Novas cepas da Covid-19 acendem alerta mesmo após vacinação.
Breno Esaki - Agência Brasília
Especialistas lembram que a
imunidade da Covid-19 pode demorar semanas após a imunização e ainda não há
garantia total de proteção contra novas cepas, o que ressalta necessidade de
protocolos habituais da pandemia.
O início da vacinação no
País trouxe esperança para os brasileiros que viram o cenário da pandemia se
agravar em 2021, com a segunda onda de contaminações e óbitos em decorrência da
Covid-19. Porém, fatores como o surgimento de novas cepas da doença e a circulação
cada vez maior de pessoas trazem o alerta de que a aplicação das doses não é
garantia de total proteção.
Especialistas ressaltam que
é preciso manter os cuidados que são recomendados desde o começo da pandemia,
mesmo após a vacinação. A infectologista do Hospital Santa Marta, Fabíola
Setúbal, explica que quanto mais o vírus se replica, ou seja, se multiplica,
sendo passado de pessoa para pessoa, maior a chance de haver acúmulo de
mutações. Essas mudanças no formato original do novo coronavírus são
preocupações da comunidade científica.
“As vacinas que temos
disponíveis hoje se utilizaram da cepa do início da pandemia. Portanto, é muito
precoce afirmar qualquer coisa com relação a eficácia das mesmas. Mas, sim, é
possível que uma nova cepa possa escapar das vacinas que são utilizadas
atualmente”, afirma Fabíola.
Outro fator que reforça essa
necessidade é o tempo até que o sistema crie anticorpos neutralizantes contra a
entrada do vírus nas células. Segundo o Instituto Butantan, que atua no
desenvolvimento da CoronaVac, são necessárias, em média, duas semanas após a
segunda dose para que a pessoa esteja protegida. A infectologista pontua que,
diante dessas informações, hoje é essencial manter os cuidados que já são
comprovados cientificamente como eficazes contra a Covid-19.
“Desde o início da pandemia,
houve modificação de várias orientações acerca do tratamento do coronavírus.
Por exemplo, no início se falava muito sobre algumas drogas como cloroquina,
azitromicina, e, ao longo da pandemia, os estudos mostraram que elas não
tiveram eficácia no tratamento. Mas o que não mudou foi a importância das
medidas de prevenção contra o vírus, que são as mesmas. Não formar
aglomerações, uso contínuo da máscara, utilização de álcool em gel ou
higienização das mãos com água e sabão de forma regular”, exemplifica.
Conscientização
A fisioterapeuta Francilayne
de Araújo tomou a segunda dose da imunização contra o novo coronavírus em 19
fevereiro, mas sabe que essa é apenas uma das proteções necessárias. “Mesmo depois
de tomar a vacina, sigo tomando todos os cuidados que estão sendo recomendados
a bastante tempo. A pandemia não acabou, o vírus não saiu de circulação. O fato
de estar vacinada não garante que eu esteja completamente livre de contrair o
coronavírus, a vacina é uma prevenção para evitar que o quadro se agrave”,
lembra.
O exemplo também é seguido
por Luís Felipe Gonçalves, enfermeiro residente. “Estava muito ansioso para
tomar a vacina, tomei a primeira dose em janeiro. Mas, mesmo depois de
vacinado, sigo tomando os mesmos cuidados. É importante ter em mente a
importância da continuidade das orientações que já eram informadas”, diz.
Variantes
As novas variantes do
Sars-CoV-2 foram identificadas pela primeira vez no Reino Unido (B.1.1.7),
África do Sul (B.1.351) e Brasil (P.1), gerando preocupação nas autoridades de
saúde, pois as principais características dessas cepas ainda são analisadas. A
possibilidade de que essas variantes sejam mais transmissíveis e letais é um
alerta observado.
Segundo o Ministério da
Saúde, foram notificados 173 casos confirmados da variante P1, de Manaus, em 5
estados: Amazonas, Pará, São Paulo, Roraima e Ceará. A variante do Reino Unido
foi identificada em 3 unidades da federação: São Paulo, Distrito Federal e Rio
de Janeiro. Ainda não há registro da circulação da variante Sul-africana no
Brasil.
Fonte: Brasil 61 -
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