“Meu filho não é bandido, ele é doente”, diz pai de preso por estupro em ônibus em SP.
“Meu filho não é bandido,
ele é doente”, disse o pai do homem suspeito de abusar sexualmente de pelo
menos 18 mulheres, a maioria delas dentro de ônibus, nos últimos oito anos em
São Paulo.
Sob a condição de que seu
nome e rosto não fossem divulgados, o aposentado de 65 anos aceitou falar nesta
quarta-feira (6) com o G1 sobre a prisão do filho, Diego Ferreira de Novais,
que está preso por um dos ataques cometidos.
O ajudante geral de 27 anos
e passou a ser um dos assuntos mais discutidos na imprensa nas últimas semanas
por conta das diversas passagens por crimes sexuais.
“Uma pessoa normal não faz
isso”, disse o pai de Diego, que não vê o filho desde a última prisão dele, no
sábado (2), quando o ajudante esfregou o pênis em uma empregada em um coletivo
no Centro da capital. Câmeras flagraram a prisão.
“Ele precisa de tratamento
psiquiátrico”, falou o aposentado, que tem mais oito filhos, e mora com alguns
deles em uma casa sem acabamento em uma comunidade de Americanópolis, Zona Sul
de São Paulo. A mulher dele não quis falar.
Vizinhos
Os vizinhos relataram à
reportagem que conhecem a família de Diego há anos e o ajudante era uma pessoa
que não demonstrava um comportamento sexual obsessivo até 2006, quando teria
sofrido um acidente de trânsito. O filho trabalhava com o pai, o ajudando a
colocar pisos de madeira.
“Eu aluguei uma Fiorino... E
mandei ele [Diego] embora. Foi, chegando na [Avenida] Cupecê e ele bateu o
carro. Ele não. O motorista bateu o carro. Ele saiu fora do... Ele saiu fora
e... bateu a cabeça”, recordou o pai do ajudante.
Diego estava no banco do
carona. “Ele estava sem cinto de segurança. Naquilo que o carro bateu e
capotou, ele... capotou. Ai ele saiu fora”, lembrou o aposentado, que falou que
o filho passou por cirurgia no Hospital das Clínicas.
E depois da operação, Diego
mudou o temperamento e passou a atacar mulheres, segundo o pai. “Piorou,
lógico”, lamentou.
Tratamento
Recentemente o ajudante
falou à polícia sobre o caso de 2006, comentando que ficou dois meses em coma e
quando saiu do hospital começou cometer os abusos sexuais. E que diante disso,
pedia ajuda psiquiátrica para se tratar.
Um delegado chegou a pedir
que o preso fosse submetido a exames psiquiátricos para saber se ele sofre de
alguma doença.
A Defensoria Pública, que
defende Diego, informou por meio de nota que entende que o ajudante deve ser
solto para receber eventual tratamento médico.
O Ministério Público (MP)
também pediu a realização de testes no ajudante, mas entende que ele tem de
continuar isolado.
Prisão
A sétima vítima de Diego
falou ao G1 que o abusador não é uma pessoa normal e precisa ser tratado e
separado do convívio social (assista vídeo acima).
O psiquiatra Guido Palomba
falou à reportagem que existe a possibilidade de que um trauma mude o
comportamento sexual de uma pessoa.
Diante da repercussão do
ataque cometido por Diego no último sábado, a Justiça decidiu manter Diego
preso preventivamente por estupro.
Diego está preso atualmente
no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros, na Zona Oeste. Caso ele
seja submetido ao incidente de insanidade mental e o resultado aponte que ele
sofre de alguma doença, o ajudante teria de ser transferido para um hospital
psiquiátrico, onde receberia tratamento e teria restrição de liberdade.
A Justiça determinou que
caberá ao juiz que for assumir o caso a possibilidade de avaliar se é
necessária a realização de exames em Diego.
Na segunda-feira (4), um
juiz condenou Diego por outro crime: violação sexual pelo fato de ele ter
tocado a vagina de uma estudante em uma condução. Foi a terceira condenação do
ajudante, mas a primeira que resultou em prisão: 2 anos em regime fechado.
Nas duas condenações
anteriores, ele recebeu pena de prestação de serviço por ter praticado
importunação ofensiva ao pudor. Diego responde ainda a nove processos por
crimes sexuais.
G1
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