Especialistas analisam primeiro dia do ENEM 2019.
Prova
chamou atenção por não citar ditadura militar, mas temas como direitos humanos
e distribuição de renda marcaram presença.
Ao fim do primeiro dia de
aplicação do ENEM 2019, o que se viu foi uma prova próxima ao padrão dos
últimos anos, cobrando vários dos temas que os estudantes se acostumaram a
esperar do ENEM, como desigualdade social e direitos humanos.
“Embora o assunto ‘ditadura
militar’ tenha sido deixado de lado pela primeira vez desde 2009, não se pode
afirmar que a prova abandonou os temas progressistas. Houve itens sobre padrões
de beleza, respeito aos direitos humanos na comunicação, violência doméstica,
bullying, refugiados, liberdade religiosa e distribuição de renda, por
exemplo”, afirma Cícero Gomes, da Evolucional, startup de educação baseada em
evidências que realiza simulados modelo ENEM.
Quanto ao nível de
dificuldade dos itens, profissionais da Evolucional que fizeram a prova afirmam
que ela estava um pouco mais fácil do que em anos anteriores. De acordo com a
equipe da Evolucional, os itens de Ciências Humanas estavam mais curtos e
diretos, de forma geral, enquanto os de Linguagens e Códigos pareceram menos
ambíguos do que em edições recentes. Também chamou atenção o menor número de
itens de Linguagens e Códigos baseados em tiras de quadrinhos, que costumam
aparecer com frequência na prova.
“Na prova de Ciências
Humanas, observamos a continuação de duas tendências de anos recentes: os itens
de Filosofia estão bastante conteudistas, fugindo ao modelo interpretativo dos
primeiros anos do ENEM, enquanto os itens de Geografia dão um destaque à
Geografia física”, explica Cícero.
Quanto à prova de Redação, o
especialista afirma ter achado a proposta “Democratização do Acesso ao Cinema
no Brasil” pouco previsível, mas, ainda assim, dentro dos padrões da prova: “os
temas de redação sempre se referem a questões sociais presentes no Brasil, o
que foi novamente o caso neste ano. Embora quase ninguém tenha apostado em
‘democratização do cinema’, muito se discutiu a questão do acesso à cultura em
2019. Além disso, a polêmica envolvendo a Ancine levou muitos professores a
falar sobre a importância da produção audiovisual no país”.
Por Nyldo Moreira
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