Médico é condenado a 10 anos por estuprar pacientes durante consultas em GO.
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O médico Joaquim de Sousa
Lima Neto, 58, condenado por três estupros e três violações sexuais contra
pacientes durante consultas - Divulgação/Polícia Civil.
A Justiça de Goiás condenou,
na semana passada, o médico Joaquim de Sousa Lima Neto, 58, a dez anos, nove
meses e 18 dias de prisão, em regime inicialmente fechado, por três estupros e
três violações sexuais contra pacientes durante consultas ginecológicas. O
médico está preso desde janeiro, quando a Polícia Civil tomou conhecimento dos
casos.
Após as acusações recentes
contra ele, outras 32 mulheres procuraram a Delegacia Especializada no
Atendimento à Mulher (DEM) de Goiânia, onde ele atuava, para prestar queixa
pelos mesmos crimes. Entretanto, na maioria dos casos, o prazo da denúncia já
havia prescrito.
Segundo as investigações da
Polícia Civil, ele agia sempre de forma semelhante: introduzia o dedo nas
genitais das vítimas e as ofendia verbalmente enquanto elas estavam deitadas na
maca. Em um dos casos, ele teria chegado a praticar sexo oral na paciente,
segundo apurou o UOL na ocasião da prisão. O médico trabalhou por 30 anos em um
grande hospital na região central da cidade.
Em sua justificativa, o
Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) alegou que o médico
aproveitava-se do momento de vulnerabilidade após as vítimas estarem despidas
para o exame e violava as mulheres sexualmente, chegando a estuprar algumas
delas. Ainda segundo o MP-GO, o acusado fazia perguntas de cunho sexual
impertinentes à consulta médica, oferecendo orientações para melhorar o
desempenho da relação sexual, embora as pacientes não tivessem solicitado
nenhum auxílio nesse sentido.
"Ficou comprovado nos
autos que o réu, valendo-se de sua condição de médico e das características
próprias do exame ginecológico, induziu as vítimas em erro, a fim de praticar
atos libidinosos diversos da conjunção carnal, utilizando-se de meio
fraudulento que dificultou a livre manifestação da vontade das ofendidas,
consistente na realização de exame de toque ginecológico, sem que houvesse a
efetiva necessidade do mencionado exame", escreveu na sentença a juíza
Placidina Pires, da 10ª Vara Criminal de Goiânia.
Segundo a sentença, a defesa
do médico argumentou que, devido a sua altura, ele não teria condições de
estuprar as vítimas da forma como foi relatado. Procurado pelo UOL, o advogado
que defende o médico não retornou para comentar a sentença.
O Conselho Regional de
Medicina (Cremego) informou que, no final de janeiro, após tomar conhecimento
da prisão do médico por suspeita de abuso sexual contra pacientes, instaurou
uma sindicância para apurar a conduta do profissional.
Entretanto, ressaltou que
"o procedimento, em andamento no Conselho, tramita em sigilo processual,
conforme determina o Código de Processo Ético-Profissional (CPEP) médico".
Ainda segundo o órgão, a
instauração de ação penal e a condenação do médico pela Justiça não interferem
na tramitação do processo no Cremego, que apura infrações ao Código de Ética
Médica.
Mesmo preso e condenado pela
Justiça, o médico "atualmente, encontra-se em situação regular junto ao
Cremego, podendo exercer normalmente a medicina em Goiás", informou o
Conselho.
O Conselho informou ainda
que, conforme já divulgado anteriormente e de acordo com informação disponível
no site do Cremego a todos os interessados, o médico não tem registro na
especialidade de ginecologia. O anúncio de especialidade não registrada
infringe normas do Conselho Federal de Medicina
(CFM) e também está sendo apurado pelo Cremego.
UOL
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