Gilmar Mendes diz que PGR perdeu credibilidade e que Bolsonaro pode ajudar.
O ministro Gilmar Mendes, do
Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que a Procuradoria-Geral da República
(PGR) perdeu credibilidade e que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) tem a
oportunidade de indicar alguém que restabeleça isso, numa referência à escolha
do próximo procurador-geral da República, que assumirá em setembro. A atual
procuradora-geral, Raquel Dodge, cujo mandato
de dois anos está perto do fim, tenta a recondução.
Gilmar disse ainda que, ao
que tudo indica, havia uma "organização criminosa" no Ministério
Público. As declarações foram uma reação a revelações feitas pelo jornal El
País em parceria com o site The Intercept Brasil de que procuradores da
Operação Lava Jato em Curitiba tentaram coletar informações contra Gilmar na
Suíça para afastá-lo de processos no STF e até mesmo conseguir
seu impeachment. Gilmar voltou a dizer que esta é a maior crise no sistema
judicial brasileiro desde a redemocratização, atingindo em especial a Justiça
Federal e a PGR.
"As duas instituições
estão sendo muito comprometidas nesse episódio. Seja pelo jogo de combinação,
pelas decisões malfeitas, pela má elaboração de peças, por essas atitudes criminosas.
Então essas instituições estão se saindo muito mal. Agora o presidente da
República tem a oportunidade de indicar alguém com o compromisso de
restabelecer, de dar credibilidade à instituição, porque ela perdeu",
disse Gilmar.
Segundo a reportagem, os
procuradores tentavam obter um elo entre Gilmar e Paulo Vieira de Souza, o
Paulo Preto, apontado como operador do PSDB em esquema de corrupção em São Paulo. No STF, o ministro
deu algumas decisões favoráveis a Paulo, mandando inclusive libertá-lo da
prisão.
"Eu acho que está na
hora de a Procuradoria tomar providências em relação a isso. Tudo indica, e eu
acho que na medida que os fatos vão sendo revelados, que nós tínhamos uma organização
criminosa para investigar. Portanto, vocês imaginem. Eles partem de ilações
absolutamente irresponsáveis. Eu não sei quem é Paulo Preto, nunca o vi. Eles
dizem que trabalhou ao meu lado no Palácio do Planalto. Nunca o vi",
afirmou o ministro.
Ele afirmou que o episódio
revelado agora será analisado pelo ministro Alexandre de Moraes, relator de
inquérito aberto na Corte para investigar críticas, ataques e ameaças ao STF e
seus integrantes.
"A mim me parece que
realmente isto é a revelação de um quadro de desmando completo. Revela a gestão
da PGR e certamente nós vamos ter ainda surpresas muito mais desagradáveis.
Temos que reconhecer, as organizações Tabajara estavam também comandando esse
grupo", concluiu Gilmar.
IG
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