Palestrantes falam do desmonte na assistência social e destacam papel o MP para a efetivação do SUAS.
Os cortes orçamentários e o
papel do Ministério Público para fortalecer o Sistema Único de Assistência
Social (SUAS) no País foram algumas das principais ideias defendidas pelos
palestrantes do webinário “O MP e a implementação do SUAS”, promovido pelo Núcleo
de Políticas Públicas (NPP) e pelo Centro de Estudos e Aperfeiçoamento
Funcional (Ceaf) do Ministério Público da Paraíba, na tarde desta quinta-feira
(29/10).
Segundo a secretária de
Assistência Social do município de Picuí, Keiles Lucena de Macedo, o Brasil
sofreu um déficit de R$ 2,3 bilhões nos repasses para a área de assistência
social e um corte de quase 50% nos serviços de proteção ofertados à população.
Ela criticou a Emenda Constitucional 95/2016, que limita por 20 anos os gastos
públicos, e destacou que essa situação é um grande desafio para os gestores da
área. “Sabemos da luta que travamos com nossos usuários. É necessário que
tenhamos parceiros, em especial o Ministério Público, para denunciar esse
desmonte do SUAS, que vem acontecendo todos os dias”, disse.
Além de Keiles, também
ministraram palestras a assistente social e a promotora de Justiça do
Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), Daniele Beatriz Manfrini e Lia
Nara Dalmutt, respectivamente.
Daniele falou sobre a
historicidade do assistencialismo no Brasil e destacou que a Constituição
Federal de 1988 trouxe a assistência social como um direito, exigindo do Estado
políticas públicas para a sua efetivação. Ela abordou informações técnicas
sobre o funcionamento do SUAS e apresentou os marcos jurídicos e normativos
ocorridos entre 1988 e 2012 para a construção do sistema (Lei 8.742/93,
modificada pela Lei 12.435/11 e resoluções do Conselho Nacional de Assistência
Social, o CNAS, como a 145/2004, 269/2006 e 109/2009, por exemplo).
Também destacou o aumento do
público da assistência social durante a pandemia da covid-19 e a importância de
políticas e serviços socioassistenciais no momento atual. Falou sobre a
organização territorial do SUAS, da importância dos conselhos de direitos para
o controle social do sistema e da judicialização da assistência social.
Atuação intersetorial e
horizontal
A promotora de Justiça do
MPSC, por sua vez, defendeu a importância da intersetorialidade, do trabalho em
rede e da atuação horizontal entre as instituições. Ela reconheceu as
dificuldades que os operadores do Direito enfrentam em relação a conceitos
sobre o SUAS. “Tratar desse tema para nós, promotores de Justiça, é um desafio
porque isso demanda conhecimentos técnicos. Essa troca interdisciplinar
fortalece o trabalho das promotorias de Justiça e esse conhecimento traz
resolutividade e efetividade às ações extrajudiciais”, disse.
Ela destacou o artigo 131 da
Lei Orgânica da Assistência Social, que diz que cabe ao Ministério Público
zelar pelo seu cumprimento, legitimando a instituição a buscar a implementação
da rede e do sistema, bem como o funcionamento dos serviços socioassistenciais,
para que todos tenham atendimento qualificado.
Lia também falou do trabalho
desenvolvido pelo MP em Santa Catarina nessa área, destacando um projeto
estratégico que será lançado em breve para apoiar as promotorias de Justiça a
realizarem um trabalho de fortalecimento do SUAS nos municípios, a partir de
diagnósticos sobre a assistência social que será feito pelo Centro de Apoio
Operacional.
O webinário foi realizado
pela Plataforma Zoom, com transmissão simultânea pelo canal do Núcleo de Ensino
a Distância (Nead/Ceaf) no YouTube, tendo recebido mais de 130 inscrições. O
evento destinado a membros e servidores do Ministério Público, gestores e
profissionais da assistência social foi apresentado pelo coordenador do NPP, o
procurador de Justiça Valberto Lira, e mediado pela presidenta do Conselho
Regional de Serviço Social da Paraíba, Raquel Alvarenga.
Com Ascom/MPPB
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