibiam frases com
palavras de ordem, entre elas Diretas Já.
"A solução para o país
neste momento é promover eleições diretas, para que possamos continuar o ciclo
de desenvolvimento interrompido pelo golpe", disse o vice-presidente da
União Nacional dos Estudantes (UNE) no Ceará, Luís Carlos de Sousa.
Agência Brasil
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