Ano bissexto: nascimento no dia 29 exige registro na data certa. 2020 é o 504º ano com 366 dias da Era Cristã.
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Independentemente de ser um
ano bom ou ruim, 2020 vai demorar mais a passar. O ano é bissexto, tem 366
dias, o dia 29 de fevereiro a mais, excepcionalmente. Um fenômeno que ocorre,
de quatro em quatro anos, pela quingentésima quarta (504ª) vez na Era Cristã,
mas ainda provoca curiosidade, causa brincadeiras e vira pauta de matéria.
O ano bissexto foi criado
pelos romanos na época do imperador Júlio César para adequar o calendário ao
tempo que a Terra leva para dar uma volta completa em torno do Sol. A
translação (volta ao redor do Sol) não é feita em exatos 365 dias, mas sim em
365 dias, cinco horas, 48 minutos e 46 segundos. Essa fração de tempo é
arredondada para seis horas e é compensada no ano bissexto, já que seis horas,
em quatro anos, são 24 horas, ou seja, mais um dia.
“Um dia a mais é uma
compensação humana para as exigências da natureza, relativa ao movimento de
translação da Terra que produz as estações do ano. Convencionou-se o acréscimo
de um dia ao mês de fevereiro, sendo o 29º dia, auge do inverno no Hemisfério Norte
e do verão no Hemisfério Sul”, explica a jornalista e astróloga Aline Maccari
que mantém site na internet para falar de signos, mitologias e até psicologia
junguiana.
Segundo ela, a década que se
inicia com a repetição de dois números (2020) num ano bissexto aumenta a
mística e torna o ano “ainda mais exótico”, mas não merece predições negativas.
“O ano contendo 366 dias pode ser, para alguns, sinal de mau agouro, por
terminar em 66, faltando apenas mais um 6 para que se tenha o número da chamada
besta: 666. Uma tolice sem tamanho que não corresponde nem à realidade ao nosso
redor, nem à realidade psíquica profunda, a não ser que queiramos reviver as
nossas mais obscuras e inúteis superstições”, critica.
Aniversário em 29/2
A astróloga assinala que é “curioso
imaginar que diante de tais ajustes [de calendário] podemos ter mais
aniversários e acontecimentos piscianos neste ano e a sua supressão nos
demais”. A data de 29 de fevereiro sempre mereceu brincadeiras de amigos e
familiares do veterinário brasiliense Otaviano Pietricovsky de Oliveira, 55
anos. “Tive meu primeiro filho com 28 anos. Ele dizia que foi com sete anos. E
a partir de um determinado momento, falava que ia ficar mais velho que eu”,
conta. A brincadeira do filho era dividir a idade do pai por quatro, visto que
a data só entra na “folhinha” a cada quatro anos.
Também de zombaria, os
colegas de infância da auxiliar de enfermagem Vilma Mattos Sousa, gostavam de
dizer: “a gente tem a data na folhinha, mas você não tem”, recorda-se hoje com
59 anos e moradora em São Vicente (SP). Com passar dos anos, as brincadeiras
vinham nos cartões de aniversário. “Eu recebia cartão escrito ‘28 ou 29 de
fevereiro’ na data. Sempre levei isso na esportiva”.
“Eu lembro ter chorado e
falado para a minha mãe que meus amigos iam me ultrapassar”, conta o argentino
Miguel Ángel Gómez, 43 anos, casado com uma brasileira na província de Santa Fé
(Argentina). Sem nenhum trauma infantil, Miguel tirou proveito, na vida adulta,
de nascer em um dia que na maioria das vezes não está no calendário. “Quando
não tem [o dia 29] e dava para fazer mais festa, comemorava dois dias: a noite
do 28 e no dia 1º, e recebia presentes a semana toda.”
Signo e lei
Miguel, Vilma e Otaviano e
todos os nascidos em 29 de fevereiro são do signo de Peixes. De acordo com a
astróloga Aline Maccari, o signo “guarda em si a narrativa do final, sendo o
signo relacionado ao auge da evolução espiritual, ao fim da vida física, à
velhice, sabedoria, a morte, o desencarne ou a conclusão de outros ciclos, como
o término de um relacionamento ou mesmo de um projeto profissional. Se a vida
dos piscianos já tem qualquer coisa de fantástica, uma vez que são regidos por
Netuno, o deus das profundezas inconscientes, nascer no dia 29 de fevereiro
contribui para mais uma informação sui generis a respeito do sujeito”.
Apesar de 29 de fevereiro
ser mais episódico que os demais dias do calendário, as pessoas nascidas nesta
data devem ter o dia exato na certidão de nascimento, feita a partir da
Declaração de Nascido Vivo (DNV), emitida por profissional de saúde responsável
pelo acompanhamento da gestação, do parto ou do recém-nascido, inscrito no
Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde - CNES ou no respectivo Conselho
profissional.
Conforme a Lei nº
12.662/2012, a DNV deverá conter nome e prenome do indivíduo; sexo, dia, mês,
ano, hora e município de nascimento. “Se a data for alterada é falsidade
ideológica”, informa Paulo Henrique de Araújo, diretor de registro civil da
Associação dos Notários e Registradores do Distrito Federal.
Por Gilberto Costa – Repórter
da Agência Brasil
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