Após ter moto roubada, agente de saúde visita pacientes a cavalo na Paraíba.
Após ter moto roubada agente de saúde realiza visitas a cavalo emprestado |
Uma agente de saúde usou um
cavalo como meio de transporte para fazer visitas a pacientes na zona rural de
Santa Luzia, na região da Borborema da Paraíba, nesta terça-feira (6). Maria de
Lourdes Farias explicou que teve a moto dela roubada no sábado (3) e até
conseguiu outro veículo emprestado para trabalhar esta semana, mas, logo na
primeira visita, o pneu furou.
“O roubo foi na minha porta
e a moto era meu instrumento de trabalho. Eu tenho que fazer visitas na zona
rural, me deslocando de 30 a 50km, contando ida e volta. Eu fiquei apavorada,
desesperada. Consegui uma moto emprestada e quando cheguei no primeiro sítio, o
pneu baixou. Mas parece que Deus coloca um meio de a gente trabalhar. Na casa,
tinha um cavalo selado e eu pedi emprestado”, explicou Lourdes.
O paciente que Lourdes foi
visitar cedeu o animal e ela conseguiu fazer mais duas visitas em casas a cerca
de 15 km de distância. “Foi tudo se resolvendo. O que mais me preocupa é o
atendimento ao público, que é bem humilde. E a gente arranjou uma maneira de
não atrapalhar o trabalho”, contou.
Como agente de saúde,
Lourdes visita 35 famílias da zona rural de Santa Luzia para marcar exames,
fazer encaminhamentos para médicos e odontólogos, entre outros. Ela trabalha na
função há 25 anos.
Agente não tem auxílio para
transporte
A secretária de Saúde do
município, Mirtes Nóbrega, explicou que implantou o programa de agentes
comunitários na cidade em 1991. Antes, bicicletas eram disponibilizadas aos
agentes de saúde, mas devido às distâncias percorridas e risco de assaltos, o
transporte tinha sido abandonado.
“A gente se empolga quando
vê um agente de saúde que realmente veste a camisa. Ela está em um momento
crítico, triste, roubaram sua moto, está sem condições de comprar outra, mas em
nenhum momento ela questionou e colocou dificuldade para continuar o trabalho”,
comentou a secretária.
Mirtes esclareceu que a
Prefeitura não disponibiliza transporte ou combustível para os agentes de
saúde, apenas para equipes, e que dependeria de verbas federais para alterar
essa forma de trabalho. Mas garantiu que vai repensar o mapeamento dos agentes,
talvez aumentar uma vaga, para diminuir a distância que eles andam para visitar
os pacientes.
“Estamos em campanha de
vacinação contra a gripe, que o nosso município não atingiu a meta, e ela foi,
sozinha, no meio da mata, na seca, mesmo com todos os desafios. Ela subiu no
cavalo e continuou o trabalho. Ela merece aplausos, é um exemplo para muitas
pessoas que reclamam do trabalho que têm”, pontuou.
G1
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