Senado aprova projeto de lei da cessão onerosa.
O Senado aprovou em
plenário, no início da noite desta terça-feira (15), o Projeto de Lei (PL)
5478/2019, conhecido como PL da Cessão Onerosa. O PL define o rateio entre
estados e municípios de parte dos recursos do leilão de petróleo dos excedentes
de barris de petróleo do pré-sal, a ser realizado no próximo dia 6 de novembro.
A votação no plenário foi
nominal. Sessenta e oito senadores votaram a favor do projeto; nenhum votou
contra. O texto segue para sanção presidencial.
Conforme aprovado pelos
senadores, dos R$ 106,56 bilhões que serão pagos pelo bônus de assinatura do
leilão do excedente da cessão onerosa, R$ 33,6 bilhões ficarão com a Petrobras
em razão de acordo com a União para que as áreas sob seu direito de exploração
possam ser licitadas.
Do restante (R$ 72,9
bilhões), 15% ficarão com estados, 15% com os municípios e 3% com o Rio de
Janeiro, estado produtor. Antes de ir para o Senado, o PL foi aprovado no
plenário da Câmara no início de outubro. Hoje pela manhã o tema foi discutido
na Comissão de Assuntos Econômicos, quando foi aprovado por unanimidade.
Os senadores firmaram um
acordo para aprovar o PL como veio da Câmara. Mesmo concordando com a
aprovação, os senadores dos estados nordestinos não ficaram plenamente
satisfeitos com o valor firmado. Eles esperavam que a forma de divisão do bônus
de assinatura atendesse apenas as regras do Fundo de Participação dos Estados
(FPE) e Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que beneficiam o repasse de
recursos aos estados e municípios mais pobres, concentrados majoritariamente no
norte e nordeste do país.
O uso apenas das regras do
FPE e do FPM era previsto em um Projeto de Emenda Constitucional (PEC) aprovado
no Senado, mas que não avançou na Câmara, sob críticas dos senadores do norte e
nordeste.
Já o PL aprovado hoje
estabelece a divisão dos recursos aos estados da seguinte forma: dois terços
conforme os critérios do FPE e um terço seguindo as regras do Fundo de
Exportação e da Lei Kandir – que beneficiam os estados exportadores. Em relação
aos municípios, no entanto, o rateio seguirá os critérios do FPM.
“Estamos deixando de ganhar.
Mas deixando de ganhar algo que não pertencia aos estados e municípios
diretamente. Estamos votando algo que é possível do ponto de vista político.
Nós recebemos um apelo de todos os prefeitos do Brasil, que estão ansiosos por
esses recursos, que vão ajudar no investimento dos municípios”, disse o senador
Eduardo Braga (MDB-AM).
Randolfe Rodrigues (Rede-AP)
enfatizou que votou favoravelmente ao texto base do PL “em nome dos municípios
e estados brasileiros, em que pese, no andamento desse projeto, ter havido uma
garfada nos estados do norte e nordeste principalmente”.
Contrato
Firmado entre a Petrobras e
a União em 2010, o contrato de cessão onerosa garantia à estatal explorar 5
bilhões de barris de petróleo em áreas do pré-sal pelo prazo de 40 anos. Em
troca, a empresa antecipou o pagamento de R$ 74,8 bilhões ao governo. Os
excedentes são os volumes descobertos de petróleo que ultrapassam os 5 bilhões
de barris inicialmente estipulados e, segundo estimativas, podem chegar a 15
milhões de barris de óleo equivalente. Desde 2013, o governo vem negociando um
aditivo do contrato, depois que a Petrobras pediu ajustes, devido à
desvalorização do preço do barril de petróleo no mercado internacional.
Por Marcelo Brandão -
Repórter da Agência Brasil
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