Ex-assessor de Geddel vai à Justiça para pedir salário de volta
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O ex-ministro Geddel Vieira
Lima chega em Brasília, após ser preso na Bahia
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BRASÍLIA — O ex-assessor
parlamentar Job Ribeirão Brandão entrará com uma ação contra a família do
ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) para receber o montante do seu salário
que devolveu a ele e a seu irmão, o deputado federal Lúcio Vieira Lima
(PMDB-BA), nos últimos 28 anos de trabalho.
A defesa de Job usará como
base a remuneração de R$ 14.300 brutos, relativa ao cargo de assessor
parlamentar na Câmara dos Deputados, que Job ocupava no gabinete de Lúcio. Ele
foi exonerado em setembro, após ter sido preso na mesma operação que levou
Geddel de volta à cadeia. O ex-assessor foi detido depois que a Polícia Federal
encontrou suas digitais em notas dos R$ 51 milhões que estavam no “bunker” de
Geddel, apartamento em Salvador em que o peemedebista escondia o dinheiro.
Hoje, Job cumpre prisão domiciliar.
Em depoimento à Polícia
Federal (PF) e à Procuradoria Geral da República (PGR), Job relatou que tinha
um acordo com os Vieira Lima para devolver 80% do seu salário. Os advogados do
ex-assessor juntaram na ação documentos mostrando que, na prática, ele recebia
em torno de R$ 3.000 por mês, já que o rendimento líquido, após os descontos
obrigatórios, era de R$ 10.800, e ele ainda tinha que devolver parte do salário
à família Viera Lima.
— Ingressarei com medida
judicial contra a família Vieira Lima, objetivando o ressarcimento pelos danos
sofridos por Job, incluindo os salários que foi obrigado a devolver — afirmou o
advogado Marcelo Ferreira, lembrando que Job, de 49 anos, trabalha com a
família desde os 21.
Nesta segunda-feira, Job
entregará à PGR um aditamento do seu depoimento com extratos que mostram saques
contínuos e transferência para familiares de Geddel, realizados no período em
que trabalhou para eles. A defesa de Job também entrará com um pedido no
Supremo Tribunal Federal (STF) para que ele tenha perdão judicial.
Job negocia um acordo de
delação premiada com a PGR que, segundo envolvidos nas tratativas, pode ser
assinado nos próximos dias. Os extratos que serão entregues por Job são a
principal prova material para mostrar que a maior parte do salário que recebeu
nos últimos 28 anos de trabalho para a família Vieira Lima voltou para ela.
Os documentos mostram
diversos saques da conta de Job no Banco do Brasil feitos em caixas eletrônicos
distintos e em dias posteriores ao recebimento do salário de ex-assessor
parlamentar. As movimentações mostram que em menos de cinco dias a conta de Job
aparecia zerada. Há também transferências realizadas para familiares do
ex-ministro.
Job conseguiu levantar
apenas os extratos dos últimos cinco anos, via internet. A ideia dele e de sua
defesa é entregar aos procuradores todas as movimentações da conta feitas nos
20 anos que ele trabalhou com os Vieira Lima. Em alguns casos, Job apontará que
pagou despesas ou itens de consumo para a família por meio de transferências
bancárias.
A procuradora-geral, Raquel
Dodge, pediu ao STF a liberdade provisória de Job alegando que ele vem adotando
postura de quem quer contribuir com as investigações e que se comprometeu a
apresentar provas de parte dos crimes que confessou.
— Além da redução da fiança
de Job, já alcançada, espero a decisão do ministro Fachin acerca do pedido de
liberdade provisória, o que facilitará a colheita das provas relacionadas à
devolução de grande parte do salário de Job aos parlamentares — afirmou
Ferreira.
Jornal O Globo
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