MEC lança Base Comum de Formação de Professores da Educação Básica.
A formação de professores
deverá ser mais voltada para a prática e orientada por competências, conforme
propostas incluídas na Base Nacional Comum da Formação de Professores da
Educação Básica, apresentada hoje (13) pelo Ministério da Educação (MEC). A
base deverá orientar a formação de professores em licenciaturas e cursos de
pedagogia em todas as faculdades, universidades e instituições públicas e
particulares de ensino do país.
O documento inclui ainda
propostas para ingresso na carreira docente; o estágio probatório; a formação
continuada e a progressão ao longo da carreira.
De acordo com a base, desde
o primeiro semestre, os futuros professores deverão ter atividades práticas em
uma escola pelo menos uma vez por semana. Cada faculdade ou instituição de
ensino deverá ser associada a uma ou mais escolas de educação básica.
O modelo é inspirado na
residência médica e na de outros profissionais da saúde. A residência
pedagógica inclui supervisão por um professor do curso superior de formação e
apoio permanente de profissionais experientes da escola ou do ambiente de
aprendizagem no qual se realiza a residência.
Além de atividades práticas,
os residentes terão que observar, analisar e propor intervenções na escola. A
residência deverá ainda ser regulamentada por normas próprias.
Competências
A base sugere também que o
aprendizado dos professores seja orientado por competências. Segundo o MEC, uma
competência é um conjunto de domínios. “Não basta que o professor tenha o saber
conceitual ou a capacidade transmissiva, ele precisa desenvolver o domínio
relacional, a habilidade de conviver na diversidade das situações de sala de
aula e estar comprometido com o seu fazer profissional”, diz o texto.
Os futuros professores
deverão ser formados com base em 10 competências gerais, entre as quais,
“compreender e utilizar conhecimento historicamente construídos para poder
ensinar a realidade com engajamento na aprendizagem do aluno e na sua própria
aprendizagem, colaborando para a construção de uma sociedade mais justa,
democrática e inclusiva” e “pesquisar, investigar, refletir, realizar análise
crítica, usar a criatividade e soluções tecnológicas para selecionar, organizar
com clareza e planejar práticas pedagógicas desafiadoras, coerentes e
significativas”.
Além das competências
gerais, o documento menciona quatro competências específicas para serem
desenvolvidas em cada uma das seguintes imensões: conhecimento profissional,
prática profissional e engajamento profissional.
Estágio probatório
Pela Base Nacional Comum da
Formação de Professores da Educação Básica, depois de entrar nas escolas, os
professores novatos deverão ser acompanhados pelos mais experientes, que terão
papel de mentores, orientando e auxiliando os novatos.
Para sair do estágio
probatório, o professor terá que demonstrar domínio de determinadas habilidades
e de competências previstas na base. Ele deverá apresentar um portfólio e ser
avaliado pelo mentor e pela equipe gestora da escola.
Outra proposta é que os
professores continuem aprendendo mesmo após deixar a faculdade. Essa formação
ocorrerá em três planos: nas redes escolares, onde os gestores deverão
organizar cursos e planejar atividades de formação; no âmbito externo, com a
participação em eventos educacionais, em cursos e em pós-graduações; e dentro
das próprias escolas, que deverão organizar ações formativas com os
professores.
Plano de carreira
A sugestão do MEC é que os
professores progridam na carreira de acordo com o desenvolvimento de
determinadas competências e habilidades. Haverá quatro níveis de proficiência:
inicial, para o formado na graduação; probatório, para os novatos; altamente
eficiente, para quem está em nível avançado na carreira e deverá demonstrar
habilidades complexas; e o líder, que estará no nível mais alto e terá
responsabilidades e compromissos mais amplos.
De acordo com o ministério,
a proposta para plano de carreira e formação continuada deverá ser discutida
com as entidades representativas dos estados e municípios. Em um país de
dimensões continentais, “é estruturante ter uma coordenação nacional para
estabelecer calibradores de qualidade e acompanhamento das ações nos diferentes
níveis de governo”, acrescenta o MEC. A intenção é oferecer instrumento de
gestão “que vai além de cargos e salários”.
Mudanças no Enade
A base traz sugestões de
modificação do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) para que seja
anual e sirva como habilitação à docência. O Enade avalia os estudantes de
graduação ao final da formação. Atualmente o exame é aplicado para grupos
diferentes de cursos a cada ano, e um mesmo curso é avaliado a cada três anos.
A proposta é que todos aqueles que estejam concluindo licenciaturas façam
obrigatoriamente o exame.
Segundo a base, os
estudantes de licenciatura poderiam fazer o exame ainda durante a graduação ou
depois dela e, caso aprovados, poderiam se habilitar para serem professores.
Pela proposta do MEC, o exame poderia servir ainda como parte do ingresso em
concursos públicos. A pasta pondera que a proposta ainda precisa de discussão e
regulamentação.
O documento sugere ainda que
seja criado um instituto nacional de acreditação e formação de profissionais da
educação que concentre todas as ações, hoje em vários setores do MEC, como
acreditação de cursos de formação inicial, formulação de políticas de formação,
avaliação e monitoramento.
Próximos passos
A Base Nacional Comum da
Formação de Professores da Educação Básica será encaminhada ao Conselho
Nacional de Educação (CNE) e passará por discussão antes de ser aprovada.
Depois, terá que ser homologada pelo MEC para que passe a ter vigência. A
partir do documento, as instituições de ensino terão que elaborar os próprios
currículos e formar os professores que serão responsáveis por formar os futuros
docentes.
Histórico
A Base Nacional Comum da
Formação de Professores da Educação Básica faz parte de uma série de mudanças
que deverão ocorrer desde o ensino infantil até o ensino médio do Brasil. No
fim do ano passado, o MEC homologou a Base Nacional Comum Curricular do ensino
infantil e fundamental. O documento estabelece o mínimo que deve ser ensinado
em todas as escolas do país, públicas e particulares.
No início deste mês, o
Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou a Base Nacional Comum Curricular do
ensino médio, que deve ser homologada nos próximos dias pelo MEC. [LINK:
De acordo com o MEC, a base
para a formação dos professores pretende adequar o que é ensinado nas
universidades ao que os novos docentes deverão aplicar nas salas de aula. A
nova base deverá conversar com resolução aprovada também pelo CNE e homologada
pelo MEC em 2015. Entre outras coisas, a resolução estabelece que a formação
dos professores será mais longa e mais voltada à prática em sala de aula.
Agência Brasil
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