Greve dos caminhoneiros chega ao 9º dia com falta de gás de cozinha e alimentos na PB.
A greve dos caminhoneiros
chegou ao 9º dia na Paraíba, nesta terça-feira (29). Mesmo após uma nova
proposta do Governo Federal, com novas medidas para a redução no valor do
diesel, a categoria permanece com a greve e até a tarde da segunda-feira (28)
havia 14 pontos de interdição em rodovias, segundo a Polícia Rodoviária Federal
(PRF).
No 9º dia de greve, já falta
alimentos em hospitais e não há previsão para a chegada de gás de cozinha na
capital paraibana. Os postos de gasolina já começam a ser reabastecidos com
maior frequência e, na cidade de Santa Rita, Região Metropolitana de João Pessoa,
a prefeitura divulgou nota informando que não tem como fazer a coleta de lixo
por falta de combustível.
De acordo com o presidente
do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário de
Passageiros e Cargas do Estado da Paraíba, Antônio de Pádua, o sindicato não
vai se posicionar sobre o assunto, pois a situação se trata de "uma greve
sem comando". O sindicato apoio o movimento, mas não vai se posicionar
sobre o assunto.
Já o presidente do Sindicato
de Condutores de Transporte de Combustíveis e Produtos Perigosos, Emerson
Galdino, informou nesta segunda-feira, que os caminhoneiros estão dispostos a
manter a movimentação no ponto de distribuição no Porto de Cabedelo. No
entanto, ele afirmou que essa não é mais uma orientação do sindicato.
Frota de ônibus reduzida
As frotas de ônibus de João
Pessoa e Campina Grande comaçaram a ser reduzidas no 3º dia de paralisação, na
quarta-feira (25). Na quarta-feira, em João Pessoa, a frota foi reduzida a 75%,
circulando com o equivalente ao número de ônibus que atende aos passageiros nos
sábados. Nesta terça-feira (29), a programação do Sindicato das Empresas de
Transportes Coletivos Urbanos de João Pessoa (Sintur-JP) é que 70% da frota de
ônibus esteja nas ruas.
Na Estação Ferroviária, os
trens estão funcionando normalmente, de acordo com a Companhia Brasileira de
Trens Urbanos. No Terminal Rodoviário, nove empresas suspenderam todas as suas
viagens.
Em Campina Grande, a redução
foi de 40% da frota, circulando 60%, desde a quarta-feira (23) até esta
terça-feira.
Falta de combustível
Pelo menos sete caminhões
tanques carregados com combustíveis chegaram a cidade de Campina Grande, na
noite desta segunda-feira (28). A informação foi confirmada pela Polícia
Militar, que escoltou os veículos até a cidade. Com esses carregamentos, oito
postos devem voltar a abastecer entre a noite desta segunda-feira e início da
manhã desta terça-feira.
Em João Pessoa, as filas nos
postos de gasolina já estão reduzindo. Os estabelecimentos estão recebendo uma
carga maior de combustíveis, pois a liberação dos caminhões no Porto de
Cabedelo, na segunda-feira, aumentou. Os grevistas que estão parados no Porto,
estão liberando os motoristas que querem carregar os veículos e abastecer os
postos.
Falta de gás de cozinha
Por causa da paralisação dos
caminhoneiros, paraibanos estão tendo dificuldades em encontrar gás de cozinha.
De acordo com o sindicato dos revendedores de gás na Paraíba, as pequenas
revendedoras estão sem botijões cheios no estoque e mesmo após o fim da
paralisação, a distribuição deve demorar um pouco até normalizar. Em Campina
Grande, o botijão que era vendido entre R$ 60 e R$ 70, chegou a custar R$ 130
para um estudante.
Segundo o sindicato, na
segunda-feira (28) chegaram duas carretas com gás que ficaram retidas na
entrada de Campina Grande no início da paralisação. No entanto, nesta
terça-feira (29), não há mais gás de cozinha no estoque.
Em João Pessoa, ainda não há
previsão de reabastecimento. Segundo, o sindicato, o produto existe, mas não
tem como sair do Porto. No Sertão da Paraíba, até o domingo (28), o gás de
cozinha estava sendo vendido, mas nesta segunda-feira não há mais revendedoras
com estoque.
