Em meio à confusão, vereadores elegem nova mesa diretora na Câmara de Santa Cruz, RN.
Ao centro o presidente eleito |
Em meio a gritaria,
empurrões e troca de acusações, a Câmara Municipal de Santa Cruz, região
Agreste potiguar, elegeu na noite desta terça-feira (11) a nova mesa diretora
do Legislativo depois que a prefeita, o vice-prefeito e seis dos nove
vereadores tiveram os cargos cassados pela Justiça Eleitoral. Seis suplentes
tomaram posse semana passada e participaram do pleito marcado por força de
decisão judicial.
O presidente eleito foi o
parlamentar Marco Celito da Costa. Apesar disso, Celito deverá assumir a prefeitura
interinamente até o Tribunal Regional Eleitoral marcar uma eleição suplementar
no município, no próximo ano. Com isso, o vereador Gean Paraibano, que já tinha
o cargo de vice-presidente do Legislativo, ficará com o comando da Casa.
Além do presidente, foram
eleitos o primeiro secretário, Renato Locutor, o segundo secretário, Edmilson
Silva e Fábio Dias, como suplente. Todos os eleitos eram suplentes que tomaram
posse dos cargos na semana passada.
A sessão foi marcada por
tumultos no plenário e chegou a ser suspensa por pelo menos três vezes, por
causa do barulho das pessoas que acompanhavam a votação. Gean Paraibano, que
presidia interinamente o Legislativo e comandava a sessão, chegou a encerrá-la,
adiando o pleito, e o grupo dele deixou o plenário.
Porém o outro grupo de cinco
vereadores reabriu a sessão (presidida pelo parlamentar "mais idoso",
conforme o regimento interno determina, na ausência de membros da mesa)
alegando que havia uma decisão judicial que determinava a escolha na data.
Seis suplentes foram
empossados vereadores na Câmara Municipal de Santa Cruz na quarta-feira (5). O
ato aconteceu depois que seis parlamentares, incluindo o então presidente do
Legislativo, tiveram os mandatos cassados pela Justiça Eleitoral. A decisão do
Tribunal Regional Eleitoral foi confirmada pelo Tribunal Superior Eleitoral
(TSE).
A nomeação imediata dos
suplentes foi determinada pelo Juiz Solano Batista de Morais, da Vara Cível de
Santa Cruz. Na decisão, o magistrado considerou que o vereador Gean Paraibano,
que era vice-presidente do Legislativo e acabou assumindo interinamente a
presidência da Casa e a Prefeitura, estava dificultando a posse dos suplentes
para obstruir a escolha do novo presidente.
No último dia 27 de
novembro, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) cassou a prefeita Fernanda da
Costa Bezerra (MDB) o vice-prefeito Ivanildo Ferreira Lima Filho (PSB), além de
seis vereadores: Ana Fabrícia de Araújo Silva Rodrigues de Souza, a Aninha de
Cleide; Jefferson Monik Gonçalo Lima de Melo; Mário Augusto Ferreira de Farias
Guedes; Raimundo Fernandes Soares; Tarcísio Reinaldo da Silva; e Thiago Augusto
Fonseca Gomes, o Dr Thiago.
Eles foram acusados de
prática de abuso de poder político com repercussão econômica nas eleições de
2016. Eles recorreram, mas a condenação foi mantida pelo TSE.
Segundo o Ministério Público
Eleitoral, as irregularidades cometidas foram distribuições de “cotas” mensais
aos aliados da prefeita para aquisição de medicamentos com recursos públicos.
As ações foram alvo de uma ação de investigação judicial do MP Eleitoral e
ocorreram durante o primeiro mandato da prefeita, intensificando-se, segundo os
procuradores, nas vésperas das eleições de 2016.
O MP alegou que ela fazia
uso do contrato firmado pelo Município com uma farmácia para conceder vantagens
a vereadores da base governista, aos quais se juntaram outros aliados políticos
com a proximidade das eleições.
O esquema
De acordo com as
investigações, cada um dos beneficiados tinha um limite mensal fixo de compras
de medicamentos denominado “cotas”. A dos vereadores era de R$ 900, enquanto
para os demais aliados foram fixados diferentes tetos de compra. O controle era
feito pela drogaria em cadernos específicos para cada “cliente”, nos quais eram
anotados à mão os respectivos consumos, com descrição de
data/medicamente/valor.
Se a cota não fosse usada
dentro do mês, era repassada para o mês seguinte e o limite foi extrapolado nas
proximidades das eleições. “Vê-se, à toda evidência, que o aumento
significativo dos valores pagos à farmácia, tanto em nível global quanto
individual (vereadores), justamente nos meses que antecedem a eleição revela
que as condutas em apuração ostentam nítido desiderato de influenciar no pleito
eleitoral que, à época, se avizinhava”, concluiu o juiz Wlademir Capistrano,
relator do processo no TRE/RN.
A decisão do Tribunal
Regional – que seguiu parecer do MP Eleitoral - decretou, além da cassação dos
diplomas e do afastamento dos cargos, a inelegibilidade dos condenados por um
período de oito anos. Outros seis envolvidos foram condenados à inelegibilidade
por igual período, Francisca Frassinete Dantas Gomes e Marcos Antônio Gomes dos
Santos (proprietários da farmácia); Myllena Sanneza de Lima Bulhões Ferreira
(secretária de saúde); Sueli Gomes Crisanto Reinaldo (secretária de Finanças);
Acrísio Gomes Júnior (ex-vereador e pai do atual vereador Thiago Fonseca); e
Genaro Fernandes da Silva Filho.
G1
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