Pastores são presos suspeitos de obter R$ 15 milhões aplicando golpes em fiéis de Goianésia.
Os pastores evangélicos
Alencar Santos Buriti e Osório José Lopes Junior foram presos, na sexta-feira
(18), suspeitos de obter R$ 15 milhões aplicando golpes em fiéis de Goianésia,
na região central de Goiás. Segundo a Polícia Civil, a dupla alegava que havia
ganhado um título de R$ 1 bilhão, mas precisava reunir fundos para conseguir
recebê-lo. Um terceiro suspeito também foi detido.
Em entrevista ao G1, o
delegado Marco Antônio Maia Júnior, responsável pelas investigações, afirmou
que para receber o dinheiro das vítimas, os religiosos prometiam a quem
colaborasse, lucros de até 10 vezes do valor aplicado. Ele revelou que
moradores chegaram a vender a própria casa para ajudar os pastores, e fazer o
investimento.
“Eles alegavam, e continuam
com esta versão, que ganharam o título bilionário depois de fazer orações para
o filho de um fazendeiro rico de Roraima, que teria alcançado a graça desejada.
Os pastores afirmavam que precisavam agalhar fundos para montar um escritório
de cobrança e receber os recursos”.
“Fiéis chegaram a perder
tudo para ‘colaborar’ com o pastor, na esperança de lucros grandes’, disse ao
G1.
O advogado de defesa dos
religiosos, Edemundo Dias, disse por telefone ao G1 que teve acesso ao
inquérito na sexta-feira e que ainda está o analisando. Dias afirmou que os
clientes colaboraram com as investigações, por meio de depoimentos, e que, do
ponto de vista da defesa, não há motivo para eles permanecerem presos.
“Estamos examinando o
inquérito. Eles alegam que tem um crédito e tem um contrato de
confidencialidade. Além disto, afirmam que as pessoas que emprestaram,
emprestaram conscientemente, ou seja, eles não enganaram ninguém. Vamos
solicitar a revogação da prisão, para que eles respondam em liberdade e possam
saldar a dívida com os credores”, disse o advogado.
Os pastores Alencar e Osório
foram presos no âmbito da Operação Habacuque, deflagrada na manhã de
sexta-feira, em Goianésia e Leopoldo de Bulhões, na Região Metropolitana de
Goiânia. Além dos líderes religiosos, um fiel, identificado por Adilson Ney
Lopes, foi preso suspeito de ajuda-los no esquema.
Segundo o delegado, até
agora foram identificadas 30 vítimas. Há a suspeita de que o esquema tenha
feito vítimas em outros estados da Federação.
“Esta foi uma etapa inicial.
Depois do caso, já estávamos recebendo informações de vítimas em Uruaçu, outros
municípios goianos, e, inclusive, fora do estado. São pessoas que venderam suas
próprias casas, fazendas e pequenas propriedades rurais da suas famílias, e
entregaram tudo nas mãos dos pastores”, revelou.
A mulher do pastor Osório
chegou a ser detida, mas foi liberada após ser ouvida pela polícia.
Conforme a corporação, o
trio vai responder por associação criminosa, estelionato e lavagem de dinheiro.
Ostentação
A investigação apontou que
os dois pastores ostentavam dinheiro e poder, em Goianésia. Segundo o delegado,
o pastor Osório morava em uma casa de luxo na cidade, e chegava a alugar
helicóptero para viajar da cidade para outras regiões. A Polícia Civil
identificou, por meio da quebra do sigilo bancário, que os religiosos
movimentaram R$ 20 milhões no banco.
“É uma quantia vultuosa que
ainda não conseguimos identificar onde foi parar. Mas eles tinham uma conduta
de muita ostentação na cidade. Um deles chegava a ter 5 seguranças dentro de
casa. Eles fundaram uma empresa fictícia com capital de R$ 1 bilhão. Enfim, não
só criaram uma situação de que tinham muito dinheiro, como mantinham tudo isso
com recursos dos fieis”, explicou.
Investigações
A Operação Habacuque, cujo
termo vem do nome de um texto bíblico que fala sobre pessoas que lucram às
custas do próximo, começou depois que alguns fiéis, preocupados por não terem
recebido o dinheiro no tempo prometido, resolveram procurar a delegacia.
Segundo o delegado, os
golpes foram aplicados entre os anos de 2015 e 2017, mas só no último ano os
fiéis começaram a procurar a delegacia. Ele acredita que agora, com a repercussão
da prisão dos dois, a polícia deve identificar mais vítimas.
“Apenas dois anos depois de
terem investido, e sem receber o retorno, ficaram preocupados, porque tinham
apostado tudo naquilo na esperança de terem lucros, então vieram procurar a
gente e começamos a apurar. Com o andar das investigações e quebra do sigilo,
estivemos diante de todo este golpe aplicado aos fiéis”, afirmou.
G1
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