Moradora da Grande Natal recebe pacote com sementes misteriosas: 'Nem abri'.
Sementes foram recebidas por Cláudia - Foto: Cedida |
Professora de 48 anos de Ceará-Mirim havia comprado máscaras em um site, mas recebeu sementes na entrega. Sementes misteriosas já aparecem em outros 22 estados e no Distrito Federal.
Uma moradora de Ceará-Mirim,
na Região Metropolitana de Natal, foi mais uma a receber um pacote com sementes
misteriosas que não comprou. O produto foi entregue na casa dela, assim como
tem acontecido nos últimos dias com pessoas de 23 estados brasileiros, além do
Distrito Federal.
A professora Cláudia Maria
Lopes, de 48 anos, havia comprado, há cerca de cinco meses, máscaras de
proteção em um site estrangeiro. Foi a primeira vez naquela loja. Os produtos,
no entanto, não chegaram.
No dia 28 de setembro, ela
foi surpreendida com a entrega e sentiu a diferença de peso logo no pacote, que
estava mais leve e menor do que a encomenda pedida. "Quando eu abri, tinha
esse pacotinho. Eu não lembrava de ter pedido semente nenhuma. Só se eu tivesse
clicado errado no link, o que eu não fiz".
Ao entrar em casa com o
pacote e comentar com os familiares, ela foi alertada pelo filho. "Ele me
avisou que estava passando na televisão uma matéria de várias pessoas que
tinham recebido essas sementes".
Assim, Cláudia entrou em
contato com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) na
sexta-feira (2) para relatar mais um caso e vai entregar o pacote nesta semana
ao órgão. Enquanto isso, ela segue as recomendações de não abrir o pacote.
"Nem parecem ser sementes. Parecem ser besourinhos, uns bichinhos. Nem
abri. Está no pacotinho".
A professora disse que não
teve medo de ter recebido as sementes, mas foi cautelosa. "Nessa época de
pandemia, como a gente higieniza tudo. Eu não passei nada nela, mas depois que
eu peguei, eu fui higienizar minhas mãos e deixei ela guardadinha".
Ela cita a importância de relatar os casos para contabilização e conscientização das pessoas. "Tem pessoas que não têm esse esclarecimento e podem jogar fora ou até plantar". Cláudia disse que não entrou mais em contato com a empresa, pois ela já relatava o atraso na entrega, através do canal de comunicação, e não recebia respostas.
O Laboratório Federal de
Defesa Agropecuária (LFDA) de Goiânia, referência no país, está analisando as
amostras de sementes desde segunda-feira passada. Os profissionais devem
analisar mais de 140 pacotes recebidos no Brasil.
23 estados brasileiros já
receberam
O Ministério da Agricultura
informou na sexta-feira (2) que aumentou de 17 para 23 o número de estados com
casos de recebimento de pacotes de sementes não solicitadas, além do Distrito
Federal. O ministério afirma ainda que já recebeu 199 amostras, e que elas
vieram de países asiáticos como China e Malásia e da região administrativa
chinesa Hong Kong.
A Embaixada da China no
Brasil negou que pacotes de sementes misteriosas que chegaram a estados
brasileiros nas últimas semanas tenham vindo daquele país. E disse estar
disposta a cooperar com a investigação das autoridades brasileiras. Mas, no
último dia 18, os chineses já haviam afirmado que uma verificação preliminar do
China Post, os Correios do país, constatou que as etiquetas de postagem
apresentam indícios de fraude.
Suspeita de fraude
Nos Estados Unidos, onde os
pacotes também chegaram, o Departamento de Agricultura (USDA, em inglês)
trabalha com a possibilidade de que as encomendas indesejadas estejam
relacionadas a uma fraude conhecida como "brushing". O
"brushing" é, essencialmente, o envio de mercadorias não solicitadas
com o objetivo de registrar compras falsas. A semente, no caso, apenas cumpre a
finalidade de não deixar o pacote vazio.
Recebi as sementes: o que
fazer?
O Ministério da Agricultura
brasileiro reforça para que a população tenha cuidado e não abra os pacotes de
sementes, seja qual for o país de origem. Também pede para que o produto não
seja jogado no lixo. Segundo o órgão, a entrada de sementes no Brasil só pode
ser originária de fornecedores de países com os quais o Mapa já tenha
estabelecido os requisitos fitossanitários.
Antes de autorizar a
importação da semente de determinado país, é realizado análise de risco de
pragas que podem ser introduzidas por aquelas sementes, já que podem facilitar
a entrada de pragas e doenças erradicadas no país. "A partir disso, ficam
estabelecidas medidas fitossanitárias a serem cumpridas no país de origem para
minimizar o risco de introdução de novas pragas no Brasil por meio da
importação desse material", explica o Mapa.
Por Leonardo Erys, G1 RN
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