Em nota, o Sindigás informou
que algumas praças ainda possuem um estoque mínimo de GLP. "Grevistas e
forças policiais estão permitindo apenas a passagem de caminhões com GLP granel
para abastecer serviços essenciais, como hospitais, creches, escolas e
presídios. Porém, caminhões com botijões de 13 kg, 20 kg, 45 kg vazios ou
cheios com nota fiscal a caminho das revendas não são reconhecidos pelos
grevistas como abastecimento de um serviço essencial".
Falta de alimentos
De acordo com o diretor
presidente da Empasa, José Tavares, as situações de abastecimento de alimentos
em Campina Grande, João Pessoa e Patos continua sem perspectiva nesta
terça-feira (29).
Na unidade de João Pessoa,
chegou nesta terça-feira um carregamento com cinco mil quilos de tomates, três
mil quilos de batata e 3 mil quilos de cebola. Segundo José Tavares, o
abastecimento foi um repasse de Campina Grande, que tinha um caminhão na
barreira da paralisação e conseguiu cortar o bloqueio dos caminhoneiros. Em
dias normais, a Empasa registra um abastecimento de até 200 mil quilos de
produtos.
Na segunda-feira (28),
chegaram na capital carregamentos de tubérculos e folhosos, que são produzidos
no litoral da Paraíba e não precisaram cortar o bloqueio dos caminhoneiros. Em
Campina Grande e em Patos, os carregamentos continuam sem chegar nas unidades.
De acordo com José Tavares, as mercadorias podem se esgotar ainda nesta
segunda-feira.
Hospitais
O fornecimento de refeições
para acompanhantes e funcionários do Complexo Hospitalar de Mangabeira, o
Trauminha, foi suspenso temporariamente, desde a segunda-feira (28), conforme
informou a assessoria de imprensa da unidade de saúde. Além disso, as cirurgias
eletivas que estavam marcadas também foram suspensas.
De acordo com a assessoria
de imprensa do Trauminha, os pacientes continuam recebendo as refeições e
medicamentos regularmente. No entanto, essas medidas foram adotadas para evitar
o desabastecimento, já que os materiais necessários não estariam chegando ao
local, tendo em vista a greve dos caminhoneiros.
No Hospital da Fundação
Assistencial da Paraíba (FAP), em Campina Grande, referência para tratamentos
de câncer, os alimentos já estão precisando ser racionados para não faltar. De
acordo com o diretor do hospital, Helder Macedo, as medidas são para controlar
o número de refeições servidas no refeitório e priorizar os pacientes.
Além disso, a maioria dos
pacientes que fazem hemodiálise no hospital da FAP são de outras cidades da
Paraíba e precisam se locomover até Campina Grande. No entanto, além da
dificuldade de passar pelas estradas, esbarram no problema da falta de
combustível.
Aeroportos
De acordo com um boletim
emitido pela Infraero nesta terça-feira (29), o aeroporto de João Pessoa está
sem combustível desde o domingo. Apesar da falta de combustível, o órgão lembra
que os aeroportos estão abertos para pousos e decolagens. Aos passageiros, a
Infraero recomenda que procurem as companhias para consultar a situação dos
voos.
Até às 7h40 desta
terça-feira, nenhum voo foi cancelado no Aeroporto João Suassuna, em Campina
Grande, e no Aeroporto Internacional de João Pessoa.
Escolas e universidade
O desabastecimento e as
interdições em estradas têm causado suspensão de aulas e serviços, atrasos e
faltas de funcionários, professores e alunos de escolas e universidades
públicas e particulares na Paraíba.
As universidades públicas na
Paraíba continuam com restrições nas atividades acadêmicas na terça-feira (29),
durante a greve dos caminhoneiros. Em algumas instituições ainda estão sendo
mantidas atividades administrativas e setores de serviço à população.
As aulas da rede municipal
de ensino foram suspensas até a próxima sexta-feira (1º), apenas as creches
estão funcionamento, mas até o meio dia, devido a falta de gás de cozinha e
desabastecimento de alguns alimentos. As aulas da rede estadual de ensino e da
rede privada estão normais nesta terça-feira.
G1
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