Caminhoneiros avaliam paralisação após decisão de ministro do STF sobre frete.
Após a decisão do ministro
Luiz Fux do STF (Supremo Tribunal Federal), que nesta quinta-feira (6)
suspendeu a aplicação de multas contra empresas que não cumprirem a tabela do
frete, grupos de caminhoneiros voltaram a ficar agitados com a discussão de uma
possível nova paralisação.
Um dos líderes do movimento
ocorrido em maio, Wallace Landim, o "Chorão", disse à reportagem que
uma paralisação não está descartada, mas que só vai se posicionar sobre o
assunto após conversar com a AGU (Advocacia-Geral da União).
Ele tentará se encontrar com
a advogada-geral da União, Grace Mendonça, ainda nesta sexta (7). O encontro,
porém, não está confirmado.
"Eu só vou me
posicionar depois que eu conversar com o pessoal da AGU. Mas não está
descartado, não. Se precisar, a partir da próxima semana, a gente já está se
articulando", disse Chorão.
Por grupos de redes sociais,
já corre uma convocação para mobilização na madrugada de domingo (9).
O diretor do Sindicam de
Ourinhos (Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens do Estado
de São Paulo), Ariovaldo de Almeida Junior, pede que os caminhoneiros reflitam
sobre uma paralisação de 24 horas.
"Gostaria de conversar
com todos vocês para que a categoria dê uma resposta imediata a toda e qualquer
ameaça aos nossos direitos, lutas e conquistas. Esse tipo de atitude não só nos
prejudica, como coloca em cheque o próprio piso mínimo, como coloca em cheque a
nossa dignidade, o nosso orgulho e tudo aquilo que fizemos", escreveu.
A decisão de Fux impede que
as empresas que não pagarem o valor mínimo estabelecido pela ANTT (Agência
Nacional de Transportes Terrestres) para o transporte de mercadorias por
caminhões sejam multadas.
Fux atendeu a um pleito da
CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) para analisar com
urgência um pedido de medida cautelar que visava suspender a tabela do frete. A
CNA alegou que a ANTT editou uma nova resolução em novembro com mais
penalidades.
O ministro é relator de uma
série de ADIs (ações diretas de inconstitucionalidade) que contestam no Supremo
o tabelamento.
O magistrado destacou, na
decisão, informações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento que
afirmam que o tabelamento gerou "entraves e prejuízos".
A medida provisória editada
pelo governo de Michel Temer em maio que instituiu a tabela do frete foi
aprovada pelo Congresso em julho e sancionada pelo presidente em agosto.
"Então quer dizer que
os 513 deputados não servem para nada, não entendem nada de lei? O Senado não
entende nada? O que presidente sancionou não vale nada?", questionou
Chorão.
"Nós transportamos a
riqueza no país. Vamos colocar na balança e vamos ver o que vai
acontecer."
Chorão afirmou também que
participou de um encontro com o futuro ministro da Infraestrutura (pasta que
vai incorporar também os Transportes), Tarcísio Gomes de Freitas, nesta quinta,
e que ele disse que o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), estaria ao lado
dos caminhoneiros.
"O futuro ministro
deixou a gente bem tranquilo e falou que o Bolsonaro estaria junto
conosco."
O presidente do Sinditac
(Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga) de Ijuí (RS), Carlos Alberto
Litti Dahmer, também disse ter participado da reunião com outras lideranças de
caminhoneiros, da qual teria participado ainda o futuro ministro da Cidadania,
Osmar Terra.
Segundo Litti, Freitas
reafirmou o que havia dito pela imprensa a favor do piso, "entre outras
ações que pretende implementar em favor dos caminhoneiros".
O ministro deferiu a medida
cautelar para suspender a aplicação das medidas administrativas, coercitivas e
punitivas previstas na lei que instituiu o tabelamento, e também a aplicação de
multas pela ANTT para quem não cumprir os preços da tabela.
Na prática, a suspensão das
punições esvazia as normas que instituíram o tabelamento.
"Determino, por
consequência, que a ANTT e outros órgãos federais se abstenham de aplicar
penalidades aos embarcadores, até o exame do mérito da presente Ação Direta
pelo plenário", concluiu Fux. Não há data para o plenário do Supremo
julgar o mérito da ação.
Folhapress
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