Juiz do TRF-1 diz que Moro promove descumprimento de decisão da corte.
O juiz do TRF-1 (Tribunal
Regional Federal da 1ª Região) Ney Bello acusou o juiz Sergio Moro de ter
instigado autoridades a descumprir decisão da corte, “sob argumento de sua
própria autoridade”, ao ter determinado a continuidade de uma extradição que havia
sido suspensa pelo tribunal.
A manifestação de Bello,
publicada em nota no site da corte, é uma reação a despacho de Moro no qual o
magistrado titular da Lava Jato afirma que o TRF-1 não poderia ter decido sobre
o encaminhamento ao Brasil do consultor na área de petróleo Raul Schmidt,
luso-brasileiro que é investigado pela suposta atuação como operador de esquema
de corrupção na Petrobras.
O TRF-1 não julga temas
pertinentes à Lava Jato em Curitiba pois sua competência não abrange a Justiça
Federal no sul do país. O tribunal passou a tratar da extradição de Schmidt
depois que o tema chegou à Justiça Federal no Distrito Federal.
De acordo com Moro,
eventuais contestações sobre o tema não deveriam ficar a cargo do TRF-1, mas
sob os cuidados do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), responsável
pelas causas na região sul, e por isso os trâmites para o envio de Schmidt ao
Brasil deveriam ter prosseguimento.
Já Bello afirma que a
questão da competência para definir a situação do suspeito já foi enviada a um
tribunal superior, o STJ (Superior Tribunal de Justiça), e Moro deveria
aguardar a solução da divergência judicial.
Segundo o magistrado do
TRF-1, “não é minimamente razoável que um dos juízes arvore-se por competente e
decida por si só, sem aguardar a decisão da corte superior”.
“A instigação ao
descumprimento de ordem judicial emitida por um juiz autoriza toda a sociedade
a descumprir ordens judiciais de quaisquer instâncias, substituindo a
normalidade das decisões judiciais pelo equívoco das pretensões individuais”,
completa.
Em janeiro, a defesa de
Schmidt apresentou habeas corpus ao STJ requerendo a concessão de uma liminar
para impedir a extradição, mas o tribunal superior negou o pedido.
Folha de São Paulo
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