VIOLÊNCIA: Vinte mulheres foram mortas nos primeiros 50 dias de 2018 na Paraíba.
Os primeiros 50 dias de
2018, 20 mulheres já foram mortas na Paraíba. O dado é da Secretaria de
Segurança e da Defesa Social (Seds) do Estado, mas de acordo com a juíza da
Vara de Violência Doméstica de João Pessoa, Rita de Cássia, esses homicídios
“são desafiadores e apontam que houve fatores pontuais envolvendo situações de
alcoolismo, drogas, ciúmes, eventos de festas de final de ano e carnaval”. O
que chama atenção é que, ainda segundo a juíza, muitos dos agressores não
possuíam antecedentes criminais.
Comparado a 2017, ano em que
76 mulheres foram mortas, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o
número inicial de 2018 demonstra seu peso. Quase um quarto das mulheres mortas
no ano passado já foram vítimas de homicídio este ano.
Importante destacar, no
entanto, que o número divulgado pela Seds corresponde a mortes de mulheres
vítimas de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI), homicídios dolosos ou
qualquer outro crime doloso que resulte em morte, tendo em vista que a
tipificação “feminicídio” apenas se consolida, conforme a lei, com o inquérito
policial.
As estatísticas de 2018
carregaram casos violentos. Quem também tornou-se mais um número foi Joseane
França de Lima, de 38 anos, morta com 28 facadas pelo marido, no dia 18 de
fevereiro, em Santa Rita. O companheiro, único suspeito do crime, justificou o
feminicídio com traição. Além disso, o suspeito fez várias publicações nas
redes sociais anunciando o crime.
Embora alguns casos não se
enquadrem em feminicídio, a tipificação ainda requer ampla discussão. “A nossa
preocupação maior é atuar não só no combate dessa violência, mas principalmente
na prevenção, através de políticas públicas transformadoras dessa consciência
cultural machista, patriarcal, sexista, que coloca a mulher em situação de
desigualdade e dominação em relação ao homem”, ressaltou a juíza Rita de
Cássia.
Conforme explica Rita de
Cássia, o feminicídio, lei nº 13.104/2015, é caracterizado pelo assassinato
contra a mulher em razão da condição do sexo feminino, quando o crime envolve
violência familiar, menosprezo ou discriminação à condição de mulher. “Nem todo
crime praticado contra mulher incide na figura do feminicídio e a lei é bem
clara a esse respeito”, explicou.
Busque ajuda
Nove delegacias
especializadas de atendimento à mulher estão distribuídas na Paraíba, nas
cidades de João Pessoa, Campina Grande, Cabedelo, Bayeux, Santa Rita,
Guarabira, Patos, Sousa e Cajazeiras. “Tratando de violência doméstica, as
mulheres devem buscar ajuda, logo que sentirem os primeiros gestos de violência
por parte dos seus agressores, seja violência psicológica, moral, maus tratos,
menosprezo, ofensas e agressão física”, destacou Rita de Cássia. Confira a
lista com as delegacias especializadas do Estado.
Outros mecanismos também
estão à disposição das vítimas. Se for apenas uma orientação, podem buscar
ajuda nos Centros de Referência, na Promotoria da Mulher e Equipe
Multidisciplinar do Juizado de Violência Doméstica, em João Pessoa e Campina
Grande.
G1
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