Câncer de pênis ainda é pouco conhecido. *Dr. Marco Lipay.
Segundo o INCA (Instituto
Nacional do Câncer), em 2018, 454 homens morreram no Brasil em razão do câncer
de pênis. Esse tumor representa 2% de todos os cânceres no sexo masculino, com
maior incidência nas regiões Norte e Nordeste. Segundo a American Cancer
Society, ocorrerão 2.200 novos casos e 440 mortes por câncer de pênis nos
Estados Unidos em 2020.
A causa do câncer de pênis
não é conhecida e não existem exames de rastreamento para o diagnóstico
precoce; mas muitos destes cânceres podem ser diagnosticados em estágios
iniciais e, assim, evitar metástases (doença em qualquer parte do corpo).
Normalmente, a maioria dos cânceres penianos começa na glande ou na pele do
pênis. As lesões que começam sob o prepúcio podem não ser identificadas no seu
início, especialmente se um homem tem fimose.
Os homens devem procurar um
médico em casos de lesões (dolorosas ou não) na glande, prepúcio ou pele do
pênis. Os primeiros sinais de câncer peniano podem incluir: feridas, manchas
(brancas ou vermelhas), pele espessada, secreções com ou sem odor, úlceras que
podem sangrar, crostas, caroços no pênis e/ou gânglios inguinais (ínguas na
virilha). Lesões que persistam por mais de quatro semanas devem ser examinadas
por um médico.
A maioria das lesões no
pênis não é maligna, mas podem ser causadas por uma infecção ou outras doenças
que precisam ser tratadas. Na hipótese de um câncer ser diagnosticado
precocemente, muitas vezes é removido com pouco ou nenhum dano; mas se for
diagnosticado tardiamente, parte ou todo o pênis poderá ser removido. Em
situações mais avançadas, até o escroto pode ser extraído como forma de
tratamento. Cânceres avançados geralmente são invasivos e até fatais.
Segundo o INCA e o
Ministério da Saúde, os fatores de risco que aumentam as chances de desenvolver
a neoplasia peniana são: baixas condições socioeconômicas e de instrução,
higiene íntima precária, prepúcio estreito, homens que não foram submetidos à
circuncisão (remoção do prepúcio, a pele que reveste a glande - a
"cabeça" do pênis) e o HPV (papiloma vírus humano). Existem estudos
que sugerem associação entre infecção pelo vírus HPV e o câncer de pênis.
O diagnóstico inicia-se no
consultório, após uma consulta médica com o exame do pênis, escroto e virilha.
Diante de uma lesão sugestiva de câncer, o médico indica uma biópsia (retirada
de fragmento do tecido) que será analisada para finalizar o diagnóstico. Após
receber o diagnóstico do câncer, o paciente poderá ser submetido a exames de
imagem como: Raio-x, Ultrassom, Tomografia e Ressonância, dependendo dos
achados clínicos, visando dimensionar a extensão da doença (estadiamento).
A cirurgia é a primeira
opção de tratamento e, muitas vezes, é eficaz em estágios iniciais; mas quando
a neoplasia está avançada será necessário, além da cirurgia, submeter o
paciente a radioterapia e quimioterapia. E diante da necessidade de amputação
parcial ou total do pênis, o homem fatalmente apresentará consequências
físicas, sexuais e psicológicas.
O melhor tratamento é a
prevenção e, portanto, recomenda-se a higiene diária dos genitais externos com
água e sabão, bem como após o ato sexual e/ou masturbações. Outras medidas
também são sugeridas, como: não fumar, submeter-se à cirurgia da fimose (quando
o prepúcio for estreito e/ou não expor a glande), fazer uso de preservativos,
além de receber a vacina do HPV, quando indicada. Na dúvida, consulte o seu
Urologista.
* Dr. Marco Aurélio Lipay é
Doutor em Cirurgia (Urologia) pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo),
Titular em Urologia pela Sociedade Brasileira de Urologia, Membro
Correspondente da Associação Americana e Latino Americano de Urologia e Autor
do Livro "Genética Oncológica Aplicada à Urologia".
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